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IA no deserto: Chile tenta equilibrar tecnologia e meio ambiente

by Fesouza
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O Chile está se tornando um exemplo de como os países emergentes tentam encontrar seu lugar na corrida global da inteligência artificial.

Segundo o The New York Times, em um cenário que mistura ambição tecnológica e preocupação ambiental, o governo chileno aposta na IA como motor de crescimento econômico, mas enfrenta forte resistência popular por causa dos impactos ambientais e sociais que a expansão de data centers pode provocar no país.

IA no deserto: Chile tenta equilibrar tecnologia e meio ambiente
O governo chileno está pensando em incentivar a implementação de data centers de IA no norte do país, próximo ao deserto do Atacama. Imagem: reprodução/redes sociais

Problemas ambientais podem impedir os investimentos

Enquanto pesquisadores correm para criar modelos de IA que representem corretamente a cultura latino-americana, comunidades protestam contra gigantes da tecnologia, como Google e Amazon, acusando-as de consumir recursos hídricos em regiões já afetadas pela seca.

Em Santiago, por exemplo, a pressão popular levou o Google a desistir de construir um segundo data center na capital chilena.

[A IA] está se tornando um novo tipo de fetichismo. Os data centers estão tendo prioridade sobre a população.

Rodrigo Cavieres, integrante do Movimento Comunitário Socioambiental pela Água e Terra, ao The New York Times.

IA no deserto: Chile tenta equilibrar tecnologia e meio ambiente
As discussões refletem uma realidade global, com os governos buscando formas de equilibrar investimentos, pressão ambiental e reação pública. Imagem: chayanuphol/Shutterstock

Discussões acontecem em diversos países

O dilema reflete uma realidade global. Dos Emirados Árabes Unidos à Holanda — passando, inclusive, pelo Brasil — os governos enfrentam dificuldades para equilibrar investimentos, pressão ambiental e reação pública. Países que não investirem em IA correm o risco de ficar para trás, mas o custo ambiental pode ser muito alto.

“Estamos nos tornando m armazém de inteligência artificial para o mundo”, acredita o ativista Rodrigo Vallejos, que luta pela preservação do pântano de Quilicura, hoje quase seco após a instalação de um data center do Google.

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O governo do presidente Gabriel Boric tenta equilibrar os interesses com o lançamento de uma estratégia para descentralizar os centros, levando-os para o norte do país, especialmente para Antofagasta — uma região rica em energia solar. A ideia é reduzir o consumo de água em Santiago e criar oportunidades tecnológicas em outras áreas.

Mesmo assim, a proposta encontra críticos. Ambientalistas alertam para os riscos à biodiversidade do deserto do Atacama, enquanto parte da população entende que a medida pode atrair multinacionais sem garantir contrapartidas sociais.

Leite NotCo
A chilena NotCo utiliza a inteligência artificial para criar seus produtos à base de plantas, como o leite vegetal NotMilk. Foto: NotCo

Iniciativas mostram o potencial do Chile

Ainda assim, iniciativas como a da startup NotCo — empresa que utiliza inteligência artificial para criar produtos à base de plantas que imitam os de origem animal — demonstram como o Chile pode transformar inovação em impacto positivo.

Pontos-chave da estratégia chilena para a IA

  • Descentralização: transferência de data centers de Santiago para o norte do país.
  • Inspiração astronômica: reservar parte da infraestrutura para universidades e startups locais.
  • Uso de energia solar: foco em regiões com alta capacidade de geração limpa.
  • Preservação ambiental: tentativa de reduzir o impacto sobre recursos hídricos.
  • Incentivo à inovação local: apoio a empresas que usem IA de forma sustentável, como a NotCo.

O momento em que você perde a capacidade de entender ou construir sua própria máquina é o momento em que você perde o controle do futuro.

Aisén Etcheverry, ex-ministra da Ciência, ao The New York Times.

É dessa forma que o Chile procura se firmar como um polo de inteligência artificial. Se conseguirá equilibrar o desenvolvimento tecnológico com a proteção ambiental ainda é uma incógnita — mas, ao menos, existe uma discussão em andamento sobre os riscos e benefícios de abraçar a tecnologia.

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