Iguanas “invasoras” foram poupadas da extinção: descoberta genética muda tudo

As iguanas de Clarion Island, no México, estavam prestes a ser exterminadas sob a acusação de serem uma espécie invasora. No entanto, novas pesquisas genéticas mostraram que esses répteis espinhosos, conhecidos como iguanas-de-cauda-espinhosa (Ctenosaura sp.), na verdade, são nativos do local e chegaram muito antes dos humanos.

A descoberta reverteu a ideia de que teriam sido levadas por embarcações humanas e mudou completamente o entendimento sobre o ecossistema da ilha. As informações dão do IFLScience.

Origem natural das iguanas em Clarion Island

Clarion Island fica a cerca de 700 quilômetros da costa oeste do México e é a mais antiga do Arquipélago Revillagigedo, formado por atividade vulcânica há aproximadamente 5 milhões de anos. Por nunca ter estado conectada ao continente, abriga um ecossistema único, comparável ao das Ilhas Galápagos e do Havaí.

Por décadas, acreditou-se que as iguanas haviam sido introduzidas por humanos, possivelmente transportadas em barcos. Contudo, análises genéticas recentes mostraram que esses animais divergiram de seus parentes no continente há cerca de 425 mil anos, muito antes da chegada dos primeiros humanos à América (estimada em 26 mil anos atrás).

A descoberta reverteu a ideia de que as iguanas teriam sido levadas por embarcações humanas à ilha (Crédito: Charles J. Sharp/Wikimedia commons)

Isso significa que as iguanas chegaram à ilha por meios naturais, provavelmente flutuando em pedaços de madeira ou tapetes de vegetação levados pelas correntes oceânicas.

Mal-entendido que quase levou à extinção

Por terem sido consideradas invasoras, as iguanas estavam sob ameaça de erradicação, o que teria resultado em um erro trágico: a extinção de uma espécie nativa.

O engano começou com a introdução de ovelhas, porcos e coelhos na ilha, animais que devastaram a vegetação local. Com menos plantas, as iguanas se tornaram mais visíveis, levando os observadores a acreditar que estavam “dominando” o ambiente.

A pesquisa revelou que, na verdade, esses répteis apenas sobreviveram às mudanças ecológicas causadas pelos mamíferos introduzidos. A correção científica veio a tempo de salvar a espécie e reforçar a importância de análises genéticas antes de qualquer ação de controle ambiental.

O estudo destaca a importância da pesquisa genética e histórica para a conservação da natureza (Imagem: worldclassphoto – shutterstock)

Lições deixadas pelo caso das iguanas

O estudo, publicado na revista Ecology and Evolution, destaca a importância da pesquisa genética e histórica para a conservação da natureza. Segundo Daniel G. Mulcahy, do Museum für Naturkunde Berlin, compreender com precisão quais espécies realmente pertencem a um ecossistema é essencial para protegê-las de forma eficaz.

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As iguanas de Clarion, que quase foram extintas por engano, agora simbolizam um princípio fundamental da ciência: verificar as evidências antes de agir.

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