Uma missão tripulada da NASA que deveria durar apenas 10 dias acabou se estendendo por cerca de nove meses – com acompanhamento intenso da mídia mundial. Entre junho de 2024 e março deste ano, os astronautas Sunita Williams e Butch Wilmore permaneceram “presos no espaço” porque a cápsula Starliner, da Boeing, apresentou falhas no sistema de propulsão, retornando sozinha à Terra e deixando os dois na Estação Espacial Internacional (ISS) até que fosse possível organizar uma nova forma de trazê-los de volta.
O episódio levou a NASA a rever o contrato firmado com a Boeing em 2014, que previa até seis voos tripulados para transportar astronautas de e para a ISS. Agora, o escopo será reduzido: a Boeing deverá realizar somente quatro missões tripuladas garantidas, enquanto as duas restantes ficarão como opcionais, dependendo da demanda operacional da estação espacial ao longo dos próximos anos.

Em resumo:
- Falhas na cápsula Starliner, da Boeing, estendem missão da NASA muito além do programado;
- Somado a outros problemas, o incidente levou à revisão do contrato da agência com a Boeing;
- Próximo voo da Starliner será sem tripulação para validar atualizações críticas;
- Os planos são ajustados considerando segurança e desativação futura da ISS.
O que mudou no acordo entre a NASA e a Boeing
Como parte dessa reestruturação, a NASA anunciou que a próxima missão da Starliner – prevista para abril de 2026 – ocorrerá sem astronautas. Chamada de Starliner-1, ela levará apenas carga e suprimentos. Segundo a agência, o objetivo é testar em voo as atualizações implementadas desde o conturbado Teste de Voo Tripulado 1, quando as falhas do sistema impediram o retorno de Wilmore e Williams à Terra.
Eles só conseguiram voltar em março de 2025, “de carona” em uma cápsula Dragon, da SpaceX – curiosamente, empresa concorrente da Boeing, que já transporta astronautas da NASA de forma regular desde 2020 e tornou-se peça essencial do programa espacial dos EUA, especialmente diante dos atrasos acumulados pela Starliner durante as fases de desenvolvimento e testes.
Esses atrasos incluem o primeiro voo não tripulado, em 2019, que falhou ao tentar alcançar a ISS, com um novo teste ocorrendo apenas em 2022. O voo tripulado de 2024 também acabou marcado por dificuldades, resultando no longo período extra de Williams e Wilmore no espaço. Desde então, engenheiros da Boeing têm trabalhado intensamente para solucionar os problemas do sistema de propulsão.

De acordo com Steve Stich, gerente do Programa de Tripulação Comercial da NASA, os testes continuam rigorosos e devem prosseguir ao longo de 2026. Ele afirma que a modificação no contrato permite que a agência priorize a certificação segura da Starliner antes de autorizar novas missões com astronautas. A primeira rotação de tripulação só ocorrerá quando a nave estiver totalmente pronta e alinhada às necessidades operacionais da ISS.
Essa reorganização também considera o calendário final da estação espacial. A NASA prevê desativar a ISS em 2030, encerrando mais de três décadas de presença humana contínua no laboratório orbital. Conforme noticiado pelo Olhar Digital, a estrutura de 450 toneladas será guiada para uma reentrada controlada, desintegrando-se sobre o Oceano Pacífico. Os fragmentos restantes devem cair na região conhecida como Ponto Nemo, o “cemitério de espaçonaves” utilizado por várias agências espaciais.
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Astronautas “presos” no espaço: histórias de sobrevivência e resiliência em órbita
Além de Williams e Wilmore, há outros casos de astronautas que ficaram “presos no espaço” – como aconteceu recentemente com os chineses Chen Dong, Chen Zhongrui e Wang Jie, membros da missão Shenzhou-20, que precisaram ficar na estação espacial Tiangong um pouco mais que o planejado.
O que obrigou a permanência dos taikonautas por uma semana além do previsto foi uma possível colisão com lixo espacial que danificou a cápsula de retorno do trio. Mas, não são apenas problemas técnicos nas espaçonaves que mantêm astronautas retidos. Veja outras situações aqui.
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