Inédito: cientistas descobrem minerais de terras raras dentro de planta na China

Pesquisadores da China identificaram pela primeira vez a formação natural de um mineral contendo terras raras dentro de uma planta viva. O estudo, conduzido por cientistas do Instituto de Geoquímica de Guangzhou, revelou a presença de monazita — um mineral altamente valioso — cristalizada em tecidos da samambaia Blechnum orientale. A descoberta pode abrir novas possibilidades para o uso sustentável e direto desses elementos essenciais para a tecnologia moderna. As informações são do portal Interesting Engineering.

Terras raras formadas em condições naturais

A monazita é um mineral rico em elementos como cério, lantânio e neodímio, componentes fundamentais em equipamentos eletrônicos, lasers, emissores de luz, condutores iônicos e sistemas de gerenciamento de resíduos radioativos. Normalmente, sua formação ocorre sob altas pressões e temperaturas elevadas, resultado de processos geológicos demorados.

O que torna a descoberta inédita é o fato de o mineral ter se formado sob condições naturais e em temperatura ambiente — algo até então considerado improvável. Os cientistas destacam que as plantas podem facilitar esse tipo de mineralização, um fenômeno que amplia o entendimento sobre como elementos de terras raras podem ser concentrados e cristalizados de forma biológica.

O que torna a descoberta única é que o mineral se desenvolveu de forma espontânea em ambiente natural e sob temperatura ambiente (Imagem: William Potter/Shutterstock)

Os pesquisadores classificaram o processo como um “sistema auto-organizado fora do equilíbrio”, comparando-o a um “jardim químico”, estrutura formada espontaneamente por reações químicas em soluções minerais.

Potencial do “phytomining” e mineração verde

O estudo também reforça a viabilidade da técnica conhecida como phytomining, ou fitorremediação mineral, um método sustentável que utiliza plantas “hiperacumuladoras” para extrair metais e minerais do solo. Essas espécies têm a capacidade de concentrar metais pesados em níveis centenas de vezes superiores aos encontrados no ambiente ao redor.

De acordo com o estudo, o processo funciona da seguinte maneira:

  • As plantas são cultivadas em solos ricos em metais ou minerais;
  • Elas absorvem os elementos em suas estruturas biológicas;
  • Após a colheita, os minerais podem ser recuperados diretamente da biomassa.

Esse método reduz a dependência de práticas tradicionais de mineração, que frequentemente causam impactos ambientais e envolvem riscos geopolíticos. Segundo o Instituto de Geoquímica de Guangzhou, a descoberta representa um novo caminho para o uso sustentável das terras raras, abrindo espaço para um modelo circular e ecológico de extração e reciclagem simultânea.

As concentrações mais altas desses elementos foram encontradas nas folhas da samambaia (Imagem: wildpixel/iStock)

A pesquisa foi conduzida em parceria com a Virginia Tech, nos Estados Unidos, e analisou amostras de solo e plantas coletadas em depósitos de terras raras na região de Guangzhou. As concentrações mais altas desses elementos foram encontradas nas folhas da samambaia, especialmente nos folíolos (pinna).

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Os cientistas observaram que os minerais se formam nos tecidos extracelulares das plantas — fora das células — como uma forma de impedir a entrada de elementos não nutritivos e promover a desintoxicação. Essa capacidade biológica inédita pode redefinir a maneira como o mundo recupera e utiliza recursos minerais essenciais para a indústria tecnológica.

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