A primeira telecirurgia robótica experimental com internet de baixo custo do mundo foi realizada em João Pessoa, na Paraíba. O experimento se deu em um modelo animal, localizado em Curitiba, no Paraná, a 3.200 km de distância da capital paraibana. O procedimento ocorreu durante a 54ª Convenção Nacional da Unimed.
A telecirurgia utilizou infraestrutura convencional de internet, com custo inferior a 5% do padrão global. A conexão contou com múltiplos provedores e VPN ponto a ponto criptografada, assegurando privacidade e estabilidade. Para viabilizar a iniciativa, foram envolvidos 42 profissionais da medicina, TI e engenharia.
“Esse feito inaugura o conceito da cirurgia digital inclusiva, paradigma que transforma distância em proximidade e tecnologia em ponte entre vidas. Esse, sem dúvida, é um novo avanço para democratizar o conhecimento médico, capacitar equipes e garantir mais segurança e qualidade para os pacientes”, afirmou Gualter Ramalho, responsável pelo Programa Nacional de Cirurgia Robótica e Telecirurgia da Unimed.

Alta performance
O procedimento empregou o robô MP 1000, da Edge Medical, com console médico, braços robóticos, módulo de teleoperação de alta precisão e pinças reutilizáveis, demonstrando que alta performance e segurança são possíveis mesmo com internet compartilhada, reduzindo custos sem comprometer a qualidade, diz a Unimed.
O sistema operou com failover automático, latência média de 45 milissegundos, zero perda de pacotes e largura de banda superior a 100 Mbit/s, superando padrões internacionais. O diferencial do modelo brasileiro está em alcançar alta performance e segurança com infraestrutura de internet compartilhada, reduzindo drasticamente os custos em comparação às redes dedicadas tradicionais, um avanço que comprova a viabilidade da telecirurgia de baixo custo, segundo a empresa.

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Brasil pioneiro
Neste mês, o Brasil registrou outro marco: a primeira telecirurgia robótica não experimental feita inteiramente aqui no país. Mil quilômetros separavam o cirurgião Rafael Ferreira Coelho, urologista do Hospital Nove de Julho, e o paciente Paulo Feijó de Almeida, de 73 anos, no Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre. O procedimento foi realizado para tratar um câncer de próstata, e durou cerca de uma hora.
Na telecirurgia, o cirurgião não precisa estar fisicamente presente na sala operatória: ele comanda o robô a quilômetros de distância, com o auxílio de sistemas de transmissão de dados em altíssima velocidade. O que torna esse procedimento um marco é a precisão. Cada movimento das mãos do médico é reproduzido pelos braços do robô com extrema fidelidade, eliminando tremores e reduzindo riscos.

No centro desse avanço estava o robô Toumai, com atraso entre o comando e a resposta (o chamado delay) inferior a 30 milissegundos — praticamente imperceptível. Esse tipo de tecnologia em cirurgias de câncer de próstata pode reduzir os riscos de disfunção erétil em 25% e os de incontinência urinária, 10%, em relação à cirurgia tradicional, de acordo com um estudo realizado no Hospital das Clínicas da USP.
Apesar dos resultados positivos, o Conitec divulgou, neste mês, um parecer contrário à incorporação de robôs para prostatectomia radical no SUS alegando baixa qualidade de evidências científicas apresentadas até agora e possíveis impactos orçamentários para adquirir o equipamento. Na consulta pública sobre o tema realizada no início do ano, 99% dos participantes apoiaram a integração da tecnologia na rede pública.
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