Investimentos em spyware comercial disparam nos EUA, aponta estudo

Os Estados Unidos foram o país que mais investiu em empresas de desenvolvimento e venda de spyware comercial durante o ano de 2024, mesmo diante das preocupações com a privacidade e os abusos de direitos humanos. É o que aponta um levantamento realizado pelo Atlantic Council, divulgado nesta quarta-feira (10).

Ao longo do ano passado, foram identificados 20 novos investidores baseados no país que direcionaram seus esforços para soluções que possibilitam espionar dispositivos eletrônicos. Dessa forma, os EUA contam, agora, com 31 apoiadores dessas ferramentas, superando nações com histórico na área, entre as quais Itália, Reino Unido e Israel.

Os spywares podem infectar computadores e dispositivos móveis. (Imagem: Getty Images)

O que representa o alto investimento dos EUA em spyware?

De acordo com o relatório, os investidores americanos estão focando em fornecedores de softwares espiões controversos, incluindo empresas israelenses cujos serviços foram usados para violar direitos humanos e comprometer a segurança nacional. Em alguns casos, funcionários do governo americano em países aliados se tornaram alvos.

  • Uma das desenvolvedoras contempladas com os novos aportes é a Paragon, cujo programa malicioso foi usado recentemente na Itália para monitorar defensores dos direitos humanos e membros da sociedade civil;
  • A Saito Tech, responsável pelo spyware Candiru, adicionado à lista restrita do Departamento de Comércio dos EUA em 2021, também recebeu investimentos originados do país no ano passado;
  • O levantamento mostra, ainda, o uso de dinheiro de fundos de pensão, financiados pela população, para apoiar o desenvolvimento de programas de vigilância de diferentes fornecedoras;
  • Além disso, há destaque para os investimentos em revendedores e corretores de spyware, muitos deles desconhecidos, que atuam como intermediários, conectando as empresas a novos clientes.

Como destaca a Wired, alguns dos beneficiados também possuem parcerias com o governo de Donald Trump, como é o caso da Paragon. No início de setembro, a empresa teve seu contrato com o Departamento de Imigração e Alfândega (ICE) reativado depois de um longo período.

Entidades da sociedade civil classificaram a medida como “extremamente preocupante”, afirmando que ela aumenta as preocupações quanto às liberdades civis. Vale lembrar que a agência federal tem sido utilizada em inúmeras operações de busca de imigrantes que vivem ilegalmente no país.

Os spywares podem infectar os dispositivos de diferentes maneiras. (Imagem: Getty Images)

Expansão para novos mercados

Outro detalhe revelado pelo estudo foi a adição de novos países relacionados às atividades de spyware, como Malásia e Panamá. O Japão também foi incluído na lista, curiosamente, mesmo sendo um dos signatários da Declaração Conjunta sobre Esforços para Combater a Proliferação e o Uso Indevido de Spyware Comercial.

“A descoberta de entidades que operam em novas jurisdições, como o Japão, destaca potenciais conflitos de interesse entre os compromissos internacionais e a dinâmica do mercado”, destacou a coautora do levantamento, Sarah Graham, em entrevista, citando a participação do país asiático nos esforços para combater a utilização dessa ferramenta.

O spyware é um tipo de malware que infecta dispositivos silenciosamente, sendo capaz de monitorar as atividades do usuário para roubar informações pessoais e financeiras.

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