Itaú demitiu cerca de mil funcionários por ‘inatividade’ durante o expediente no home office

O Itaú Unibanco demitiu cerca de 1 mil funcionários nesta segunda-feira (9), segundo estimativa do Sindicato dos Bancários. A onda de cortes atingiu diferentes setores e tem como justificativa incompatibilidades entre a marcação de ponto e a atividade registrada nas plataformas de trabalho remoto. Segundo o banco, as horas efetivamente trabalhadas eram menores do que as declaradas.

Em nota, o Itaú afirmou que os desligamentos resultam de “uma revisão criteriosa de condutas relacionadas ao trabalho remoto e registro de jornada”. O banco destacou ainda que, em alguns casos, foram identificados padrões considerados incompatíveis com seus “princípios de confiança, que são inegociáveis”.

O Itaú possui aproximadamente 100 mil funcionários, muitos deles em regime híbrido. Mesmo em home office, é necessário bater ponto de entrada e saída.

O Itaú demitiu cerca de mil funcionários por “inatividade” durante o expediente. (Fonte: Getty Images)

Como o Itaú monitorou a produtividade dos funcionários?

O banco não detalhou quais softwares utiliza para monitorar atividades em home office, mas apuração do jornal Valor indica que o Itaú acompanha métricas como uso de memória do computador, número de cliques, abertura de abas, inclusão de tarefas no sistema, criação de chamados e outras ações registradas em dispositivos fornecidos pelo próprio banco.

Com base na comparação entre esses dados e os registros de ponto, foram encontradas inconsistências que levaram a demissões sem justa causa ou advertências.

Entre os softwares disponíveis no mercado está o xOne, da Arctica Tecnologia, que capta interações do usuário, tempo ocioso, desvios de foco e tráfego de internet. A ferramenta gera uma nota de “comportamento digital” que considera aderência à jornada de trabalho e uso de recursos do computador. Uma publicação da própria Arctica, em agosto, sugere que o Itaú já utilizava a solução para medir eficiência.

A publicação em questão foi editada pela Arctica nesta terça-feira (9).

Vale ressaltar que ferramentas desse tipo só podem ser instaladas em equipamentos corporativos fornecidos pelo empregador, nunca em dispositivos pessoais.

Isso é legal?

O monitoramento de telemetria em ambiente corporativo é prática comum e é considerado legal. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) exige apenas transparência: os funcionários precisam ser informados sobre quais dados são coletados, sua finalidade e como serão tratados.

Demissões não consideraram desempenho real, dizem funcionários

Parte dos demitidos afirma que a decisão do Itaú não levou em conta o desempenho real. Eles alegam que mantinham avaliações positivas e até promoções, mesmo assim foram desligados. Segundo o grupo, o banco não apresentou as métricas de telemetria usadas como justificativa para os cortes.

Outros ex-funcionários, no entanto, admitiram que alguns colegas realmente não se mantinham ativos durante o expediente.

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