Em 2012, o matemático Shinichi Mochizuki divulgou uma teoria tão complexa que apenas 20 especialistas disseram entender. Nomeada de “linguagem alienígena”, a Teoria Interuniversal de Teichmüller (IUT) desafiou matemáticos por mais de uma década, até que o jovem engenheiro Zhou Zhongpeng fez um significante progresso ao compreender e sugerir aplicações do conceito.
Mochizuki tentava resolver a Conjectura abc, um problema antigo na área da teoria dos números — campo da matemática que estuda as propriedades dos números e investiga padrões numéricos com aplicações em criptografia, álgebra e computação.
Essa conjectura foi proposta em 1985 pelos matemáticos Joseph Oesterlé e David Masser. Ela é uma ideia da matemática que envolve três números inteiros positivos: a, b e c, onde a + b = c.
A conjectura propõe que, se os fatores primos de a, b e c (ou seja, os números primos que multiplicados formam esses números, como 2, 3, 5 etc.) forem pequenos e poucos, então c não pode ser muito maior que a e b. Em outras palavras, quanto mais simples forem os “blocos de construção” desses números, mais limitado será o tamanho de c.
A simplicidade de sua formulação contrasta com a profundidade de suas implicações, que se estendem a diversas áreas da teoria dos números, desafiando matemáticos pelo mundo.
O trabalho de Mochizuk ficou popular por confundir a comunidade científica. Seu artigo passa de 2 mil páginas e apresenta símbolos e conceitos inteiramente novos. Isso fez com que, durante anos, a compreensão dessa prova matemática ficasse em suspenso, apenas 20 pesquisadores ao redor do mundo conseguiram engajar com a teoria e escreveram artigos sobre o assunto.

Jovem engenheiro surpreende
Em 2023, Zhou Zhongpeng abandonou o meio acadêmico ao não encontrar um orientador para pesquisar a área pela qual mais se interessa: teoria dos números. Ele seguiu carreira como engenheiro de algoritmos na empresa de tecnologia Huawei, enquanto estudava o IUT durante a noite e nos finais de semana.
No decorrer de cinco meses, o jovem escreveu um artigo detalhado sugerindo refinamentos e novas aplicações da teoria. Ele publicou suas descobertas em parceria com Mochizuk e Ivan Fesenko, matemático especialista em IUT na Universidade de Westlake, na China.
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“Esses artigos são baseados na pesquisa de predecessores; meu trabalho fez apenas algumas pequenas inovações e explorações, e espero contribuir modestamente para o campo relevante”, postou o engenheiro em suas redes sociais.
Os matemáticos ficaram impressionados e Fesenko o convidou para trabalhar com ele em Westlake. Zhou aceitou e agora busca novas aplicações do teorema, que tem potencial em áreas desde criptografia até computação quântica.
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