Os sons inconfundíveis que marcaram a memória dos fãs de Jurassic Park podem ser… uma falácia. É que aquele rugido assustador de criaturas pré-históricas talvez não fosse tão assustador assim. Pelo menos é o que nos faz refletir o projeto Coral de Dinossauros, da Universidade Metodista Meridional (SMU, na sigla em inglês), em Dallas, no Texas.
Criado pela professora Courtney Brown, do Centro de Computação Criativa da SMU, o projeto apresenta crânios de Corythosaurus em tamanho real impressos em 3D, com réplicas completas das passagens nasais ressonantes do dinossauro, integrado a um bico de pato que funciona como antigos instrumentos de sopro.
“Nunca podemos saber com certeza os mecanismos vocais exatos dos dinossauros, então este método permite que os participantes ouçam diferentes hipóteses e reconhece um grau de incerteza científica”, explicou Brown. “Muito se perde com o tempo.”
O tal do coral
Os crânios foram criados a partir de tomografias computadorizadas de fósseis de dinossauros. A professora aprendeu técnicas de reconstrução digital e desenvolveu modelos computacionais baseados nas pesquisas mais recentes em bioacústica e paleontologia.
Segundo a SMU, os instrumentos utilizam modelos bioacústicos sofisticados baseados em equações matemáticas que descrevem as mudanças na pressão do ar e a mecânica das pregas vocais em animais vivos. Esses processos biológicos complexos são traduzidos em código computacional, criando uma síntese sonora em tempo real que responde à interação do usuário.
Um dos modelos vocais é baseado em uma siringe (órgão responsável pela produção e modulação do som) de pomba e outro, de corvo. A abordagem computacional permite alternar entre diferentes modelos instantaneamente durante as apresentações e ajustar parâmetros biológicos, seja o comprimento da traqueia ou propriedades da membrana.
“O modelo da siringe foi escolhido devido às conclusões de pesquisadores que indicaram que a laringe era semelhante à de uma ave e sugeriram uma fonte sonora semelhante à da siringe”, observou Brown.
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Inspirando o futuro
O projeto Coral de Dinossauros de Brown conquistou recentemente o terceiro lugar na Competição Guthman de Instrumentos Musicais da Georgia Tech, onde criadores do mundo todo apresentam inovações musicais de ponta. Para o futuro, a professora pretende incluir espécies adicionais e, eventualmente, tornar a tecnologia de código aberto para que os coros de dinossauros possam “aparecer em todos os lugares”.
Para Ella Halverson, uma das alunas envolvidas no projeto, será uma maneira de inspirar mais pesquisas na área. “Imagine quantas crianças mais novas ou a próxima geração poderiam interagir com este instrumento e ver, de forma audiovisual, o som de um dinossauro”, disse ela. “É como ir a um aquário ou a um museu de ciências quando criança. Elas pensam: ‘É isso que eu quero fazer.’”
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