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Lua cheia: esqueça o lobisomem e cuidado… com os tubarões!

by Fesouza
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Estamos em plena Lua cheia – aliás, uma Superlua (saiba mais aqui). Entre os principais mitos em torno desta fase, está o do lobisomem. Mas, enquanto a criatura híbrida entre homem e lobo não passa de uma lenda, um levantamento feito em todo o planeta ao longo de 55 anos mostra que outra – esta, sim, muito real – costuma atacar mais neste período do mês: os tubarões.

Conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual da Louisiana (LSU), nos EUA, o estudo foi descrito em um artigo publicado em 2021 na revista Frontiers in Marine Science.

A pesquisa aponta que os ataques de tubarão aumentam em períodos de maior iluminação lunar e diminuem durante fases de menor claridade. Ainda não se sabe exatamente por que isso acontece, mas vários estudos mostram que a Lua pode influenciar o comportamento de diversos animais, como peixes e aves.

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A influência da Lua sobre as marés teria relação com o comportamento ds tubarões? Crédito: Triff – Shutterstock

Ligação entre os incidentes e a Lua cheia permanece um mistério

O levantamento analisou registros globais de ataques de tubarão coletados entre 1960 e 2015 pelo Arquivo Internacional de Ataques de Tubarão, ligado ao Museu de História Natural da Flórida. Essa base de dados permitiu identificar padrões claros em escala mundial.

Embora a luz da Lua à noite não explique totalmente os ataques, com a maioria ocorrendo de dia, o satélite pode influenciar os oceanos de formas mais sutis, como a força gravitacional que provoca as marés.

Em um comunicado, Steve Midway, professor associado da LSU e coautor do estudo, disse que ainda é cedo para afirmar que a Lua motiva diretamente os ataques de tubarão. No entanto, entender essa correlação pode ajudar a criar recomendações mais seguras para quem pratica atividades aquáticas. “A abundância de dados que temos sugere que há algo ali que vale a pena continuar analisando”.

Uma revisão global publicada este mês na revista Global Ecology and Conservation voltou a examinar a relação entre fases da Lua e mordidas de tubarão, considerando dados de diversas regiões do planeta. 

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Estudo diz que tubarões atacam mais na Lua cheia, embora a maior parte das investidas aconteçam durante o dia. Crédito: Alexius Sutandio – Shutterstock

Embora reconheça os resultados da pesquisa de 2021, o novo artigo aponta que eles não são universais. Em locais como a Califórnia, por exemplo, análises mais recentes não encontraram uma ligação clara entre a iluminação lunar e os ataques, exceto em períodos de cerca de 50% de luminosidade. Segundo os autores, a influência da Lua pode variar conforme fatores locais, como visibilidade da água, temperatura e número de banhistas.

A revisão também destaca limitações do levantamento original, como a dificuldade de associar cada incidente a condições específicas de maré e horário. Para os pesquisadores, embora a correlação entre Lua cheia e ataques seja estatisticamente interessante, ela não basta para provar uma relação de causa e efeito. O consenso atual é que o fenômeno merece novas investigações, mas deve ser interpretado com cautela, levando em conta as características de cada região e o comportamento humano no mar.

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Pernambuco é líder em ataques de tubarão no Brasil

O estado de Pernambuco tem um grave histórico de ataques de tubarão, com 77 incidentes registrados desde o início do monitoramento oficial, em 1992. A maioria dos casos se concentra na Região Metropolitana do Recife, principalmente nas praias de Boa Viagem e Piedade, onde o banho de mar é proibido. 

A situação local é agravada por uma taxa de mortalidade em torno de 30%, considerada extremamente alta em comparação com a média mundial. Os dados, compilados pelo Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (CEMIT), confirmam a costa pernambucana como uma das mais perigosas do mundo.

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Placa alerta que área é sujeita a ataques de tubarão. Crédito: Fernando Gardinali – Shutterstock

Apesar de não haver registros de ataques em 2024 e 2025, a ameaça permanece real, com as últimas ocorrências graves datadas de março de 2023. O CEMIT tem intensificado as ações de conscientização, como a modernização de 150 placas de alerta ao longo da orla em janeiro deste ano e a emissão de comunicados em períodos de maior risco. A estratégia prioriza a comunicação e o monitoramento constante para reduzir os perigos, reforçando a necessidade de banhistas e surfistas respeitarem as proibições e os avisos emitidos.

Portanto, se você mora ou está aproveitando a semana no litoral, principalmente em locais historicamente conhecidos pela maior incidência de ataques de tubarões, como a costa pernambucana, não custa nada redobrar a atenção. O que para a ciência é um intrigante campo de estudo sobre a influência da Lua no comportamento desses animais, para quem está na água, é um importante sinal de alerta.

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