A Groenlândia, a maior ilha do mundo, está encolhendo, se expandindo e até se deslocando — tudo ao mesmo tempo.
Desde o fim da última Era Glacial, há cerca de 20 mil anos, o derretimento das camadas de gelo vem aliviando a pressão sobre sua crosta terrestre, deformando tanto a placa tectônica quanto o leito rochoso que sustentam a região.
O resultado é uma Groenlândia em transformação contínua: enquanto algumas áreas se contraem e se fundem, outras se esticam e se elevam, criando um mosaico de movimentos geológicos.
Pesquisadores descobriram ainda que a ilha está se movendo para o noroeste a uma taxa de cerca de 2 centímetros por ano.
“De modo geral, a Groenlândia está ficando um pouco menor, mas isso pode mudar com o derretimento acelerado que observamos hoje”, explica Danjal Longfors Berg, pesquisador da Universidade Técnica da Dinamarca e do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA (JPL).
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Três fatores principais explicam por que a Groenlândia está literalmente se deformando.
O que está acontecendo sob o gelo
- Recuperação da crosta terrestre: à medida que o peso do gelo diminui, o solo se eleva lentamente, reagindo como uma esponja que volta à forma após ser comprimida.
- Movimentos tectônicos e históricos: mudanças antigas no gelo, datadas do fim da última Era Glacial, ainda influenciam o formato atual da ilha.
- Derretimento desigual: diferentes taxas de degelo criam áreas que se expandem e outras que afundam, alterando a topografia e o equilíbrio do terreno.
A Groenlândia, com seus 2,1 milhões de quilômetros quadrados, repousa sobre a placa tectônica da América do Norte — uma das grandes massas que compõem a crosta terrestre.
Essas placas se movem lentamente sobre o manto do planeta, uma camada de rocha quente e viscosa que flui gradualmente ao longo do tempo.
Encolhimento de áreas surpreendeu
Para medir as mudanças, os cientistas analisaram dados de 58 estações de GPS distribuídas pelas bordas da ilha, acompanhando alterações na elevação, posição e deformação do terreno nos últimos 20 anos. Esses dados foram cruzados com modelos geológicos que cobrem 26 mil anos de evolução da crosta.
“Agora podemos medir esses movimentos com uma precisão sem precedentes”, diz Berg. “Esperávamos ver apenas expansão devido ao derretimento recente, mas também encontramos regiões sendo puxadas e encolhidas — um comportamento muito mais complexo do que imaginávamos.”
O estudo foi publicado no Journal of Geophysical Research: Solid Earth.
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