A busca por um nono planeta em nosso Sistema Solar, uma jornada astronômica que já dura quase dois séculos, acaba de ganhar um novo e intrigante capítulo. Cientistas propõem a existência de um mundo até então desconhecido, apelidado de “Planeta Y”, que, se confirmado, poderá revolucionar nosso entendimento dos confins do nosso quintal cósmico.
Diferentemente do popular “Planeta 9” (ou Planeta X), um gigante gasoso hipotético, este novo candidato é descrito como um planeta rochoso, possivelmente com um tamanho comparável ao da Terra. A teoria foi apresentada em um estudo publicado na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, no qual uma equipe liderada pelo astrofísico Amir Siraj, da Universidade de Princeton, analisou as órbitas de dezenas de objetos no Cinturão de Kuiper – uma vasta região repleta de corpos gelados além de Netuno.
A pesquisa identificou que a trajetória de cerca de 50 desses objetos apresenta uma inclinação anômala de aproximadamente 15 graus em relação ao plano orbital dos demais planetas. Segundo os cálculos da equipe, a explicação mais plausível para essa distorção gravitacional seria a presença de um planeta ainda não detectado. “Começamos a tentar encontrar explicações além de um planeta, mas o que descobrimos é que, na verdade, é necessário um planeta ali”, explicou Siraj.

As estimativas sugerem que o Planeta Y estaria localizado a uma distância entre 100 e 200 vezes a da Terra ao Sol, colocando-o relativamente “perto” se comparado ao hipotético Planeta X. Sua massa estaria entre a de Mercúrio e a da Terra, tornando-o um potencial planeta rochoso, uma “super-Terra” escondida na periferia gelada do sistema.
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Planeta escondido no Sistema Solar?
“Quando eliminamos todas as outras possibilidades, o que restou foi a presença de um planeta até então não detectado”, explicou o astrofísico Amir Siraj, autor principal do estudo, à CNN. “Este trabalho não é uma descoberta definitiva, mas sim a identificação de um quebra-cabeça cósmico no qual um planeta emerge como a solução mais provável.”
A comunidade astronômica recebeu a notícia com cautela e ceticismo. Samantha Lawler, astrônoma da Universidade de Regina, em Saskatchewan, disse à emissora que “as evidências ainda não são definitivas, principalmente devido ao tamanho limitado da amostra de KBOs [Objetos do Cinturão de Kuiper] analisada”.
Outro que encara o estudo com cautela é Patryk Sofia Lykawka, da Universidade Kindai, especialista em objetos transnetunianos. Ele considera a hipótese “plausível”, mas ressalta a necessidade de mais observações.
Novas tecnologias podem desvendar isso
A esperança para resolver este quebra-cabeça cósmico reside em novas tecnologias. O Observatório Vera C. Rubin, no Chile, que recentemente iniciou suas operações com a maior câmera digital do mundo, promete revolucionar a busca. Siraj acredita que, se o Planeta Y existir e estiver na área de varredura do telescópio, sua descoberta poderá ser confirmada nos próximos dois a três anos.

A busca pelo nono planeta é uma narrativa de avanços e revéses, desde a descoberta de Netuno em 1846, passando pela classificação e posterior rebaixamento de Plutão. Agora, com a proposta do Planeta Y, os astrônomos podem estar atrás não de um, mas de dois mundos escondidos.
Isso, claro, ainda é apenas uma hipótese e está longe de ser uma unanimidade. Alguns especialistas acreditam que a recente descoberta de vários candidatos a planeta anão no Cinturão de Kuiper torna menos provável que o Planeta X exista, pois esses objetos não se comportam como a teoria prevê. No entanto, tudo isso ainda depende de análises cada vez mais aprimoradas pelas novas tecnologias.
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