Novas pistas sobre por que os dois lados da Lua são tão diferentes acabam de ser reveladas. Usando dados da missão GRAIL (sigla em inglês para Laboratório de Recuperação Gravitacional e Interior), da NASA, cientistas analisaram o interior do satélite e descobriram que ele é assimétrico, ou seja, a face que está sempre visível tem características internas diferentes das presentes no lado oculto.
Publicado na revista Nature, o estudo mostra que o lado voltado para a Terra é mais quente e sofreu mais atividade vulcânica no passado, o que teria ajudado a moldar as planícies escuras que vemos da Terra. Já o lado oculto é mais acidentado, com montanhas e crateras, e quase não tem essas planícies vulcânicas.
Em poucas palavras:
- Cientistas analisaram dados da NASA e descobriram que o interior da Lua é assimétrico;
- O lado visível sofreu mais vulcanismo, é mais quente e tem planícies; o oculto, é montanhoso;
- A deformação de maré causada pela gravidade terrestre influencia diferenças térmicas e estruturais entre os hemisférios lunares;
- O mapa gravitacional mais preciso da Lua mostra variações de temperatura e composição no manto;
- Descoberta aprimora o conhecimento da Lua e pode ser aplicada no estudo de outros corpos celestes.
Estudo fornece mapa gravitacional mais preciso da Lua
De acordo com a pesquisa, essa diferença está relacionada à chamada deformação de maré, um fenômeno causado pela gravidade da Terra. A Lua não é uma esfera perfeita e sofre pequenas flexões enquanto orbita nosso planeta. A face visível, por estar mais exposto à força gravitacional da Terra, se flexiona mais do que a outra.
“Nosso estudo fornece o mapa gravitacional mais detalhado e preciso da Lua até hoje”, disse o pesquisador Ryan Park, engenheiro-chefe do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA, e autor principal do estudo, à agência de notícias Reuters.
Segundo ele, o manto lunar – a camada que fica abaixo da crosta e acima do núcleo – tem temperaturas diferentes em cada lado. O lado visível chega a ser de 100 a 200 graus Celsius mais quente, por causa da presença de elementos radioativos como tório e titânio, que geram calor ao se decompor.
“O lado visível e o lado oculto da Lua parecem muito diferentes, como mostrado pelas divergências na topografia, espessura da crosta e quantidade de elementos produtores de calor no interior”, disse Park.
O lado visível tem grandes áreas planas formadas por lava antiga solidificada, chamadas mares. Por sua vez, o lado oculto tem relevo mais irregular e poucas dessas formações. Isso sugere que o interior da Lua influenciou diretamente a aparência de sua superfície.
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Descoberta pode ajudar a desenvolver GPS lunar
A missão GRAIL, com as sondas gêmeas Ebb e Flow (Fluxo e Refluxo), coletou os dados entre 2011 e 2012. As espaçonaves mediram variações na gravidade da Lua, o que permitiu aos cientistas criar o mapa gravitacional mais detalhado do satélite até hoje. – que será útil para futuras missões espaciais. Ele ajudará a criar sistemas de localização e navegação na Lua, semelhantes ao GPS na Terra. Isso é essencial para garantir mais segurança nas viagens e operações de exploração lunar.
O método usado pelos cientistas pode ser aplicado em outros lugares do Sistema Solar, como nas luas Encélado, de Saturno, e Ganimedes, de Júpiter, por exemplo, que são consideradas candidatas a abrigar vida em ambientes subterrâneos.
A nova descoberta ajuda a entender melhor a Lua, que tem um papel fundamental na Terra: ela estabiliza a rotação do planeta e é responsável pelas marés, que influenciam o clima e a vida marinha.
Para os cientistas, cada avanço na compreensão da Lua traz também pistas sobre a origem e evolução de outros corpos celestes. Como nosso vizinho mais próximo, ela é uma chave importante para entender o Universo.
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