Mapa gravitacional explica por que os dois lados da Lua são tão diferentes

Novas pistas sobre por que os dois lados da Lua são tão diferentes acabam de ser reveladas. Usando dados da missão GRAIL (sigla em inglês para Laboratório de Recuperação Gravitacional e Interior), da NASA, cientistas analisaram o interior do satélite e descobriram que ele é assimétrico, ou seja, a face que está sempre visível tem características internas diferentes das presentes no lado oculto.

Publicado na revista Nature, o estudo mostra que o lado voltado para a Terra é mais quente e sofreu mais atividade vulcânica no passado, o que teria ajudado a moldar as planícies escuras que vemos da Terra. Já o lado oculto é mais acidentado, com montanhas e crateras, e quase não tem essas planícies vulcânicas.

Em poucas palavras:

  • Cientistas analisaram dados da NASA e descobriram que o interior da Lua é assimétrico;
  • O lado visível sofreu mais vulcanismo, é mais quente e tem planícies; o oculto, é montanhoso;
  • A deformação de maré causada pela gravidade terrestre influencia diferenças térmicas e estruturais entre os hemisférios lunares;
  • O mapa gravitacional mais preciso da Lua mostra variações de temperatura e composição no manto;
  • Descoberta aprimora o conhecimento da Lua e pode ser aplicada no estudo de outros corpos celestes.
Face da Lua voltada para a Terra é mais quente e sofreu mais atividade vulcânica no passado. Crédito: IvaFoto – Shutterstock

Estudo fornece mapa gravitacional mais preciso da Lua

De acordo com a pesquisa, essa diferença está relacionada à chamada deformação de maré, um fenômeno causado pela gravidade da Terra. A Lua não é uma esfera perfeita e sofre pequenas flexões enquanto orbita nosso planeta. A face visível, por estar mais exposto à força gravitacional da Terra, se flexiona mais do que a outra.

“Nosso estudo fornece o mapa gravitacional mais detalhado e preciso da Lua até hoje”, disse o pesquisador Ryan Park, engenheiro-chefe do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA, e autor principal do estudo, à agência de notícias Reuters

Segundo ele, o manto lunar – a camada que fica abaixo da crosta e acima do núcleo – tem temperaturas diferentes em cada lado. O lado visível chega a ser de 100 a 200 graus Celsius mais quente, por causa da presença de elementos radioativos como tório e titânio, que geram calor ao se decompor.

Camadas da Lua: núcleo interno sólido (branco), núcleo externo líquido (amarelo), uma zona de baixa viscosidade (vermelho), manto e crosta. O manto lunar tem temperaturas diferentes em cada lado. Crédito: NASA / Theophilus Britt Griswold, com a contribuição de Sander Goossens, Isamu Matsuyama, Gael Cascioli e Erwan Mazarico

“O lado visível e o lado oculto da Lua parecem muito diferentes, como mostrado pelas divergências na topografia, espessura da crosta e quantidade de elementos produtores de calor no interior”, disse Park.

O lado visível tem grandes áreas planas formadas por lava antiga solidificada, chamadas mares. Por sua vez, o lado oculto tem relevo mais irregular e poucas dessas formações. Isso sugere que o interior da Lua influenciou diretamente a aparência de sua superfície.

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Descoberta pode ajudar a desenvolver GPS lunar

A missão GRAIL, com as sondas gêmeas Ebb e Flow (Fluxo e Refluxo), coletou os dados entre 2011 e 2012. As espaçonaves mediram variações na gravidade da Lua, o que permitiu aos cientistas criar o mapa gravitacional mais detalhado do satélite até hoje. – que será útil para futuras missões espaciais. Ele ajudará a criar sistemas de localização e navegação na Lua, semelhantes ao GPS na Terra. Isso é essencial para garantir mais segurança nas viagens e operações de exploração lunar.

O método usado pelos cientistas pode ser aplicado em outros lugares do Sistema Solar, como nas luas Encélado, de Saturno, e Ganimedes, de Júpiter, por exemplo, que são consideradas candidatas a abrigar vida em ambientes subterrâneos.

Representação artística das espaçonaves gêmeas GRAIL mapeando o campo gravitacional da Lua. Crédito: NASA / JPL-Caltech

A nova descoberta ajuda a entender melhor a Lua, que tem um papel fundamental na Terra: ela estabiliza a rotação do planeta e é responsável pelas marés, que influenciam o clima e a vida marinha. 

Para os cientistas, cada avanço na compreensão da Lua traz também pistas sobre a origem e evolução de outros corpos celestes. Como nosso vizinho mais próximo, ela é uma chave importante para entender o Universo.

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