A fabricante Nothing, criada em 2020 por um dos co-fundadores da OnePlus, está envolvida em uma controvérsia por causa de um novo smartphone da marca. O caso envolve a câmera do Nothing Phone 3, dispositivo que foi apresentado em julho deste ano.
De acordo com o site Android Headlines, as unidades de demonstração do Nothing Phone 3 no varejo traziam na demonstração uma seleção de fotos que teriam sido tiradas usando o aparelho. A tela indica que aquela é uma contribuição do que “a comunidade capturou” com o dispositivo.
It seems that Nothing has faked its sample photos on demo Nothing Phone 3 units, with misleading shots.
The photos have been licensed from stock image site Stills, with some shots dating back to 2023.
Do you believe Nothing should be held accountable, or is it a non-issue? pic.twitter.com/XjI34Hh2nt
— Amir (@WorkaholicDavid) August 27, 2025
O problema? Na verdade, as imagens já existiam antes e foram capturadas usando câmeras fotográficas profissionais.
A polêmica do Nothing Phone 3
- O Android Headlines foi contatado por um fotógrafo que seria o autor de uma dessas imagens. Ele explicou que as imagens estavam à venda por meio de licenciamento em plataformas de banco de fotografias;
- O site The Verge também contatou autores das imagens e chegou até a verificar os metadados dos arquivos originais, confirmando que há fotos até de 2023 na página de amostra;
- O conjunto de câmeras traseiras do Nothing Phone 3 é um destaque inclusive por causa do design: as lentes são dispostas de forma assimétrica e desorganizada de propósito, ao contrário de praticamente qualquer outro modelo da indústria;
- Os três sensores são de 50 MP, incluindo uma lente periscópica com zoom de 3 vezes e uma ultra-wide de 114º. A câmera para selfies também conta com a mesma resolução.
O que diz a empresa
Ao ser acusada de propaganda enganosa, a Nothing inicialmente se esquivou do assunto e prometeu atualizar as imagens por acreditar que “precisão em como capacidades do produto são representadas é importante” para a marca.
Em seguida, na rede social X, um dos cofundadores da Nothing forneceu uma explicação mais detalhada. De acordo com Akis Evangelidis, aquelas fotos estavam lá de propósito durante testes internos e deveriam ter sido trocadas. Ele ainda diz que “não houve má intenção” e que tudo não passou de uma confusão.
Re the Phone (3) live demo units (LDU) in some stores using stock imagery – let me explain. An initial version of the LDU needs to be submitted with placeholders around 4 months before launch, to be implemented and tested as we ramp up towards mass production. Once we enter mass…
— Akis Evangelidis 🦞 (@AkisEvangelidis) August 27, 2025
Segundo o executivo, unidades demonstrativas chegam às lojas com meses de antecedência e foram enviadas como placeholders entre as imagens. Ou seja, eram arquivos temporários e que são usados apenas para ocupar espaço provisoriamente em uma interface. Porém, por um descuido da equipe, elas teriam sido deixadas nos aparelhos no lugar de fotos realmente feitas com o celular.
A recepção da comunidade, porém, não foi unânime. Há vários comentários que questionam por que a empresa licenciou fotos profissionais apenas para uso interno, sendo que qualquer imagem — inclusive tiradas por modelos anteriores da Nothing — serviriam apenas para ocupar a posição e não gerariam essa controvérsia.