As vendas de smartphones irregulares no Brasil, ou o popular mercado cinza, recuaram 7% no Brasil em 2025. O dado foi compartilhado pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) nesta quinta-feira (4).
O resultado faz parte de uma ação coordenada entre entidades como Abinee, Anatel, Senacon, Polícia Federal, Receita Federal, Sefaz-SP e o Legislativo. A Abinee reforça que, apesar da redução, eles ainda não estão satisfeitos e esperam que o mercado irregular “seja eliminado de vez”. A associação diz que diversos setores são afetados pelo mercado cinza e que a pressão feita por múltiplos órgãos é essencial na disputa.
O histórico do mercado não oficial reflete uma queda de 13% na participação de mercado nos últimos dois anos — a seguir, listamos com base em milhões de unidades vendidas e o percentual de participação do mercado cinza:
- 2025: 4,5 milhões, 12% de participação;
- 2024: 7,7 milhões, 19% de participação;
- 2023: 10,9 milhões, 25% de participação;
- 2022: 4 milhões, 10% de participação;
- 2021: 3,8 milhões, 9% de participação.
A venda registrada pelo mercado oficial atingiu 31,9 milhões de unidades em 2025 — um recuo de 2% em relação a 2024, onde 32,5 milhões de unidades de smartphones foram comercializadas. Os dados são da consultoria IDC.
E quanto custam esses smartphones? Passando pelo caminho não oficial, o consumidor encontra valores mais atraentes em comparação com as lojas oficiais. A Abinee aponta que o valor médio dos dispositivos irregulares subiu de R$ 1 mil para até R$ 2,5 mil, o que reflete também no faturamento da indústria.
Quais marcas têm mais celulares irregulares no Brasil?
A Xiaomi continua sendo a empresa líder na venda de smartphones irregulares no Brasil — a empresa figurou no topo em anos anteriores. A Realme também aparece logo atrás, “no mesmo modelo que eles [a Xiaomi] fazem de importações via Paraguai”, segundo a associação. Essas importações acontecem, normalmente, por meios externos das empresas oficiais ou distribuidoras, mas também por consumidores finais para evitar a coleta de impostos.
O TecMundo entrou em contato com Xiaomi e Realme e aguarda um posicionamento. Durante a coletiva com a imprensa, a Abinee citou que outras marcas que chegaram recentemente ao Brasil, como Jovi, Oppo e Honor, já estão investindo na fabricação local.
O que tem sido feito?
Humberto Barbato, presidente executivo da Abinee, aponta que a queda na venda de smartphones irregulares “mostra que a exposição sistemática do problema, somada às ações de fiscalização, comunicação e aprimoramento regulatório, está trazendo resultados concretos”. A entrada ilegal acontece por descaminho, por vias como o Paraguai, tendo a distribuição em marketplaces.
“Embora o avanço seja significativo, essa prática ainda preocupa e exige ações permanentes. Esperamos que, com a continuidade dessas ações, o índice possa recuar substancialmente já em 2026”, disse Barbato.
As ações conjuntas das entidades têm apostado em multas às grandes empresas do comércio eletrônico. Mercado Livre, Amazon, Magazine Luiza e outras já tiveram produtos apreendidos e/ou foram multadas.
A Anatel tem pressionado. Neste ano, a agência já ameaçou bloquear a atuação das gigantes Amazon e Mercado Livre, que foram à justiça tentar impedir um possível bloqueio. O principal motivo são os smartphones que não possuem homologação para serem vendidos no país, mas que possuem anúncios no marketplace das empresas.
Segundo a Abinee, a projeção para 2026 é reforçar ações do tipo contra o mercado cinza. O tema “continua sendo uma grande preocupação para o país” e, apesar da redução, ainda não satisfaz os fabricantes do setor.