Mesmo com desconfiança dos investidores, data centers de IA vivem seu maior boom

Negócios envolvendo data centers bateram um novo recorde global em 2025. Segundo dados da S&P Global, mais de US$ 61 bilhões (cerca de R$ 300 bilhões) foram movimentados no setor, impulsionados pela corrida para construir a infraestrutura que sustenta aplicações de inteligência artificial (IA), cada vez mais pesadas e famintas por energia.

O dado chama atenção porque surge num momento de desconforto no mercado. Investidores têm demonstrado cautela com avaliações infladas de empresas de IA, dúvidas sobre monetização e o volume crescente de dívidas usado para financiar essa expansão acelerada.

Corrida por infraestrutura de IA sustenta recorde histórico em data centers

O motor desse avanço é: IA precisa de muita infraestrutura física. Modelos mais avançados exigem capacidade computacional elevada, consumo intenso de energia e estruturas robustas para operar em escala. Isso levou empresas e fundos a correrem para erguer novos data centers ou comprar ativos já prontos.

Construir e operar data centers voltados à IA custa caro; transferir parte desse ônus financeiro para o mercado virou uma saída natural (Imagem: Gorodenkoff/Shutterstock)

A S&P Global descreve o momento como uma verdadeira “febre global de construção”. O volume de negócios em 2025 superou levemente o recorde de 2024, quando o setor havia movimentado US$ 60,8 bilhões (R$ 337 bilhões), mostrando que a demanda segue forte apesar do clima de incerteza.

Para bancar essa expansão, o setor mudou a forma de financiar seus projetos. Em vez de usar apenas capital próprio, grandes empresas de tecnologia, os chamados hyperscalers (Google, Amazon, Meta), passaram a recorrer mais ao financiamento por dívida. E a parcerias com fundos de private equity (quando investidores compram participação em empresas fora da bolsa para financiar crescimento e vender depois).

Essa virada tem explicação prática. Construir e operar data centers voltados à IA custa caro, envolve prazos longos e depende de infraestrutura energética estável. Transferir parte desse risco financeiro para o mercado virou uma saída natural, mesmo que isso aumente a exposição a oscilações econômicas.

Investidores seguem cautelosos, mas expectativa é de expansão contínua

Essa dependência maior de dívida ajudou a acender o sinal amarelo entre investidores. Em novembro, ações globais ligadas à IA recuaram com força, alimentando o temor de uma bolha. Um dos gatilhos foi a notícia de que a Blue Owl Capital teria desistido de apoiar um data center de US$ 10 bilhões (R$ 55 bilhões) nos EUA. A informação, negada depois, foi o suficiente para derrubar papéis de empresas como Oracle, Nvidia, Broadcom e AMD.

Disputa entre grandes desenvolvedores de IA muda rápido e afeta o humor do mercado, mas a demanda segue firme, diz especialista (Imagem: Peshkova/Shutterstock)

Ainda assim, analistas veem esses episódios como turbulência pontual. Iuri Struta, analista de telecomunicações, mídia e tecnologia da S&P Global Market Intelligence, avalia que as preocupações em torno da IA e de empresas específicas “devem ser temporárias”. E improváveis de causar um impacto grande na construção de data centers ou em fusões e aquisições no curto prazo.

De acordo com Struta, a disputa entre grandes desenvolvedores de modelos de IA (OpenAI, Alphabet, Anthropic) muda rápido e afeta o humor do mercado, mas a demanda segue firme. “De modo geral, vemos a demanda por aplicações de IA continuando a crescer de forma forte em 2026”, afirmou à CNBC.

Bancos como o ING compartilham dessa leitura. Para a instituição, tendências estruturais apontam para níveis saudáveis de investimento no próximo ano, apesar das incertezas. 

Como resumiu Wim Steenbakkers, chefe global de data centers e tecnologia do ING, também à CNBC, há dois lados em jogo: “um que alimenta o otimismo, como o avanço mais rápido da medicina, e outro ligado a preocupações, especialmente com segurança pública”. No fim, diz ele, as dúvidas sobre retorno só serão resolvidas quando os usos da tecnologia ficarem mais claros.

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Mesmo com esses pontos de atenção, o setor segue avançando de forma desigual pelo mundo. Os Estados Unidos concentram a maioria dos negócios, à frente da Ásia-Pacífico, enquanto a Europa cresce mais devagar. Já o Oriente Médio desponta como novo polo, impulsionado por países ricos do Golfo que querem se posicionar como hubs globais de IA. 

A expectativa é que, com ativos escassos e limitações energéticas, data centers já existentes fiquem ainda mais valiosos. E troquem de mãos com mais frequência nos próximos anos.

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