A Meta assinou um acordo bilionário com a CoreWeave, startup especializada em computação em nuvem para inteligência artificial (IA). O contrato, que pode chegar a US$ 14,2 bilhões (cerca de R$ 80 bilhões), garante acesso aos sistemas mais avançados da Nvidia e reforça a corrida da dona do Facebook e do Instagram por poder computacional para treinar modelos cada vez maiores.
Enquanto a CoreWeave busca diversificar sua base de clientes para reduzir a dependência da Microsoft, o acordo reforça uma tendência do setor: empresas de tecnologia e até governos comprometendo centenas de bilhões de dólares por conta de IA.
Meta amplia aposta em IA com contrato bilionário, mas corrida expõe riscos de dívida
O acordo entre a Meta e a CoreWeave repercutido pela Bloomberg reforça a escalada de gastos na corrida da IA. Empresas privadas e governos têm aberto linhas de crédito bilionárias para erguer data centers e garantir acesso aos chips mais avançados.
A aposta é que a demanda futura compensará os custos de hoje. Mas especialistas alertam: se a receita não acompanhar, esse boom pode se transformar numa bola de neve de dívidas difíceis – ou até impossíveis – de pagar.
O acordo entre Meta e CoreWeave
A CoreWeave, parte do grupo das chamadas “neoclouds”, fechou contrato para fornecer à Meta acesso aos novos sistemas Nvidia GB300, usados no treinamento de modelos de IA de ponta.
O acordo é um dos maiores compromissos da startup desde seu IPO em março, quando suas ações já triplicaram de valor.
- Para quem não sabe: IPO é a oferta pública inicial de ações, quando uma empresa passa a negociar seus papéis na bolsa.
A parceria também ajuda a reduzir a dependência da empresa em relação à Microsoft, que respondeu por 71% da receita no último trimestre.
Para a Meta, o acordo se soma a um pacote de investimentos que pode alcançar US$ 72 bilhões em 2025. Isso reforça a estratégia do CEO da empresa, Mark Zuckerberg, de acelerar o desenvolvimento de IA e consolidar a infraestrutura necessária para competir com rivais como Google e OpenAI.
O boom da dívida no setor de IA
O acordo entre Meta e CoreWeave não é um caso isolado: ele se insere numa onda de contratos sustentados por endividamento bilionário.
A OpenAI, por exemplo, assinou um compromisso de US$ 300 bilhões em cinco anos com a Oracle, que deve tomar empréstimos de cerca de US$ 25 bilhões anuais para dar conta da infraestrutura.
A própria Oracle já acumula uma dívida de longo prazo de US$ 82 bilhões, com índice de alavancagem muito superior ao de rivais como Alphabet e Microsoft.
Nesse cenário, empresas menores como CoreWeave e Nebius também recorrem ao mercado de crédito para financiar sua expansão acelerada, enquanto investidores se dividem entre entusiasmo com o crescimento das ações e alertas sobre a sustentabilidade desse modelo.
Governos e o risco da dívida “impagável”
A escalada de gastos em IA também envolve governos, que veem a tecnologia como estratégica, mas acumulam passivos preocupantes.
Nos Estados Unidos, a dívida pública já ultrapassa US$ 36 trilhões (cerca de R$ 190 trilhões), o equivalente a 120% do PIB. E ainda assim o país destina bilhões a projetos de IA.
A Alemanha e outros países europeus seguiram o mesmo caminho, anunciando fundos bilionários para erguer infraestrutura, ao mesmo tempo em que elevam despesas militares.
Para analistas, como Antonio Cavarero, da Generali Asset Management, trata-se de compromissos fiscais inéditos que podem exigir cortes duros no futuro caso a aposta não se pague.
Já Mark Haefele, do UBS, aponta oportunidades em áreas como energia nuclear, biotecnologia e defesa. Mas adverte: cedo ou tarde será preciso lidar com o peso dessa dívida.
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O que está em jogo
A disputa bilionária pela infraestrutura de inteligência artificial revela tanto o potencial quanto as fragilidades do setor.
Para empresas como a Meta, garantir acesso aos chips mais avançados é condição essencial para treinar modelos cada vez mais poderosos e não perder espaço para rivais como Google, Microsoft e OpenAI.
No entanto, analistas lembram que a adoção paga de serviços de IA ainda é limitada. Estimativas apontam que apenas 3% dos consumidores utilizam soluções remuneradas.
Isso significa que a sustentabilidade de contratos de dezenas ou centenas de bilhões depende de uma expansão agressiva da base de clientes e de novas fontes de receita.
Se essa projeção não se concretizar, a corrida pela IA pode deixar um rastro de dívidas difíceis de administrar, o que deve testar a capacidade financeira até mesmo das gigantes da tecnologia.
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