Planetas perto do Sol se formaram antes dos mais distantes. Pelo menos, é o que a ciência considera. Mas um estudo recente que analisou meteorito de quase cinco bilhões de anos sugere que esses planetas se formaram ao mesmo tempo.
“Pensávamos que as condições geladas no Sistema Solar atrasavam a formação dos planetas rochosos”, disse Rider-Stokes, pesquisador da Open University (OU) e autor principal do estudo, em comunicado. “Mas nossas descobertas mostram que eles estavam se formando tão rapidamente quanto os mais próximos do Sol.”
Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista Nature Communications Earth and Environment em julho.
Descoberta em meteorito desafia cientistas a pensarem diferente sobre o Sistema Solar
A pesquisa analisou um meteorito raro conhecido como Northwest Africa (NWA) 12264. Essa amostra – a primeira já vinculada ao manto de um planeta longe do Sol – tem 4,564 bilhões de anos.

Isso a torna uma das rochas magmáticas mais antigas conhecidas de qualquer parte do Sistema Solar. Além disso (e talvez mais importante), a coloca no mesmo nível de basaltos antigos do Sistema Solar interno – isto é, região próxima do Sol.
Na prática, significa que planetas rochosos além de Júpiter começaram a se formar muito antes do que se pensava. Isso força cientistas a repensarem modelos há muito aceitos sobre a formação planetária – não apenas no Sistema Solar, mas em toda a galáxia.
“Este estudo destaca o valor dos meteoritos raros para nos ajudar a entender as origens planetárias”, acrescentou Rider-Stokes.
É incrivelmente empolgante desafiar os modelos existentes de como os planetas – e, em última instância, a vida – começam.
Rider-Stokes, pesquisador da Open University (OU) e autor principal do estudo, em comunicado
Como planetas se formam
O Sol era rodeado por um disco protoplanetário de gás e poeira nos primeiros anos do Sistema Solar. Por meio de interações gravitacionais, esse material começou a se aglutinar, o que formou planetas num processo chamado acreção.

Esse processo inicial libera energia, o que aquece e derrete elementos. Assim, começa a formação de camadas internas dos planetas.
Durante o resfriamento, os elementos mais pesados migram para o centro do planeta, enquanto os mais leves sobem. Esse processo, que separa camadas, se chama diferenciação. É que ele que dá a planetas rochosos sua estrutura típica: uma crosta externa, um manto intermediário e um núcleo sólido de ferro.
Até então, acreditava-se que os planetas mais próximos do Sol se formaram e se diferenciaram antes dos mais distantes. Isso por conta da presença de gelo nesses planetas, o que retardaria o aquecimento interno.
No entanto, o estudo do meteorito Northwest Africa 12264 sugere que esta suposição está errada. A ver o que a comunidade científica vai responder.
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Asteroides “invisíveis” próximos de Vênus podem colidir com a Terra. Mas calma. Se isso acontecer, vai ser daqui milhares de anos. É o que aponta um estudo internacional liderado por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Esses asteroides compartilham a órbita de Vênus e, por conta da posição que ocupam no céu, podem escapar das campanhas observacionais atuais. Se caíssem na Terra, seus impactos poderiam devastar cidades grandes. Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista Astronomy & Astrophysics.
Saiba mais nesta matéria do Olhar Digital.
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