A humanidade apresentou um grande salto na produção do plástico. Dados mostram que, em 1950, a produção desse polímero era de pouco mais de 1 milhão de toneladas. Mas, em 2018, a produção já somava 359 milhões de toneladas. O plástico leva entre 20 a 500 anos para se degradar. Mesmo assim, nunca desaparece, apenas vai se dividindo em pedaços menores, que podem resultar no surgimento de microplásticos.
Problemas provocados pelo microplástico na saúde
Os microplásticos tem até cinco milímetros, e alguns deles podem ser invisíveis, mas estão por todos os lugares. Pesquisadores já encontram microplásticos até mesmo no pico do Monte Evereste. No corpo humano não seria diferente. Um estudo de maio deste ano encontrou pela primeira vez microplástico no cérebro de pessoas. Nesse órgão, havia 30 vezes mais microplásticos do que amostras dos rins e do fígado.
Mesmo alguns recém-nascidos já acumulam microplástico em seus corpos, segundo pesquisa da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia. Isso mostra que as crianças estão ainda mais vulneráveis e expostas a esse material.
Outra pesquisa mostra que quase 90% dos alimentos que ingerimos podem ter esses materiais. Há evidências científicas de que essas pequenas partículas podem passar do intestino para outros tecidos do corpo humano.
Ainda não se sabe qual a extensão dos danos provocados pelos microplásticos. No entanto, um artigo publicado recentemente na revista The New England Journal of Medicine indica que essas partículas aumentam a probabilidade de ataques cardíacos, derrames e morte.
Os compostos também estão associados a problemas endócrinos, ganho de peso, maior resistência a imunidade, queda na saúde reprodutiva e câncer. Um estudo italiano, por sua vez, apontou a relação entre a presença de artérias entupidas e o aumento de risco de eventos cardiovasculares com a presença do microplástico.
Pesquisadores já encontraram também microplásticos em testículos, o que pode prejudicar a mobilidade e a qualidade dos espermatozoides.
Meio ambiente
Um grupo de cientistas publicou recentemente na revista Science um estudo que reuniu tudo o que se sabe sobre os impactos causados pelos microplásticos no meio ambiente. Eles concluíram que a contaminação irá dobrar em 2040 e previram danos “em alta escala”.
Os microplásticos estão presentes inclusive nas nuvens. Isso significa que podem gerar impactos climáticos relevantes e afetar os padrões de precipitação, previsão do tempo, modelagem climática e, até mesmo, a segurança da aviação.
Leia mais
- Quantas toneladas a humanidade produz de lixo plástico?
- Poluição pode afetar tamanho do pênis e fertilidade masculina
- Deixar garrafa PET muito tempo exposta ao sol pode ser perigoso, alertam cientistas
No Brasil, 100% das praias já estão contaminadas com microplástico, segundo estudo da ONG Sea Shepherd em parceria com o Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP). Os pesquisadores cobriram o litoral do Amapá até o do Rio Grande do Sul.
Os destaques negativos ficaram para as regiões Sul e Sudeste. A praia do Pântano do Sul, em Florianópolis, apresentou os maiores níveis de contaminação do país. Já as cidades de São Vicente e Mongaguá, na Baixada Santista, em São Paulo, estão entre as mais poluídas.
O post Microplásticos são perigosos? O que sabemos sobre esse invasor apareceu primeiro em Olhar Digital.