A Microsoft e a OpenAI, empresa de inteligência artificial (IA) dona do ChatGPT, anunciaram nesta quinta-feira (11) a assinatura de um novo contrato. A aliança renova a já duradoura e agora estremecida parceria entre a dupla, mas tem novos termos que reduzem a exclusividade da dona do Windows sobre certos serviços.
As companhias assinaram um memorando de entendimentos não vinculante, documento que registra as intenções de cada lado e ainda não representa o acordo finalizado. Termos contratuais ainda estão em fase final de definição e exigem aprovação de entidades regulatórias dos Estados Unidos.
Mesmo sem fornecer muitos detalhes sobre o futuro, essa é considerada uma etapa importante para a OpenAI na direção de metas de crescimento da companhia e até em uma futura transição para se tornar uma empresa lucrativa.
Crise no relacionamento
A amizade com a Microsoft começou a ser abalada em especial depois que a OpenAI deu indícios de que estava insatisfeita com os atuais termos do acordo, que reduziam as possibilidades de fechar contratos de infraestrutura com outras empresas. Ainda assim, a empresa de Sam Altman deve bastante à gigante, em especial pelo financiamento em anos iniciais de operação.
- Microsoft e OpenAI são parceiras desde 2019, anos antes do lançamento do ChatGPT. Foi neste ano que a empresa dona do Windows investiu US$ 1 bilhão para apoiar o desenvolvimento da então startup, naquele momento em fase de desenvolvimento e treinamento de modelos de linguagem;
- Em 2022, a participação aumentou e a Microsoft chegou a destinar US$ 13 bilhões para a empresa. Essa aproximação levou órgãos reguladores dos EUA até a realizarem no fim de 2023 uma investigação, porque a parceria poderia se configurar até como uma fusão;
- No começo de 2025, a Microsoft teve participação diluída na OpenAI com uma nova rodada de captação de investimentos, que deu ao grupo japonês SoftBank uma maior fatia na empresa;
- Dois contratos nos últimos meses reforçaram que a OpenAI buscava voos mais altos: uma parceria para usar a nuvem da Google para operar modelos de IA e um futuro acordo com a Oracle para fornecimento de infraestrutura;
O que vai acontecer com a OpenAI?
Originalmente, a Microsoft era a única fornecedora de poder computacional para a OpenAI, além de ter acesso preferencial às tecnologias lançadas por ela e direitos exclusivos para vender ferramentas de software da companhia pela plataforma Azure.
Ainda não se sabe quais são os termos do novo acordo, mas eles devem trazer a tão sonhada flexibilização desejada pela dona do ChatGPT. A Microsoft, entretanto, quer manter o acesso às tecnologias da marca — embora já considere ela hoje como um concorrente e esteja mais disposta a treinar os próprios modelos no futuro.

A alteração na dependência da Microsoft é também um passo na reestruturação corporativa da OpenAI, que recuou da ideia (ao menos por enquanto) de se tornar uma empresa somente com fins lucrativos. A ideia dela agora é criar um braço que seja uma corporação de benefício público (PBC), entidade que pode captar recursos, mas possui um objetivo mais voltado para a sociedade.
Essa divisão filantrópica seguiria existindo e no controle da empresa como um todo, além de receber US$ 100 bilhões para ter condições de se manter. A longo prazo, porém, a OpenAI quer realizar uma oferta pública de ações para aumentar o próprio financiamento e ajudar no pagamento dos gastos elevados dos seus serviços — mesmo com tanta empolgação no setor de IA, ela só deve registrar lucro depois de 2029.
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