O recente aumento de preços do Xbox Game Pass no Brasil gerou insatisfação entre os jogadores e levou o caso até o Procon-SP. O plano Ultimate, que antes custava cerca de R$ 60 mensais, passou para R$ 120, dobrando de valor e incluindo serviços como Ubisoft+ Classics e Clube Fortnite. A mudança fez os consumidores questionarem se a prática poderia ser considerada venda casada — que é ilegal por aqui.
Após ser acionada pelo jornalista e youtuber Pedro Henrique Lutti Lippe, do canal tvPH, a Microsoft enviou uma resposta formal ao Procon, negando qualquer irregularidade. Em uma carta de oito páginas, compartilhada pelo criador de conteúdo com o Voxel, a empresa afirmou que a nova estrutura do serviço “não obriga o usuário a adquirir conteúdos adicionais” e que os novos pacotes podem ser assinados separadamente.
Segundo a companhia, os reajustes refletem uma reformulação dos planos para oferecer “mais valor e flexibilidade” ao público. A empresa também indica que as mudanças passam a valer oficialmente a partir de 4 de novembro e, quem não concordar, pode deixar de assinar o serviço sem multa. O Voxel entrou em contato com a Microsoft pedindo mais detalhes, mas ainda não obteve retorno.
O que a Microsoft diz sobre o aumento de preços do Game Pass?
Em sua resposta enviada ao Procon, assinada pela Souto Correa Advogados, a Microsoft afirmou que o reajuste e a inclusão de novos benefícios no Game Pass não configuram venda casada. A companhia caracterizou as mudanças no serviço como uma “repaginação” do serviço, dando a entender que os planos anteriores não existem mais e foram substituídos por novas ofertas.
Segundo a empresa, “não há que se falar em venda casada pelo simples fato de o usuário não precisar adquirir o plano Ultimate para acessar os jogos”,que podem ser comprados separadamente. A Microsoft também ressalta que pacotes como Ubisoft+ Classics, EA Play e Clube Fortnite podem ser contratados de maneira avulsa no documento.

A Microsoft ainda destacou que esse tipo de estrutura “é comum em diversos setores”, em que diferentes valores correspondem a níveis distintos de benefícios. Segundo a empresa, “os valores dos planos refletirão o pacote de benefício: quanto mais benefício, maior o investimento em assinatura.”
Microsoft comparou assinatura do Game Pass aos planos de uma academia
A Microsoft também utilizou uma comparação curiosa para justificar os novos preços. Segundo a carta dos advogados da empresa no Brasil, o Game Pass funciona como uma assinatura de academia, em que há planos básicos e premium com diferentes acessos e benefícios.
“Seria como se o plano mais simples permitisse o uso de academias menores, enquanto o mais completo dá acesso a espaços de elite, com serviços adicionais. São mensalidades diferentes e práticas comuns de mercado”, afirmou a companhia.

A analogia foi usada para explicar que o aumento está ligado ao valor agregado dos novos pacotes, e não a uma cobrança indevida. A empresa argumenta que “não há nada de irregular ou ilegal nisso; são lógicas de mercado lícitas e amplamente difundidas em inúmeros setores”.
Microsoft não explicou mudanças no Game Pass Ultimate, diz criador de conteúdo
Em seu vídeo, Pedro Henrique Lutti Lippe aponta que, apesar das oito páginas de respostas, a empresa não necessariamente respondeu seus questionamentos. O produtor de conteúdo denunciou ao Procon as mudanças realizadas no Xbox Game Pass Ultimate, que dobrou de preço e se tornou a única opção para consoles com jogos no lançamento.
“A defesa da Microsoft respondeu à reclamação circulando o problema, sem nunca endereçar a principal questão: a de que não é mais possível acessar o principal benefício do Game Pass antigo, que são os jogos novos no dia 1, sem pagar também por esses novos ‘benefícios’ que nenhum usuário do Game Pass pediu pra ter”, disse o criador de conteúdo, em comentário enviado ao Voxel.
O Voxel entrou em contato com a Microsoft em busca de esclarecimentos e mais detalhes sobre a resposta enviada aos denunciantes no Procon. Até o momento desta publicação, a empresa ainda não havia respondido à solicitação de contato, mas ficamos abertos para trazer mais esclarecimentos da companhia.
Quanto passou a custar o Xbox Game Pass?
Com a atualização, os valores do Xbox Game Pass no Brasil passaram a variar entre R$ 43,90 e R$ 119,90 por mês. O plano Essential, que substitui o antigo Core, custa R$ 43,90 e oferece catálogo limitado a cerca de 50 jogos, além de multiplayer online.
Já o Premium, que ocupa o lugar do antigo Standard, ficou em R$ 59,90 por mês. Ele garante acesso a mais de 200 títulos para console, PC e nuvem, mas sem lançamentos no primeiro dia. Jogos de peso, como Diablo IV e Forza Horizon 5, estão disponíveis nessa categoria.

Por fim, o Xbox Game Pass Ultimate agora é a versão mais completa e também a mais cara: R$ 119,90 mensais. Ele dá acesso a mais de 400 jogos, incluindo títulos “day one”, além de benefícios extras como EA Play, Fortnite Crew e Ubisoft+ Classics. Segundo a Microsoft, o plano trará mais de 75 lançamentos no catálogo ao longo do ano.
A versão de PC do Game Pass também sofreu reajustes e agora custa R$ 69,90, incluindo um catálogo de jogos e games chegando direto na assinatura no dia do lançamento. Curiosamente, o serviço para computador não inclui o Clube Fortnite e o Ubisoft+ Classics.
Apesar da defesa da Microsoft de que o Game Pass foi totalmente repaginado, quem assinava planos antigos será migrado automaticamente para as versões equivalentes. Por exemplo, o Core (R$ 34,99) virou Essential (R$ 43,90), e o antigo Ultimate (R$ 59,99) foi ajustado para o novo valor de R$ 119,90.
O polêmico reajuste de preços do Xbox Game Pass até foi adiado em alguns países por causa dos aumentos de preço e mudanças abruptas. No entanto, a revisão do serviço segue vigente no Brasil, onde os novos valores devem começar a ser praticados em 4 de novembro. Enquanto isso, ainda é possível assinar o serviço no preço antigo por meio de cartões-presente.
E você, o que achou da justificativa da Microsoft ao Procon sobre o aumento do Game Pass? Comente nas redes sociais do Voxel!