O posicionamento do governo dos Estados Unidos a favor da concessão de licenças para empresas norte-americanas explorarem o fundo do mar reacendeu uma importante discussão. A mineração destes locais deve ser permitida?
De um lado, existe a pressão econômica em função da cada vez maior demanda por minerais usados em diversos produtos tecnológicos e presentes em grandes profundidades. Do outro, cientistas alertam para riscos ambientais incalculáveis.

Já existe tecnologia para extrair recursos de grandes profundidades
- De acordo com reportagem do portal Interesting Engineering, a região mais cobiçada hoje é a Zona Clarion-Clipperton (CCZ), que fica a cerca de 1.770 quilômetros de San Diego, nos EUA.
- Identificado na década de 1870, o local é rico em níquel e cobre, metais cruciais para o desenvolvimento dos veículos elétricos.
- A expectativa é que a demanda por estes minerais aumente exponencialmente até 2040.
- Se o cenário se confirmar, apenas a exploração do fundo do mar pode garantir a quantidade necessária de recursos para manter as cadeias de suprimento globais funcionando.
- A mineração ocorreria a partir de um veículo coletor que rasteja no fundo do mar.
- Ele conta com um tubo de quatro quilômetros capaz de enviar os materiais para a superfície, bem como um sistema que separa os minerais da lama e outras impurezas.
- Dessa forma, seria possível coletar até 200 toneladas de pasta de sedimentos de nódulos por hora.
- Os defensores da exploração alegam que os trabalhos oferecem menos impactos do que cavar poços e construir barragens de rejeitos em terra.
Leia mais
- Mineração no fundo do mar: o que diz a Ciência?
- Trump cria nova “corrida do ouro” com mineração em alto mar
- Pesquisa alerta: mineração no fundo do mar deixa ‘cicatrizes’ por anos

Impactos ambientais da mineração são incalculáveis
Embora as pesquisas sobre os impactos ecológicos da mineração em alto mar ainda sejam limitadas, estudos apontam que ela pode causar sérios prejuízos à vida marinha. Alguns animais podem ser esmagados pelas máquinas ou sufocados pelos sedimentos que são expelidos pelas atividades de mineração.
Além disso, cientistas descobriram que espécies como as águas-vivas também estão em risco. Um dos maiores temores é que o processo de extração simplesmente destrua comunidades inteiras, gerando danos irreversíveis para a vida marinha. Por isso, ambientalistas afirmam que não é possível realizar a mineração do fundo do mar de forma totalmente segura.

Em 2024, 32 países declararam oposição à mineração do fundo do mar, incluindo Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, México, Suécia, Dinamarca e Áustria. A maioria pediu uma pausa preventiva de qualquer operação do tipo até que todos os riscos sejam conhecidos, mas alguns países, incluindo a França, proibiram totalmente a prática. No entanto, algumas decisões favoráveis à exploração, como nos EUA, pode acabar incentivando outros governos a tomarem medidas parecidas.
O post Mineração no fundo do mar pode mudar a economia global (e os oceanos) apareceu primeiro em Olhar Digital.