Missão de resgate histórica está programada para salvar telescópio espacial da NASA  

Uma missão de resgate inédita está sendo preparada para salvar um dos telescópios espaciais mais importantes da NASA. A iniciativa visa evitar que o Observatório Neil Gehrels Swift se aproxime demais da atmosfera e acabe totalmente destruído. 

O plano envolve o uso de um foguete lançado do ar, uma solução pouco comum, mas vista como a única capaz de atender ao prazo apertado e à órbita específica exigida para a operação. 

Em operação desde 2004, o Swift perdeu altura ao longo dos anos por causa do atrito atmosférico – um processo natural para satélites em órbita baixa que não possuem propulsores próprios. Sem intervenção, o observatório deverá cair até o fim de 2026.

Uma espaçonave robótica tentará o primeiro resgate da história de um satélite despreparado da NASA, numa corrida contra o tempo e a resistência atmosférica. Crédito: Katalyst Space Technologies

Em poucas palavras:

  • A NASA prepara missão inédita para impedir a queda do satélite Swift;
  • O resgate utilizará o foguete Pegasus, da Katalyst Space, lançado do ar para precisão;
  • O Swift perdeu altitude continuamente por atrito atmosférico persistente e crescente;
  • A Katalyst foi contratada para elevar novamente a órbita do observatório;
  • Após cuidadoso mapeamento estrutural prévio, o robô de resgate vai “agarrar” o Swift; 
  • Depois da captura, acionará os propulsores para recolocar o telescópio na órbita correta;
  • O sucesso da missão estabelecerá novo padrão para futuras manutenções robóticas em órbita.

Há exatos dois meses, a NASA anunciou que a empresa Katalyst Space Technologies, do Arizona, foi escolhida para aumentar a altitude do Swift. A novidade revelada agora é o veículo responsável por colocar a missão em órbita: o Pegasus, um foguete da Northrop Grumman que é lançado debaixo da asa de um avião L-1011 Stargazer. O método permite maior flexibilidade de trajetórias e reduz custos, além de dispensar estruturas tradicionais de lançamento em solo.

Em uma publicação recente no X, a Northrop Grumman compartilhou um comunicado da Katalyst Space descrevendo o veículo e a missão.

Observatório de raios gama da NASA caiu 200 km em 20 anos

Avaliado em cerca de 500 milhões de dólares, o satélite Swift foi projetado para estudar explosões de raios gama, fenômenos extremamente energéticos que ajudam os cientistas a investigar eventos do Universo primordial. No entanto, ao longo de 20 anos, ele foi perdendo altura: sua órbita caiu de cerca de 600 km para algo próximo de 400 km. 

Isso ocorre porque o observatório espacial está em uma região onde ainda existe um leve resquício de atmosfera. Mesmo tênue, esse gás exerce atrito constante na espaçonave, reduzindo sua velocidade e fazendo com que a estrutura desça gradualmente. Quanto mais baixo o Swift fica, mais densa é essa camada atmosférica e maior é o atrito, o que acelera ainda mais a queda. Como ele não possui motores para corrigir a trajetória, é incapaz de compensar essa desaceleração natural e continua perdendo altitude.

Sem uma missão substituta em desenvolvimento, a NASA decidiu recorrer ao setor privado para executar o resgate dentro do prazo crítico. Vencendo a seleção, a Katalyst escolheu o foguete Pegasus, que atende às exigências de carga, altitude e cronograma. O veículo pode transportar cerca de 450 kg para a órbita baixa e já acumulou 45 lançamentos desde 1990.

Segundo a Northrop Grumman explicou ao site Space.com, parte do hardware do Pegasus para essa operação já está pronta, restando ajustes de integração, testes finais e o desenvolvimento da trajetória específica para alcançar o Swift. Inclusa no orçamento total de 30 milhões de dólares dedicado ao resgate, a versão usada será o Pegasus XL, modelo mais robusto que o tradicional. 

O foguete Pegasus XL, da Northrop Grumman, fi usado pela Força Espacial dos EUA na missão Tactically Responsive Launch-2 (TacRL-2), em junho de 2021, colocando um satélite de demonstração tecnológica em órbita baixa da Terra. Crédito: Força Espacial dos EUA

Katalyst e NASA correm contra o tempo

A previsão é que o lançamento ocorra em junho. A data é crítica porque o Swift continua perdendo altitude e não há margem para atrasos significativos. A equipe da Katalyst monitora diariamente a órbita do telescópio para avaliar possíveis adaptações, como pequenas mudanças de altitude ou correções na fase de inserção.

Depois de chegar ao espaço, a nave da Katalyst viajará até se alinhar com a órbita do Swift. O processo de aproximação deve durar de duas a três semanas. Antes de qualquer contato, o veículo irá fotografar e mapear o telescópio à distância, garantindo que sua condição estrutural seja compreendida em detalhes.

A captura em si é o ponto mais delicado da operação. O robô de resgate tem cerca de 1,5 metro de altura, pesa 350 kg e usa três braços articulados para se prender ao Swift. No entanto, o telescópio não foi construído para receber manutenção, o que torna difícil encontrar áreas seguras para agarrar sem causar danos.

Além disso, o Swift possui instrumentos ópticos extremamente sensíveis, que não podem ser expostos diretamente ao Sol, à Terra ou à Lua. Por isso, a Katalyst vem analisando fotos de arquivo e consultando engenheiros da NASA e da Northrop Grumman para identificar pontos adequados de captura. O trabalho já definiu um local principal e alguns pontos de apoio alternativos.

Com o telescópio seguro, a nave de resgate usará seus próprios propulsores para elevá-lo novamente aos 600 km originais. A expectativa é que essa manobra garanta mais duas décadas de operação científica. 

Representação artística mostra o Observatório Neil Gehrels Swift, da NASA, orbitando a Terra. Crédito: Chris Smith (KBRwyle)/Centro de Voos Espaciais Goddard/NASA

Leia mais:

Primeiro resgate espacial robótico privado contratado pelos EUA

Caso tudo funcione como previsto, será a primeira vez que uma empresa privada captura e reposiciona um satélite do governo dos EUA.

Embora a NASA já tenha realizado missões de manutenção antes, como as cinco idas ao Telescópio Espacial Hubble entre 1993 e 2009, essas operações foram feitas por astronautas e o Hubble foi projetado para manutenção em voo. Já o Swift, como dito anteriormente, não foi pensado desse modo, por isso o resgate robótico privado é um marco.

Essa não é a primeira missão espacial da Katalyst. Em 2024, a empresa colocou duas espaçonaves em órbita durante a missão Transporter-10 da SpaceX. Esses satélites testaram vários sistemas que serão usados agora, o que ajuda a reduzir riscos. Apesar de tecnicamente preparada, a missão ainda enfrenta um cronograma apertado: serão apenas oito ou nove meses entre a assinatura do contrato com a NASA e o lançamento.

Se tudo der certo, a operação poderá abrir caminho para resgates e manutenções mais frequentes e ágeis no futuro. A empresa já planeja uma missão própria em 2027 para a órbita geoestacionária, usando sua nova plataforma robótica Nexus, voltada para prolongar a vida útil de satélites comerciais e monitorar o ambiente espacial.

Até lá, todas as atenções estão voltadas para o resgate do Swift. O sucesso da empreitada não apenas salvará um telescópio valioso, como também poderá definir um novo padrão para missões de manutenção no espaço.

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