A Tesla mudou a forma como comunica sobre a direção autônoma de seus veículos. Agora, a empresa não garante mais que todos os carros têm hardware completo para autonomia, afirmando que seus veículos são “projetados para autonomia”, segundo o site Electrek.
A alteração ocorre em meio a processos judiciais relacionados ao HW3 e críticas de clientes que compraram veículos com a promessa de direção totalmente autônoma.
Do HW2 ao HW4: evolução do hardware
Historicamente, a Tesla afirmava que todos os carros em produção possuíam hardware capaz de direção autônoma completa, mesmo que o software não estivesse totalmente pronto. A promessa começou no final de 2016 com o HW2 e evoluiu para o HW3, oferecido como atualização gratuita apenas para clientes que compraram o Full Self-Driving (FSD).
Atualmente, a Tesla trabalha em versões mais avançadas, como HW4, mas muitos modelos antigos não têm capacidade de processamento suficiente para suportar direção totalmente autônoma.
Está ficando claro que o HW3 simplesmente não tem o poder de processamento necessário [para a direção autônoma], e a Tesla sabe disso.
Jameson Dow, especialista em veículos elétricos, em artigo para o Electrek.
Impacto legal e para o consumidor
Clientes chegaram a pagar até US$ 15 mil (R$ 81 mil) pelo FSD e podem enfrentar limitações devido ao hardware atual. Existem, atualmente, pelo menos três ações coletivas nos EUA, China e Austrália por promessas não cumpridas de autonomia.
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A nova comunicação permite que a Tesla evite prometer atualizações gratuitas de hardware para veículos mais antigos e adie a solução do problema.
Relatório de segurança do Autopilot
Mas esse não é o único problema da empresa. O último relatório da Tesla sobre o Autopilot mostra números preocupantes. No terceiro trimestre de 2025, houve um acidente a cada 6,36 milhões de milhas (aproximadamente 10,23 milhões de km) com o sistema ligado.
Sem o recurso, houve um acidente a cada 993 mil milhas (cerca de 1,6 milhão de km). Nos EUA, a média é de um acidente a cada 702 mil milhas (aproximadamente 1,13 milhão de km).
Apesar dos números que para um leigo parecem muito bons, o relatório enfrenta críticas. Segundo o Electrek, acidentes menores são ignorados, o Autopilot é usado principalmente em rodovias, e o perfil dos motoristas reduz riscos. Além disso, a Tesla interrompeu a divulgação por mais de um ano e revisou dados antigos. Mesmo assim, a tendência indica piora na segurança do sistema.
Principais pontos do relatório
- Acidente a cada 6,36 milhões de milhas com Autopilot ativado.
- Acidente a cada 993 mil milhas sem Autopilot.
- Pequenos acidentes não são contabilizados.
- Uso predominante em rodovias limita comparações.
- Tendência anual mostra piora na segurança.
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