A partir deste sábado (14), fãs de futebol do Brasil terão que se adaptar a uma nova realidade nos grandes estádios: todas as arenas com capacidade para mais de 20 mil pessoas terão que realizar a identificação biométrica dos espectadores.
Apesar das críticas e polêmicas (que você pode ler no link abaixo), a novidade é encarada de forma positiva por alguns torcedores. Inclusive, dirigentes de empresas que atuam com a chamada tecnologia de reconhecimento facial (TRF) garantem que o país terá mais benefícios do que prejuízos.
- O outro lado: Biometria facial nos estádios apresenta ‘sérios riscos aos torcedores’, alerta especialista
Nestas duas reportagens especiais, o TecMundo fará uma análise dos impactos e um balanço sobre os rumos da privacidade e da segurança não só nos eventos esportivos, mas também em todos os outros grandes eventos públicos e privados.
A Lei Geral do Esporte
As regras que entram em vigor neste 14 de junho de 2025 começaram a ser debatidas em meados de 2017. À época, o Projeto de Lei do Senado (PLS) 68/2017 foi criado para, dentre outras coisas, dar transparência financeira, administrativa, moralidade e responsabilidade social na gestão esportiva. A norma instituía a Lei Geral do Esporte (LGE).
Depois de muitas idas e vindas, vetos, emendas, relatórios e debates, as normas que já tinham se transformado no Projeto de Lei (PL) 1.825/2022 foram aprovadas pelo Senado em maio de 2023. No mês seguinte daquele ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou a LGE, que virou a Lei Nº 14.597.
A LGE tem cerca de 200 artigos e acaba legislando sobre centenas de aspectos como a formação esportiva, ciclos olímpicos e paralímpicos, bolsa-atleta, gestão temerária do esporte e até como funciona o Subsistema Nacional do Esporte Militar.
O termo “segurança” é citado na LGE por mais de 20 vezes, sendo que o ponto de debate sobre a TRF está especificamente no artigo 148. O trecho ressalta que o “espectador tem direito à segurança nos locais onde são realizados os eventos esportivos antes, durante e após a realização das provas ou partidas”.
E uma das formas de promover essa proteção dos torcedores é justamente via TRF. “O controle e a fiscalização do acesso do público à arena esportiva com capacidade para mais de 20.000 (vinte mil) pessoas deverão contar com meio de monitoramento por imagem das catracas e com identificação biométrica dos espectadores”, informa o trecho.
O artigo 148 ainda obriga os estádios a terem uma central técnica de informações com infraestrutura para “viabilizar o monitoramento por imagem do público presente e o cadastramento biométrico dos espectadores”.
Antes do artigo 149, há ainda um parágrafo único pontuando que a regra de biometria deveria entrar em vigor em no máximo dois anos (prazo que se encerra neste 14 de junho de 2025). Apesar da exigência, a LGE não especifica nenhuma penalidade para administradores de estádios que não instalarem e utilizarem a TRF nas catracas. A falta de uma punição clara pode, inclusive, fazer com que clubes não utilizem ou pelo menos atrasem a tecnologia.
Como funcionam as tecnologias de biometria?
Apesar de chegarem só agora nas arenas que realizam grandes eventos, as tecnologias de biometria alcançam muita gente durante o período eleitoral, já estão nos celulares, portarias de prédios e condomínios, por exemplo.
Além do registro facial, essas soluções capturam características fisiológicas das nossas impressões digitais, voz, geometria e vascularização das mãos, DNA e até a íris dos olhos. Esse último tipo, inclusive, virou assunto após a chegada da Tools for Humanity no Brasil. A empresa é a principal parceira do protocolo World e está fazendo a chamada “verificação de humanidade” dos brasileiros.
Segundo o documento Radar Tecnológico: Biometria e Reconhecimento Facial, da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), a solução consegue identificar uma pessoa porque realiza uma análise técnica por “meios matemáticos e estatísticos das características fisiológicas ou comportamentais de um indivíduo”.
Para diferenciar uma pessoa de outra, os sistemas analisam os seguintes padrões
- Curvaturas, espaçamentos e núcleos, no caso das impressões digitais;
- Distância entre os olhos, da boca até o queixo, da ponta do nariz ao queixo;
- Textura da pele, poros, rugas e manchas, no caso da face;
- Picos de frequência de fala, timbre, padrão espectral, ritmo, entonação e velocidade da fala, no caso de reconhecimento de voz.
O estudo da ANPD explica que hoje em dia essa tecnologia é melhorada e apoiada por inteligência artificial (IA), machine learning e deep learning. Tudo isso torna a identificação mais rápida e precisa.
Só que, mesmo levantando os potenciais positivos, a ANPD cita em vários trechos do documento que a biometria e o reconhecimento facial oferecem diversos riscos. Dentre eles estão:
- Compartilhamento indevido dos dados entre controladores;
- Coleta não informada dos dados;
- Intrusão à privacidade e aos direitos e liberdades civis dos titulares de dados;
- Vieses e efeitos discriminatórios de ordem racial, social, étnica, de gênero e econômica;
- Identificações errôneas.
Relembrando, todo esse debate sobre os problemas e polêmicas da TRF e outras soluções de biometria estão nesta outra reportagem do TecMundo.
Como funciona a biometria nos estádios?
Mesmo antes das regras do artigo 148 da LGE chegarem, alguns estádios já estavam adaptados à nova exigência de TRF nas catracas de entrada. O Palmeiras é um desses e foi pioneiro neste sentido.
O clube paulista tem há mais de dois anos instalações que realizam a leitura biométrica facial dos torcedores nas entradas do Allianz Parque, a arena do clube.
Quem quer assistir a uma partida do clube e entra pelos setores mais comuns precisa adquirir a entrada e cadastrar o rosto em um aplicativo. Depois é só ir para o estádio e fazer a leitura na catraca.
Outros estádios, como o Mineirão, em Belo Horizonte (MG), permite o acesso de forma mista. Em visita realizada pelo TecMundo, era permitido entrar utilizando QR Code pelo celular, o registro facial ou até mesmo através dos ingressos físicos (muito comumente utilizado por torcidas organizadas).
Com o artigo 148 da LGE entrando em vigor neste final de semana, ainda não é possível saber exatamente como ficará a entrada nos estádios em todos os setores. Como a lei cita especificamente “catracas”, é possível que outros setores que realizam um acesso mais exclusivo dispensem a TRF.
‘O cambismo zerou’
A empresa que atuou no pioneirismo do Allianz Parque em relação à TRF foi a Bepass. A companhia foi fundada em 2022 e, logo naquele ano, já conseguiu fechar o contrato para fornecer a tecnologia de biometria para o Palmeiras. Em entrevista ao TecMundo, Ricardo Cadar, fundador e CEO da Bepass, comentou sobre os benefícios da biometria nos estádios.
Primeiro, ele lembra que a solução para o Palmeiras foi oferecida após reclamações da presidente do clube, Leila Pereira, sobre os casos de cambismo e ingressos falsos. Após apresentar a iniciativa à dirigente, o acordo foi fechado, os testes começaram e tudo foi um sucesso, segundo Cadar.
“O cambismo zerou [no Allianz Parque] e a questão de ingressos falsificados também. O Palmeiras foi o primeiro clube do mundo com entrada 100% feita com biometria facial. Se não fosse a Leila acreditar [no projeto], poucos clubes acreditariam”, comenta.
Depois do case considerado de sucesso no estádio alviverde, a Bepass assinou novos contratos e se tornou uma das maiores empresas do ramo no Brasil. A companhia já está por trás da TRF nos seguintes estádios: Arena das Dunas (RN), Arena do Grêmio (RS), Arena Fonte Nova (BA), Maracanã (RJ), MorumBIS (SP), Nilton Santos (RJ) e Vila Belmiro (SP), cujo clube dono, o Santos, optou por usar a tecnologia mesmo tendo capacidade inferior a 20 mil pessoas.
No caso da Neo Química Arena (SP), estádio do Corinthians, a empresa havia acertado para ser a fornecedora da tecnologia de biometria facial. Contudo, há pouco mais de uma semana o acordo foi rompido pelo time alvinegro, que terá que procurar alguma outra marca para realizar o serviço.
Quem também citou o combate ao cambismo como um dos principais benefícios da TRF foi Tironi Paz Ortiz, CEO e fundador da Imply, empresa de acessos e ticketing que foi fundada em 2003.
“A tecnologia torna os ingressos únicos e intransferíveis, vinculados ao rosto do titular, o que inviabiliza 100% as tentativas de fraude e a atuação de cambistas”, garante o executivo que também conversou com o TecMundo.
O cambismo zerou mesmo?
Mesmo com a garantia dos empresários, é importante dizer que existem relatos e investigações sobre cambismo e até falsificação de ingressos de estádios que possuem TRF. A reportagem encontrou pelo menos dois relatos diferentes de como funcionaria o esquema de cambismo com biometria facial nos estádios.
O primeiro deles é que em alguns estádios, nem todas as entradas são realizadas via reconhecimento facial. No caso de áreas VIPs ou para convidados, a exigência da biometria é dispensada, e ingressos para esses setores continuam sendo vendidos principalmente em grupos de WhatsApp.
Outro relato lido pela reportagem em redes sociais é que há pessoas vendendo ingressos e repassando para a conta de outras. Elucidando, o cambista venderia o ingresso para uma pessoa e informaria alguém de dentro do clube para transferir digitalmente a entrada para a pessoa que comprou o ticket virtual. Com o ingresso comprado do cambista na conta, o torcedor poderia passar pela câmera e escanear o rosto livremente.
Em relação aos casos de “falsificação de rostos”, o TecMundo noticiou nesta semana sobre a operação Face Off da Polícia Federal. Quadrilhas especializadas estão usando deepfakes e até IA para “roubar” rostos de pessoas e acessarem indevidamente contas do gov.br.
O uso dessas soluções nos estádios seria bem mais complexo, já que os locais possuem fiscais e muitas pessoas em volta. Contudo, vale salientar que nenhuma tecnologia é 100% imune a fraudes e ações criminosas ou cibercriminosas.
Entrando nos estádios em segundos
Outro fator positivo citado pelos executivos da Bepass e da Imply é a agilidade na entrada nos estádios. Enquanto a Bepass promete que os torcedores gastam dois segundos para passar pelas catracas, a Imply garante que o reconhecimento facial é realizado em um segundo.
Ricardo Cadar lembra que, além do futebol, a Bepass atua em eventos esporádicos e a intenção é que grandes shows também tenham acesso realizado via biometria.
“Como o acesso é igual, temos essa intenção. Estamos nesse trabalho de convencer as produtoras [de shows] que a biometria facial é muito mais segura e rápida”, diz.
O CEO da Bepass revela que um dos argumentos que estão sendo utilizados é que as pessoas nem precisariam fazer um novo cadastro para ir às apresentações musicais. “Quando o torcedor já está cadastrado no sistema, ele pode entrar em qualquer outro evento em locais que tenham contrato com a Bepass, bastando comprar o ingresso”.
A Imply é a empresa responsável pela TRF nos estádios Arena Castelão (CE), Arena Fonte Nova (BA), Estádio Beira-Rio (RS), Ligga Arena (PR), Arena Independência (MG), Estádio Ilha do Retiro (PE), Estádio São Januário (RJ), Estádio Presidente Vargas (CE) e Estádio Alfredo Jaconi (RS). Tironi Paz Ortiz afirma que a companhia também está em expansão e que enxerga que a TRF pode ser utilizada em qualquer evento com grandes multidões.
“O objetivo é o mesmo: unir segurança, praticidade e uma melhor experiência para o público. Em eventos de grande porte, por exemplo, a tecnologia contribui para reduzir filas, evitar fraudes e garantir que o ambiente seja mais seguro para todos”, sustenta.
Prisão de procurados e mais segurança
O tópico de segurança é talvez o mais importante do debate sobre a TRF. De acordo com a Bepass, nos mais de 2 anos de funcionamento no estádio do Palmeiras, a tecnologia já identificou e ajudou a prender 212 pessoas procuradas pela Justiça. E neste ponto é importante explicar um aspecto.
As empresas de tecnologia não têm qualquer relação com as forças oficiais de segurança. Para que o banco de dados de registros faciais seja utilizado pelas secretarias de segurança, é preciso que o detentor dos arquivos autorize essa unificação. E os detentores dos dados que fazem a coleta e o armazenamento dos dados biométricos dos torcedores são os clubes de futebol, proprietários dos estádios.
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Ou seja, as prisões ocorreram no Allianz Parque porque o Palmeiras tem uma parceria com as forças policiais e permite que o banco de dados seja utilizado para bater com a lista de procurados.
Cadar é taxativo quando o assunto é segurança. Além de garantir que o torcedor está em um ambiente mais pacífico, já que teoricamente todos ao seu redor foram identificados, ele defende que a primeira preocupação da empresa é com os dados das pessoas, que são ultrassensíveis.
“Nós não fornecemos o banco de dados para nada nem ninguém. E adotamos padrões internacionais de segurança, incluindo criptografia de ponta a ponta. Já estamos trabalhando, inclusive, em soluções para deixar de armazenar as fotos das pessoas e utilizarmos somente templates faciais. Neste segundo semestre já vamos começar esses testes”, revela.
No caso, há uma diferença bastante importante entre as fotos dos rostos e os templates. Enquanto as fotos são imagens brutas, geralmente de alta resolução, os templates são apenas representações matemáticas e dados codificados sobre como são as faces das pessoas. Mesmo não sendo totalmente imunes a vazamentos, os templates são mais seguros porque são mais difíceis de serem transformados em informações legíveis para um ser humano.
Ortiz comenta que o primeiro projeto de destaque da Imply foi justamente aplicado em um ambiente de violência. Em 2012, o Chile passava por um momento de protestos estudantis e alta nos números de violência, inclusive, nos estádios. Naquele ano, a empresa fechou um acordo com o governo e desenvolveu um sistema de controle de acesso nos campos.
“Já no primeiro mês de operação, a plataforma permitiu identificar e bloquear o acesso de milhares de torcedores com histórico de violência, impedindo sua entrada nos estádios. Os resultados foram imediatos e, em poucas semanas, houve uma redução significativa nos índices de violência, comprovando a eficácia da solução”, destaca.
Em relação à proteção dos dados, o CEO afirma que a Imply é certificada com a ISO 27001, por exemplo, que, segundo a marca, somente 0,08% das empresas de tecnologia do Brasil possui. Ele comenta ainda que a empresa é auditada continuamente.
O cadastro de menores é um problema?
Outro grande debate na história da biometria é sobre o cadastro de menores de idade. De acordo com especialistas sobre o tema, como consta na matéria sobre os problemas da TRF, há casos até mesmo de bebês tendo a biometria facial registrada não só em estádios, mas em outros ambientes.
Os registros que, repetindo, são geridos pelos clubes, estão sendo feitos com autorização dos pais ou responsáveis das crianças. A questão chega a estar na mira da ANPD, que está elaborando regras específicas para o tratamento de dados de menores de 18 anos.
“Eu não vejo problema nisso [cadastrar menores de idade] desde que tenha o consentimento de um maior de idade. Infelizmente, estamos em um país em que as pessoas tentam burlar de qualquer forma”, afirma Cadar.
“E o problema é que, se o clube abre uma regra de que pessoas menores de idade não precisam se cadastrar, pessoas adultas vão se passar por menores de idade. E se menores de idade tiverem que entregar o documento, ficará impossível fazer uma entrada rápida nos estádios”, acrescenta.
Tironi Paz Ortiz, o CEO e fundador da Imply, não comentou se é a favor ou contra o cadastro de menores de idade. Ele diz apenas que a empresa opera em conformidade com a LGPD e que aguarda a posição da ANPD “para adaptar nossas soluções conforme novas orientações”.
O que os torcedores pensam sobre a biometria?
O principal afetado na questão do reconhecimento facial nos estádios será o torcedor. E como 19 dos 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro já aderiram ou vão aderir à TRF, a tendência é que milhões de pessoas que gostam de futebol sejam impactadas.
A reportagem do TecMundo visitou o Mineirão na partida entre Cruzeiro e Palmeiras, em 1º de junho, e ouviu a opinião de alguns cruzeirenses sobre o tema. E os posicionamentos ficaram divididos. Aqui, neste texto, você verá as posições favoráveis, sendo que na outra matéria sobre o tema você lerá sobre quem é contrário.
O policial militar Marcelino Castiglioni foi um dos que disseram apoiar a tecnologia. De maneira pertinente, ele lembra que nós já compartilhamos nossos dados em diversos locais como redes sociais, aplicativos, sites de compra, etc. e que por isso não enxerga problema em ter o rosto lido para acessar os estádios.
“A tecnologia é moldada por seres humanos e inevitavelmente carregará consigo as falhas inerentes aos preconceitos e vieses de quem a projetou. A solução que eu enxergo é o aprimoramento da ferramenta e não a adoção da identificação facial como uma prova cabal ou única na identificação de possíveis infratores”, argumentou sobre possíveis erros da ferramenta.
Rafael Caldeira Quirino, que é engenheiro mecânico, comenta que a instalação das câmeras será um grande avanço e que se sente mais seguro sabendo que as pessoas estão sendo identificadas. Ele levanta o ponto de que a possibilidade de individualização das punições em casos de violência é um fator importante para que ele seja favorável ao projeto.
“Na maioria das vezes, as pessoas que cometem delitos dentro dos estádios não são identificadas e acontece, inclusive, uma inversão nesse sentido, onde o clube é punido com perdas de mando de campo, multas, etc.”, diz.
“Uma medida como essa [punição ao time] impacta diretamente no planejamento de um clube de futebol com diminuição de receita, perda de resultado esportivo e também os demais torcedores que são lesados por algo que não fizeram”, acrescenta.
Outro lado
CBF
O TecMundo entrou em contato com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para saber, dentre outras coisas, qual a responsabilidade da entidade e qual a opinião do novo presidente, Samir Xaud, sobre o projeto. Contudo, a reportagem não obteve retorno até o fechamento.
Ministério da Justiça e Segurança Pública
A reportagem também entrou em contato com o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). Por nota, a pasta comunicou que desenvolveu em cooperação com outros órgãos o projeto Estádio Mais Seguro.
A iniciativa tem o objetivo de “identificar, através do Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), pessoas com mandados de prisão em aberto e torcedores com medidas judiciais de restrição quando houver aquisição de ingressos para eventos futebolísticos”. Após a identificação dessas pessoas, elas seriam impedidas de entrar nos estádios.
O projeto está em fase de formalização documental, mas já teve provas de conceito em partidas como Brasil x Colômbia, que foi realizada em março deste ano no estádio Mané Garrincha (DF). O Estádio Mais Seguro deve utilizar TRF para ampliar a segurança, já que ainda não o faz.
Por último, sobre a Lei Geral do Esporte, o ministério elucidou que não tem nenhuma responsabilidade “relativa à instalação de tecnologia de reconhecimento facial”.
ANPD
Em extensa nota, a ANPD explicou como tem realizado a fiscalização e a cobrança aos clubes em relação ao cadastro, armazenamento e uso das biometrias faciais dos torcedores.
Dentre outras coisas, a entidade esclarece ter solicitado a 23 clubes investigados (Nota Técnica nº 5/2025/FIS/CGF/ANPD e Nota Técnica nº 6/2025/FIS/CGF/ANPD) esclarecimentos quanto à “conformidade legal de eventual prática de tratamento de dados biométricos de torcedores menores de 16 anos de idade como condição necessária para a participação em eventos esportivos”.
A Coordenação-Geral de Fiscalização da ANPD também solicitou regularizações aos clubes, que incluem a disponibilização aos torcedores de links com informações claras sobre o tratamento de dados, explicações sobre as finalidades específicas do tratamento de dados biométricos, os direitos dos titulares e as formas de exercício desses direitos e mais.
Em relação a como os torcedores devem se portar em relação a casos de uso indevido de dados ou vazamentos, a ANPD recomendou solicitar esclarecimentos aos controladores dos dados (os clubes) e indicou a página de orientações e denúncias para a agência: https://www.gov.br/anpd/pt-br/canais_atendimento/cidadao-titular-de-dados/denuncia-peticao-de-titular.
*Com colaboração de André Luiz Dias Gonçalves.