Nesta quarta-feira (19), com transmissão ao vivo em todas as plataformas do Olhar Digital, a NASA realizou uma coletiva de imprensa para revelar imagens inéditas do cometa interestelar 3I/ATLAS. O evento, direto do Centro de Voos Espaciais Goddard, em Maryland, reuniu especialistas para explicar o material obtido por diferentes missões da agência.
Estiveram presentes Amit Kshatriya, administrador associado da NASA, Nicky Fox, líder da Diretoria de Missões Científicas, Shawn Domagal-Goldman, diretor interino da Divisão de Astrofísica, e Tom Statler, cientista-chefe para corpos pequenos do Sistema Solar.
Descoberto em julho por astrônomos do Sistema de Último Alerta para Impacto de Asteroides com a Terra (ATLAS, na sigla em inglês), um projeto financiado pela NASA para monitorar objetos que possam representar risco ao planeta, o 3I/ATLAS é apenas o terceiro visitante interestelar já identificado passando pelo Sistema Solar. Por isso, cada registro é considerado uma oportunidade científica rara.
Yes! You can follow comet 3I/ATLAS as it speeds through the solar system. Here’s how:
While it’s not visible to the naked eye, you can track its real-time path using @NASA’s interactive tool, Eyes on the Solar System.
🔗: https://t.co/kV5kQEThkF pic.twitter.com/26yAb97k4K
— NASA Science (@NASAScience_) November 19, 2025
Várias espaçonaves de NASA miram o 3I/ATLAS
Entre 2 e 3 de outubro, o 3I/ATLAS passou relativamente perto de Marte, a cerca de 30 milhões de km – bem menos que a distância de 270 milhões de km que o objeto vai estar da Terra na passagem mais próxima, em dezembro.
Na ocasião, a câmera HiRISE, instalada na sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), registrou imagens com resolução de cerca de 30 km por pixel. Enquanto o MRO capturou uma das imagens mais próximas do cometa, a sonda MAVEN (sigla para “Evolução da Atmosfera e dos Voláteis de Marte”) obteve imagens ultravioleta que ajudarão os cientistas a entender a composição do objeto. Também foi apresentada uma imagem obtida do “chão” marciano, pelo rover Perseverance.



Algumas missões de heliofísica da NASA conseguem observar regiões muito próximas ao Sol, permitindo acompanhar o cometa 3I/ATLAS mesmo quando ele passou atrás da estrela, fora do alcance de telescópios terrestres. É a primeira vez que instrumentos desse tipo observam, de forma direcionada, um objeto vindo de outro sistema estelar.
O Observatório de Relações Sol-Terra (STEREO) registrou o cometa entre 11 de setembro e 2 de outubro, fornecendo imagens importantes do deslocamento do 3I/ATLAS em uma área normalmente difícil de monitorar a partir do solo.

O Observatório Solar e Heliosférico (SOHO), operado pela NASA em parceria com a Agência Espacial Europeia (ESA), complementou o rastreamento com observações feitas em 15 e 16 de outubro, oferecendo uma visão adicional do comportamento do cometa próximo ao brilho intenso do Sol.

O Polarímetro para Unificar a Coroa e a Heliosfera (PUNCH), lançado em março, produziu imagens entre 20 de setembro e 3 de outubro, revelando detalhes da cauda do cometa e sua interação com o vento solar.

A sonda Psyche, destinada a estudar o asteroide metálico de mesmo nome, realizou quatro observações nos dias 8 e 9 de setembro, a 53 milhões de quilômetros de distância, ajudando a refinar a trajetória do 3I/ATLAS.

Por fim, a sonda Lucy, que investiga os asteroides troianos de Júpiter, registrou imagens em 16 de setembro, a 386 milhões de quilômetros, destacando detalhes da coma e da cauda a partir da sobreposição das exposições.

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Imagens ficaram retidas por mais de 40 dias
Apesar da grande importância científica, as imagens ficaram semanas sem análise ou divulgação. Isso ocorreu porque a NASA foi diretamente afetada pelo shutdown de 43 dias do governo dos EUA, que suspendeu parte das operações, reduziu equipes a serviços mínimos e atrasou o trabalho de setores inteiros.
Segundo o Space.com, muitos especialistas ficaram impedidos de acessar laboratórios, bancos de dados e sistemas internos essenciais para processar o material captado pelos telescópios. A pausa também atrasou cronogramas de revisão, validação e divulgação pública das imagens, criando um efeito dominó em outras etapas da pesquisa. Mesmo os setores que continuaram ativos tiveram de operar com menos suporte técnico e logístico, o que reduziu o ritmo de trabalho. Embora o processamento já tenha sido retomado, a interrupção deixou um atraso acumulado que a NASA ainda tenta compensar.
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