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NASA e ESA “mergulham” sondas na cauda de visitante interestelar

by Fesouza
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Antes de chegar a Júpiter para investigar Europa, quarta maior lua do planeta e sexta maior do Sistema Solar, a sonda Europa Clipper, da NASA, tem uma missão extraordinária a cumprir: observar o cometa 3I/ATLAS, o terceiro visitante interestelar já identificado no Sistema Solar

Não apenas ela, como a sonda Hera, da Agência Espacial Europeia (ESA). Enquanto se dirige ao asteroide binário Didymos-Dimorphos, o equipamento também será utilizado para esse objetivo inesperado. Ele foi lançado para analisar, in loco, as consequências do teste de defesa planetária da NASA baseado em chocar uma espaçonave contra um asteroide para desviar sua rota – relembre a missão DART aqui.

NASA e ESA “mergulham” sondas na cauda de visitante interestelar
Conceito artístico da espaçonave Europa Clipper, da NASA, com a lua Europa, e Júpiter, e o próprio planeta ao fundo. Créditos: NASA / JPL-Caltech

Sondas vão estar alinhadas para “entrar” na cauda do cometa

De acordo com um artigo aceito para publicação pelo periódico científico Research Notes of the American Astronomical Society, tanto a Europa Clipper quanto a Hera estarão alinhadas de forma a entrar na cauda iônica do cometa nas próximas semanas – mesmo seguindo rumo a destinos totalmente diferentes.

Embora o 3I/ATLAS não se aproxime muito do Sol (a menor distância será de 203 milhões de quilômetros), esse encontro marcará um pico de atividade. Em 29 de outubro, ambas as espaçonaves estarão na região estimada da cauda iônica.

Conceito artístico da sonda Hera
Conceito artístico da missão Hera, da ESA, vista com seus CubeSats em órbita em torno de Dimorphos. Crédito: ESA/Science Office

A Hera estará na posição correta primeiro, entre 25 de outubro e 1º de novembro, durante o pico de atividade. No entanto, a sonda não possui instrumentos para medir a cauda do cometa. “Como Hera não está equipada com nenhum instrumento in-situ, não há como medir quaisquer propriedades da cauda do cometa durante sua passagem”, explicou um porta-voz da ESA ao site IFLScience. A equipe promete analisar novas informações e divulgar atualizações caso surjam.

Já a Europa Clipper tem os equipamentos adequados para estudar a cauda iônica. Se as condições do vento solar forem favoráveis entre 30 de outubro e 6 de novembro, a missão poderá coletar dados raros de um objeto interestelar, segundo os autores do artigo. Ainda não se sabe se a observação será realizada, já que não houve resposta do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA, responsável pela missão.

O atraso na resposta pode estar relacionado à paralisação do governo dos EUA e a uma reestruturação interna no JPL, após demissão em massa de 550 funcionários. Isso pode afetar o uso efetivo da missão para esta investigação específica.

Caso nenhuma das naves consiga coletar dados diretos do 3I/ATLAS, outras oportunidades estão previstas. Conforme noticiado pelo Olhar Digital, a missão JUICE, da ESA, observará o cometa nos dias 2 e 25 de novembro. Embora não seja uma amostra direta, essas observações ainda podem fornecer informações valiosas sobre este visitante interestelar.

NASA e ESA “mergulham” sondas na cauda de visitante interestelar
O encontro da sonda JUICE com o cometa 3I/ATLAS não será tão próximo, mas deve fornecer alguns insights muito interessantes sobre o objeto. Créditos: ESA/ATG medialab – Triff/Shutterstock (Edição: IFLScience)

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Visitante interestelar 3I/ATLAS deixará legado precioso para a ciência

O 3I/ATLAS deverá fazer sua maior aproximação da Terra em dezembro, mas a uma longa distância, sem efeitos práticos para o nosso planeta. De acordo com a ESA, a campanha de aproveitamento de missões em operação reforça uma tendência da exploração espacial moderna: extrair ciência de alto impacto ao aproveitar janelas raras, mesmo em fases de cruzeiro. 

O investimento em instrumentos de imagem e espectroscopia que tornam isso possível não fica confinado ao espaço. As mesmas técnicas de detecção, calibração e compressão de dados alimentam melhorias em sensoriamento da Terra, previsões ambientais e, por tabela, tecnologias que chegam a áreas como diagnóstico por imagem e monitoramento de qualidade do ar – benefícios concretos para saúde e bem-estar.

Observar um visitante interestelar com uma sonda a caminho de Júpiter, como a JUICE e a Europa Clipper, reúne três frentes de ciência em um mesmo momento: origem de cometas, evolução de sistemas planetários e desenvolvimento de instrumentos mais precisos. Os resultados obtidos devem ampliar a compreensão sobre como materiais orgânicos e água viajam entre estrelas – e, em última instância, como mundos habitáveis podem surgir.

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