Nebulosa da Aranha Vermelha encanta em nova imagem do James Webb

As nebulosas planetárias são o espectro cósmico do Universo, um misto de beleza e o prenúncio da morte estelar. Elas marcam o fim dramático de estrelas similares ao nosso Sol. A Agência Espacial Europeia (ESA) divulgou esta semana um registro bem propício ao Halloween, feito pelo Telescópio Espacial James Webb, da NASA, de um desses espetáculos de cores e ruínas.

O nome, que parece ter relação com planetas, é um erro histórico nascido na era dos telescópios primitivos. Naquela época, a forma arredondada desses objetos levou astrônomos a uma confusão que, embora corrigida, perdurou no rótulo.

Sobre as nebulosas planetárias:

  • Nebulosas surgem quando estrelas esgotam seu combustível nuclear e incham, tornando-se uma gigante vermelha que ejeta suas camadas externas;
  • O que resta é um núcleo incandescente central, que irradia energia;
  • A energia ioniza o gás expelido, criando as cores e formas vibrantes das nebulosas;
  • O resultado é um fenômeno cósmico visualmente impressionante.

Olhar do Webb revela futuro que espera pelo Sol

Nosso Sol tem um destino semelhante traçado: ele se expandirá para mais de 200 vezes o seu tamanho atual, transformando-se em um “fantasma estelar” que pode consumir todos os planetas em seu entorno, incluindo a Terra. A observação das nebulosas planetárias, portanto, é um vislumbre de nosso futuro distante.

Essa dinâmica é ilustrada na imagem da Nebulosa da Aranha Vermelha capturada pelo Webb, divulgada nesta terça-feira (28) pela ESA. As cores que vemos, no entanto, são uma “maquiagem de Halloween”: o telescópio capta o infravermelho, invisível aos olhos humanos, e cientistas aplicam tonalidades artificiais para mapear diferentes elementos. Tons azulados, por exemplo, destacam a presença de hidrogênio molecular, guiando a ciência por dentro da estrutura.

Uma visão deslumbrante da Nebulosa da Aranha Vermelha (NGC 6537), capturada pelo Telescópio Espacial James Webb da NASA/ESA/CSA, revela detalhes inéditos dessa estrutura cósmica em meio a um campo repleto de estrelas. Crédito: ESA/Webb, NASA e CSA, JH Kastner (Instituto de Tecnologia de Rochester)

No centro da nebulosa, há uma estrela visível, mas a morfologia em ampulheta sugere a presença de uma companheira invisível, formando um sistema binário. O JWST revela ainda uma camada de poeira quente que envolve a estrela detectável. Os lóbulos dessa gigantesca “aranha” cósmica se estendem por cerca de três anos-luz, inflados pelo gás ejetado ao longo de milênios. Um padrão em ‘S’, sutilmente avermelhado, é associado à emissão de ferro ionizado.

O pano de fundo da imagem é um céu de arrepiar, repleto de estrelas e galáxias distantes, demonstrando a sensibilidade notável do JWST. As estrelas mais brilhantes exibem um padrão de oito pontas, que é a “assinatura” inconfundível do espelho segmentado do telescópio.

Com seu inigualável poder de resolução, o JWST não para de surpreender, desta vez demonstrando que, no cosmos, o fim da vida estelar é, paradoxalmente, um dos mais fascinantes e catastróficos espetáculos já registrados pela ciência.

A Nebulosa da Aranha Vermelha vista pelo Telescópio Espacial Hubble. Crédito: ESA e Garrelt Mellema (Universidade de Leiden, Holanda)

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Sobre a Nebulosa da Aranha Vermelha

Também denominada NGC 6537, a Nebulosa da Aranha Vermelha é uma impressionante nebulosa planetária localizada na constelação de Sagitário. Foi descoberta em 15 de julho de 1882 pelo astrônomo Edward Charles Pickering, dos EUA, durante observações sistemáticas do céu. Situada a aproximadamente quatro mil anos-luz da Terra, ela se destaca pelo formato complexo, lembrando uma aranha, e pelo intenso brilho vermelho emitido pelo gás ionizado.

Com cerca de três anos-luz de diâmetro, é relativamente compacta em comparação a outras nebulosas. Sua estrutura revela jatos de gás que se estendem a grandes velocidades, formando padrões intricados ao redor de sua estrela central moribunda. A Nebulosa da Aranha Vermelha é um dos exemplos mais fascinantes de nebulosas planetárias estudadas por astrônomos, oferecendo pistas sobre os estágios finais da vida de estrelas de massa média.

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