Um dos maiores debates sobre o uso da Inteligência Artificial diz respeito ao mercado de trabalho. Vamos perder espaço para os robôs? As máquinas ficarão com todos os nossos empregos? Vou precisar buscar uma nova formação e aprender a mexer com TI?
A questão já foi abordada em alguns estudos e em diversas rodas de conversa. Também foi um dos motivos que levaram atores e roteiristas de Hollywood a entrarem em greve no ano retrasado. Na época, o tema era muito embrionário, uma vez que ainda estávamos em um estágio inicial da tecnologia.
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Hoje, dois anos depois, as coisas avançaram bastante e uma grande empresa do setor acaba de admitir ter utilizado IA generativa em uma de suas produções.
Em declaração à imprensa, durante a divulgação dos resultados do 2º trimestre, o copresidente-executivo da Netflix, Ted Sarandos, admitiu que a gigante do streaming utilizou ferramentas de IA na série argentina O Eternauta, que fez bastante sucesso no mês de maio.
O que disse Sarandos
Mais do que admitir o uso, o executivo defendeu a tecnologia e disse que a IA generativa é uma aposta da empresa:
“Continuamos convencidos de que a IA representa uma oportunidade incrível para ajudar criadores a produzir filmes e séries melhores, não apenas mais baratos”, disse Ted Sarandos.
“Trata-se de pessoas reais trabalhando de verdade com ferramentas melhores. Nossos criadores já estão percebendo os benefícios na produção por meio da pré-visualização e do planejamento de cenas, e certamente dos efeitos visuais”, continuou.
- No caso de O Eternauta, a equipe utilizou a Inteligência Artificial nos efeitos especiais.
- Você pode ver a IA em ação em uma cena que mostra um prédio desabando em Buenos Aires, por exemplo.
- Sarandos declarou que o uso da tecnologia permitiu que a cena fosse concluída 10 vezes mais rápido do que nos padrões tradicionais.
- Além disso, a equipe necessária foi muito menor, mantendo mesmo assim a qualidade do resultado final.
De acordo com Sarandos, as pessoas não perderão necessariamente seus empregos, mas devem aprender a lidar com as novas tecnologias.
“Os criadores ficaram entusiasmados com o resultado. Nós ficamos entusiasmados com o resultado e, mais importante, o público ficou entusiasmado com o resultado. Então, acho que essas ferramentas estão ajudando os criadores a expandir as possibilidades de contar histórias na tela, e isso é infinitamente emocionante”, concluiu Sarandos.
Mais sobre O Eternauta
O Eternauta é uma adaptação de uma clássica história em quadrinhos argentina de mesmo nome. A obra de Héctor Oesterheld conta a história de Juan Salvo, um homem que enfrenta uma nevasca letal em Buenos Aires.
Nas entrelinhas, porém, o conto faz uma crítica social à Guerra Fria e, mais posteriormente (numa nova edição) à ditadura militar na Argentina. O Eternauta retrata temas como o medo da destruição em massa, desigualdade social, autoritarismo e resistência coletiva.
Oesterheld, aliás, militava em um grupo de resistência ao regime militar na década de 1970. Ele e suas 4 filhas desapareceram nesse período e nunca mais foram encontrados.
A trajetória de Héctor é um dos casos mais simbólicos da repressão a artistas e intelectuais durante a ditadura argentina. E, hoje, O Eternauta representa um marco da ficção científica e da resistência política na América Latina.
A série na Netflix recebeu inúmeros elogios por parte de público e crítica. Ao todo, são 6 episódios protagonizados pelo astro argentino Ricardo Darín.
As informações são do The Guardian.
O post Netflix admite que usou IA generativa em série; descubra qual apareceu primeiro em Olhar Digital.