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NFTs, tokenização de ativos e a volta do que não foi

by Fesouza
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Muito se fala do crescimento exponencial do mercado de criptomoedas para investimento e negociação e, de fato, a desintermediação do sistema financeiro por meio da tecnologia blockchain gera um ganho de escala incomparável em relação a outros ativos. Além do seu uso como reserva de valor, a tecnologia permitiu repensar como problemas antigos podem ser resolvidos de forma mais eficiente.

Após o sucesso do Bitcoin, uma segunda criptomoeda surgiu e ganhou escala: o Ethereum, criado para ampliar as possibilidades da blockchain. O Ethereum funciona como um pequeno computador dentro da rede, executando cálculos e operações automaticamente, assim como a nossa cadeia de DNA pode ativar funções diferentes conforme condições específicas pré-programadas.

Entre muitas inovações no próprio conceito de blockchain, destaca-se, por exemplo, a criação de novas moedas e a tokenização de diversos ativos usando os chamados Smart Contracts. O padrão ERC-20 permitiu que milhares de moedas digitais surgissem, incluindo as stablecoins, que têm seu valor atrelado a moedas tradicionais como dólar ou real.

Mais tarde, surgiram também os tokens não fungíveis (NFTs), que permitem representar ativos digitais únicos ou até bens reais na blockchain. A grande diferença, nesse caso, foi a possibilidade de atribuir um identificador único a uma moeda e ainda incluir metadados.

Isso deu origem à febre das NFTs, em que muita gente pagou milhões de dólares por imagens na internet, sem qualquer valor real, simplesmente pelo direito de dizer que aquela imagem é realmente sua. Obviamente, aqui há um problema entre escassez e propriedade: ativos digitais podem ser infinitamente copiados. Assim, esse mercado colapsou rapidamente e, hoje, não há mais grandes negociações como no seu boom.

Mas a tokenização de ativos físicos é outra história. A possibilidade de lastrear ativo (não fungíveis) a moedas digitais em um mesmo contrato veio com o ERC-1155 e abriu a possibilidade de transações com maior segurança entre os dois mundos.

Por exemplo, o Banco Central, com a agora semi-extinta criptomoeda DREX, pretendia ligar a movimentação de ativos físicos, como imóveis e carros, à movimentação financeira do contrato registrado em sua própria blockchain. Assim, a transferência da propriedade desses ativos se completaria automaticamente assim que o pagamento fosse feito dentro da própria rede, eliminando qualquer possibilidade de fraude ou inadimplência em operações de alto risco.

Ainda explorando o universo de possibilidades, uma multipropriedade pode ser tokenizada, com seus ganhos compartilhados entre os detentores do token dentro da própria blockchain. Isso é similar ao que ocorre com quartos de hotéis que você quase se sente obrigado a comprar quando visita pontos turísticos muito badalados e que, no final das contas, você nunca mais consegue passar adiante.

Esse problema poderia ser resolvido por meio da tokenização e da negociação desses tokens em mercado aberto, fracionando seu uso de acordo com a necessidade do detentor do token.

Assim como aconteceu com as NFTs, em que o entusiasmo levou muita gente a perdas financeiras, às vezes, a tecnologia está à frente do seu tempo e nem todos estão prontos para absorver uma ideia inovadora, especialmente quando ela pode sacrificar empregos.

Como dizem por aí, se a luz fosse inventada hoje em dia, os vendedores das velas bloquearia seu uso em ambientes públicos sem pagar indenizações aos seus acendedores, que passavam suas vidas subindo e descendo dos postes no século XVIII.

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