No lugar mais silencioso do mundo, você consegue escutar até seu sangue

Quando pensamos em silêncio absoluto, imaginamos talvez um campo isolado ou uma biblioteca vazia. Existem, de fato, lugares naturais extremamente silenciosos, como a cratera do vulcão Haleakalā, no Havaí, onde a ausência de vegetação e a profundidade da cratera protegem o local do vento, criando um ambiente onde os níveis de som podem chegar a 10 decibéis.

No entanto, para encontrar o verdadeiro campeão do silêncio absoluto, é preciso visitar um ambiente artificialmente construído para desafiar os limites da audição humana.

Segundo o Guinness World Record, o título de lugar mais silencioso da Terra pertence aos Laboratórios Orfield, localizados em Minneapolis, no estado de Minnesota nos EUA. O laboratório abriga uma câmara anecoica, um espaço projetado para absorver quase todo o som, que conquistou o recorde do Guinness Book por três vezes.

Na câmara anecoica dos Laboratórios Orfield, considerado o lugar mais silencioso do mundo, é possível escutar até o próprio sangue fluindo. (Imagem: Orfield Laboratories)

A medição mais recente e impressionante registrou um nível de ruído ambiente de -24,9 decibéis. Para se ter uma ideia, o zero decibel é considerado o “limite” da audição humana, ou seja, este lugar é muito mais silencioso do que o ouvido humano consegue processar naturalmente.

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Como é “ouvir” no lugar mais silencioso do mundo

O isolamento acústico é tão profundo que os visitantes relatam ouvir sons do próprio corpo que normalmente são mascarados pelo ruído do dia a dia. É possível escutar o bater do coração, o fluxo do sangue percorrendo as veias e artérias e até mesmo o som das próprias pálpebras ao piscar. Essa ausência total de eco e ruído externo pode causar náuseas e desorientação espacial.

A fama da sala gerou diversas lendas urbanas, incluindo o mito de que ninguém conseguiria “sobreviver” lá dentro por mais de 45 minutos sem enlouquecer. Essa história, contudo, não passa de boato. O mito foi derrubado quando um repórter do New York Times permaneceu na câmara por três horas seguidas.

Embora ele tenha saído ileso, a experiência confirmou que o silêncio extremo pode ser desconfortável, transformando o corpo humano na única fonte de som perceptível.

Entenda a ciência por trás do silêncio “negativo”

Parede de Câmara Anecoica, que permite o silêncio “negativo” (Imagem: Orfield Laboratories)

Mas como um som pode ser negativo? A resposta está na forma como medimos o barulho. A escala de decibéis é logarítmica, não linear, o que a torna diferente de uma régua comum. O “zero” decibel não significa ausência de som, mas sim o som mais baixo que um ouvido humano saudável consegue detectar. Portanto, quando os Laboratórios Orfield registram -24,9 decibéis, eles estão medindo um silêncio que vai muito além da nossa capacidade auditiva, em um ambiente que absorve 99,99% do som.

Para atingir esse nível de isolamento, a construção da câmara é uma obra-prima da engenharia acústica. O espaço utiliza cunhas de fibra de vidro e espuma para dissipar a energia sonora e evitar o eco.

Além disso, a sala inteira é construída sobre amortecedores de vibração para impedir que qualquer ruído externo “vaze” para dentro. O resultado é um local que funciona tanto como um laboratório de testes de precisão quanto como uma atração curiosa para quem deseja experimentar a verdadeira privação sensorial.

O vídeo abaixo exemplifica como essa sala absorve o som:

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