Nós saberíamos se uma supernova estivesse prestes a explodir perto da Terra?

Uma supernova é um dos eventos mais violentos e energéticos do Universo. Quando uma estrela massiva chega ao fim da sua vida e colapsa sobre si mesma, a explosão resultante pode emitir tanta energia quanto o Sol produziria durante toda a sua existência.

Diante disso, surge uma pergunta inquietante: seria possível detectar esse fenômeno antes que seus efeitos chegassem até a Terra? A resposta, segundo cientistas que monitoram eventos cósmicos, é sim, pelo menos em parte.

Se uma Supernova estivesse para explordir perto da Terra, nós saberíamos?

Este vídeo de concepção artística mostra como duas estrelas de nêutrons minúsculas, mas muito densas, se fundem e explodem como uma quilonova. Crédito: Observatório Europeu do Sul (ESO).

De acordo com informações publicadas pelo portal Phys.org, astrônomos estão atualmente equipados com instrumentos capazes de detectar sinais prévios de uma supernova.

Esses sinais não envolvem luz visível, como muitos imaginam, mas sim partículas subatômicas conhecidas como neutrinos. Essas partículas, praticamente sem massa e quase impossíveis de detectar, viajam em altíssimas velocidades e podem atravessar a matéria sem serem absorvidas, o que as torna um aviso antecipado eficaz em relação ao que está por vir.

Uma das estrelas mais observadas nesse contexto é Betelgeuse, localizada a cerca de 650 anos-luz da Terra. Trata-se de uma supergigante vermelha que já demonstrou comportamentos instáveis no passado.

Apesar de estar relativamente longe, a preocupação existe porque uma explosão de grande magnitude poderia, em teoria, afetar o planeta. No entanto, especialistas destacam que mesmo uma supernova relativamente próxima teria efeitos limitados, dependendo da distância em que ocorresse.

É consenso entre os pesquisadores que uma explosão de Betelgeuse, por exemplo, não representaria ameaça significativa para a vida na Terra, embora pudesse interferir em satélites e na camada de ozônio.

O principal mecanismo de alerta hoje está relacionado à detecção de neutrinos. Antes mesmo que a luz da supernova atinja a Terra, uma enorme quantidade dessas partículas seria liberada. Essa emissão seria captada por observatórios especializados, como o Super-Kamiokande no Japão, que já opera com essa finalidade. Essa antecipação pode ocorrer com horas de antecedência, o que daria aos cientistas uma janela temporal valiosa para observar o fenômeno em detalhes.

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Detector em construção na China (Imagem: Xinhua/Agência Estatal de Notícias da China)

Esses neutrinos são importantes não apenas como sinal de alerta, mas também como fonte de informação sobre o processo interno da estrela. Como são emitidos diretamente do núcleo durante o colapso, eles trazem dados que não podem ser obtidos pela luz, que só escapa quando a onda de choque atinge a superfície da estrela.

Por isso, os cientistas vêm tentando há anos aprimorar as técnicas de detecção de neutrinos, para aumentar a precisão e o tempo de resposta em caso de um evento real.

O esforço global para detectar uma supernova iminente inclui também o desenvolvimento de redes de observatórios. O Supernova Early Warning System (SNEWS) é uma iniciativa internacional que busca conectar diferentes detectores de neutrinos para emitir alertas coordenados.

Isso permitiria que astrônomos do mundo todo direcionassem seus telescópios na direção certa, assim que os primeiros sinais fossem registrados. Em outras palavras, o SNEWS é uma tentativa de montar uma espécie de “defesa civil astronômica”, que entra em ação assim que o cosmos mostra sinais de atividade incomum.

(Imagem: NASA, ESA, Hubble; Processing & License: Judy Schmidt)

Ainda assim, há limitações. Um dos principais desafios é a própria raridade das supernovas próximas. Estima-se que uma supernova ocorra na Via Láctea a cada 50 ou 100 anos, mas a maioria delas acontece em regiões encobertas por poeira interestelar ou muito distantes para que os sinais cheguem com intensidade suficiente.

Além disso, como o próprio nome indica, trata-se de um evento “super”, e mesmo os melhores instrumentos ainda têm dificuldades para antecipar com exatidão o momento exato da explosão.

Por isso, os cientistas trabalham com margens de incerteza. Mesmo com o avanço da tecnologia e dos métodos de detecção, ainda não é possível prever com precisão absoluta quando uma estrela irá explodir. A estratégia, portanto, é monitorar estrelas com maior potencial de supernova, como Betelgeuse, e preparar os sistemas de alerta para reagirem rapidamente quando os neutrinos forem detectados.

Caso uma supernova ocorra em uma distância inferior a 30 anos-luz da Terra, os efeitos poderiam ser mais graves. Nesse caso, haveria risco de destruição da camada de ozônio, aumento de radiação ultravioleta na superfície terrestre e impactos sobre os sistemas biológicos e tecnológicos do planeta.

No entanto, nenhuma das estrelas próximas à Terra apresenta esse risco atualmente. Mesmo Betelgeuse, com toda sua fama, está muito distante para causar esse tipo de dano.

Se uma supernova estivesse prestes a atingir a Terra, muito provavelmente nós saberíamos com antecedência, mas muito provavelmente seria o suficiente apenas para preparar um miojo e assistir à destruição pela janela.

Com informações de Phys.org.

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