Uma das formas de ajudar pacientes na batalha contra o câncer é a imunoterapia. Um desses métodos utiliza as células T. Elas são os glóbulos brancos do corpo que combatem o câncer e infecções, ou seja, possuem um papel fundamental no sistema imunológico.
Pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências (CAS), divulgaram recentemente um método para melhorar a eficácia da imunoterapia contra o câncer. Ele consiste basicamente em dar um descanso às células T.
Essas células se esgotam rapidamente após infiltrarem o tecido tumoral, perdendo sua capacidade de matar células cancerígenas. Esse esgotamento é causado, em parte, por interações persistentes entre células T e células tumorais, envolvendo múltiplas vias de sinalização imunossupressoras que freiam a resposta imune.
(Imagem: Corona Borealis Studio/Shutterstock)
Para resolver essa questão a equipe de pesquisadores desenvolveu uma barreira física biomimética (BFB) que bloqueia temporariamente as interações entre células T e células tumorais, retardando o esgotamento das células T e permitindo uma resposta imune mais forte e sustentada.
O estudo foi desenvolvido pela equipe do Prof. LIANG Xingjie, do Centro Nacional de Nanociência e Tecnologia da Academia Chinesa de Ciências (CAS), junto com o Prof. GONG Ningqiang, da Universidade de Ciência e Tecnologia da China da CAS. O estudo resultou em um artigo que foi publicado na revista PNAS.
Como o método funciona?
O método se baseia em construir barreiras físicas que dificultam as interações entre as células imunes e as células tumorais. Essas barreiras são fibróticas. Para concretizar esse conceito, os pesquisadores:
- Projetaram uma barreira física biomimética BFB baseada em hidrogel termorresponsivo que imita a matriz fibrótica.
- Após ser injetado no tumor, a BFB passou por uma transição de sol para gel — de uma solução líquida (“sol”) para um material semissólido, semelhante a uma gelatina (“gel”) — à temperatura corporal.
- O gel formou uma “zona de proteção” temporária que bloqueou fisicamente as interações entre células T e tumorais, retardando o esgotamento das células T e permitindo que elas se acumulassem em um estado mais funcional.
- Após o acúmulo suficiente de células T, uma dose baixa de luz infravermelha próxima foi aplicada para reverter a transição de gel para sol, removendo a barreira e reexpondo as células T às células tumorais.
- Nesse ponto, as células T acumuladas exibiram maior atividade citotóxica e melhor eficácia antitumoral em vários modelos de tumor.
E se pudéssemos aproveitar o conceito de bloqueio físico para modular o microambiente imune? E se uma barreira controlável pudesse regular a interação entre células T e tumorais e dar um descanso às células T para retardar seu esgotamento?
Prof. LIANG
O estudo também revelou como a barreira física biomimética exerce um efeito terapêutico. Especificamente, após a formação do BFB, mais células T progenitoras esgotadas com características de células-tronco (Tpex) se acumularam no tecido tumoral. Uma vez removido o BFB, essas células Tpex induziram uma resposta imune mais forte e sustentada contra o tumor.
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Conclusões
As descobertas sugerem que bloquear temporariamente as interações entre células T e tumorais pode direcionar a resposta imune para um estado mais duradouro e eficaz. A estratégia do BFB dá ao sistema imunológico a chance de reunir forças e preservar sua eficácia.
Chamamos essa estratégia de ‘controle do ritmo imunológico. Ao modular a interação entre células T e tumorais, intervimos no processo de esgotamento das células T e preservamos sua atividade funcional para alcançar uma resposta imune mais eficaz.
Prof. GONG
A modulação controlada da interação entre células T e tumorais representa um passo promissor rumo a uma imunoterapia mais sustentável contra o câncer. A estratégia do BFB pode, potencialmente, ser combinada com diversas outras abordagens imuno terapêuticas para aumentar a eficácia do tratamento.
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