A Apple não atendeu ao desejo do presidente Donald Trump de fabricar iPhones nos Estados Unidos — mas o CEO Tim Cook garantiu que vai abrir a carteira para investir US$ 600 bilhões ao longo de quatro anos no país.
Resta saber se isso será suficiente para fazer o republicano mudar de ideia sobre a ideia que poderia elevar o preço de um iPhone para US$ 3.500, como destaca a CNBC. Atualmente, um modelo 16 na versão de 128GB pode ser adquirido por US$ 799.
“Ele fabrica muitos dos componentes aqui, e temos conversado sobre isso”, disse Trump sobre Cook. “Tudo isso está instalado em outros lugares, e já existe há muito tempo, em termos de custo e tudo mais, mas acho que podemos incentivá-lo o suficiente para que um dia ele traga isso de volta.”

O plano da Apple vai focar na produção nacional de vidro e o sensor de reconhecimento facial por empresas com as quais a big tech já vinha trabalhando. No mercado, as ações da Apple subiram 5% na quarta-feira e mais 3% na quinta-feira.
“Os CEOs estão percebendo que precisam fazer alguma coisa, e o que eles descobriram é que se derem ao presidente algo para se gabar sem destruir a empresa deles, o problema pode desaparecer por um certo período de tempo”, disse à reportagem Peter Cohan, professor de estratégia e empreendedorismo no Babson College, que escreveu estudos de caso sobre a Apple.
Jogada inteligente?
Para Nancy Tengler, CEO da Laffer Tengler Investments, que ocupa um cargo na Apple, Tim Cook demonstrou uma “navegação realmente inteligente em águas traiçoeiras”. “Achei este anúncio superimportante simbolicamente, porque o presidente está em busca de manchetes.”
Cook foi estratégico: uma análise da CNBC indica que o programa Apple Advanced Manufacturing Fund não traz tantas novidades quanto pensávamos. Muitas das empresas americanas envolvidas na fabricação do iPhone já forneciam peças para a big tech.

O vidro de cobertura do dispositivo, por exemplo, é produzido pela Corning, sediada no Kentucky, uma parceria antiga da companhia. No plano apresentado na Casa Branca, a Apple garantiu US$ 2,5 bilhões para essa etapa.
Um relatório do Morgan Stanley avaliou que o montante dificilmente vai incrementar a receita da empresa americana, destacando justamente que a Corning “já produz 100% do vidro de cobertura para celulares e tablets da Apple”.
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Disfarce
O montante de US$ 600 bilhões provavelmente inclui muitas despesas regulares, na avaliação da CNBC. Em fevereiro, a Apple explicou que parte do plano bilionário previa pagamentos a fornecedores dos EUA, empregos diretos, data centers, instalações corporativas, bem como gastos com produções da Apple TV+ em 20 estados.
Os gastos da companhia nos EUA começaram a ser divulgados publicamente em 2018, no primeiro governo de Trump; naquela época, a cifra era de US$ 70 bilhões anual. No início deste ano, foi elevada para US$ 125 bilhões por ano; agora, é de US$ 150 bilhões anuais.
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