Por ano, 4,5 mil pessoas morrem por complicações da doença de Chagas no Brasil entre mais de um milhão de pessoas infectadas, segundo o Ministério da Saúde. E uma região formada por 17 municípios no estado de Pernambuco registra a maior prevalência da infecção: Sertão do Pajeú.
A área de caatinga foi escolhida para o teste do novo protocolo que pode ajudar a controlar a doença de Chagas, de acordo com a Agência Brasil. O tratamento passará a ser descentralizado, sem que o paciente necessite se deslocar a uma unidade de saúde especializada, como a Casa de Chagas, em Recife.
Também conhecida como tripanossomíase americana, trata-se de uma doença negligenciada, transmitida pelo inseto ‘barbeiro’ contaminado e pode causar sérios problemas de saúde se não for diagnosticada e tratada precocemente — o que motivou a criação do projeto-piloto “Quem tem Chagas, tem pressa”.
Como funcionou o teste?
- Os municípios de Triunfo e Serra Talhada receberam a primeira etapa do protocolo com atividades de formação sobre a doença para profissionais de saúde, estudantes da área e moradores;
- Em julho, cerca de 1 mil pessoas nos dois municípios foram submetidas a testes rápidos produzidos pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz (Biomanguinhos/Fiocruz);
- O resultado mostrou a gravidade do problema: 9% dos moradores testaram positivo para a doença; para efeito de comparação, a média no país varia de 2% a 5%;
- Os testes rápidos emitem o resultado em minutos, enquanto o teste sorológico pode demorar até 45 dias para conclusão do diagnóstico.
“A gente precisa muito descentralizar o diagnóstico e fazer essa detecção mais precocemente, para que haja menos casos de pacientes crônicos. Nós estamos validando o teste rápido com esse projeto e, se tudo der certo, além de uma economia de tempo, a gente vai ter também uma economia de exames, porque só as pessoas com teste rápido positivo é que vão fazer a sorologia”, disse a gerente de Vigilância das Arboviroses e Zoonoses da Secretaria de Saúde de Pernambuco, Ana Márcia Drechsler, à Agência Brasil.
A partir de setembro, o projeto iniciará o tratamento de pessoas infectadas com medicamentos ao longo de 60 dias. Isso vai ajudar especialmente aqueles pacientes que precisam percorrer mais de 800 quilômetros até uma unidade de saúde especializada.
“Sabendo que pelo menos 70% dos pacientes com Chagas não desenvolvem doença cardíaca, ou desenvolvem uma doença pouco agressiva, eles podem ser atendidos perto da sua residência, na assistência primária, que tem uma alta resolutividade”, disse o médico responsável pelo projeto, Wilson Oliveira.
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Cura depende de tratamento precoce
A infecção é considerada uma doença socialmente determinada devido à sua estreita ligação com fatores socioeconômicos, culturais e ambientais, segundo o Ministério da Saúde. O Brasil registra cerca de 280 novos casos na forma aguda por ano, sendo 80% por meio da ingestão de alimentos contaminados.
Os sintomas variam de acordo com a gravidade da doença. Na fase aguda, os sinais incluem febre por mais de 7 dias, dor de cabeça, fraqueza intensa, inchaço no rosto e pernas e lesão em caso de picada do barbeiro (semelhante a um furúnculo).
Caso a pessoa não receba tratamento adequado, ela pode desenvolver a fase crônica da doença, inicialmente sem sintomas, podendo, com o passar dos anos, apresentar complicações como problemas cardíacos (insuficiência cardíaca); e problemas digestivos, (megacólon e megaesôfago).
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