A Nvidia anunciou, nesta terça-feira (28), um novo produto que une a supercomputação em inteligência artificial (IA) com o poder da computação quântica.
O CEO e fundador da empresa, Jensen Huang, apresentou o NVQLink, sistema de interconexão que conecta processadores quânticos a supercomputadores de IA, durante seu discurso principal na conferência Global Technology Conference (GTC), realizada em Washington, D.C. (EUA).

“O NVQLink é a Pedra de Roseta que conecta os supercomputadores quânticos e clássicos”, afirmou Huang. Embora a Nvidia não esteja desenvolvendo seus próprios computadores quânticos, Huang aposta que a companhia desempenhará um papel essencial no futuro dessa tecnologia.
Segundo a big tech, a nova interconexão é a primeira solução a oferecer a velocidade e a escala necessárias para permitir a computação quântica em larga escala.
Computadores quânticos e IA
- Os processadores quânticos, ou QPUs, representam uma forma fundamentalmente nova de computação, que se baseia nos princípios da física quântica para resolver problemas impossíveis para os computadores clássicos atuais;
- No entanto, para gerar resultados relevantes para empresas e pesquisadores, esses sistemas precisam ser integrados a computadores clássicos de alto desempenho, que realizam cálculos complementares e corrigem erros naturais do processo;
- De acordo com Tim Costa, gerente-geral de engenharia industrial e computação quântica da Nvidia, o setor concorda amplamente que essa infraestrutura híbrida — combinando QPUs e GPUs — é essencial, em parte porque a IA será necessária para executar a correção de erros em escala total;
- “No futuro, todo supercomputador recorrerá a processadores quânticos para expandir os problemas que pode resolver, e todo processador quântico dependerá de um supercomputador para funcionar corretamente”, disse ao The Wall Street Journal.
Costa explicou que outras empresas já tentaram integrar processadores quânticos a supercomputadores de IA, mas sem alcançar a velocidade e a escala necessárias para a correção de erros em grande volume. O NVQLink, segundo ele, supera essas limitações.

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Nvidia desenvolvendo o NVQLink
O desenvolvimento contou com a colaboração de mais de uma dezena de companhias quânticas, incluindo IonQ, Quantinuum e Infleqtion, além de laboratórios nacionais dos Estados Unidos, como Sandia, Oak Ridge e Fermi.
O sistema tem arquitetura aberta e funciona em diferentes modalidades quânticas, como íons aprisionados, supercondutores e fótons. Essa abertura, destacou Costa, é crucial, pois permitirá que os laboratórios nacionais desenvolvam supercomputadores prontos para aproveitar capacidades quânticas conforme elas se tornem disponíveis.
Sobre quando o mercado poderá ver valor comercial significativo nessa tecnologia, Costa afirmou que qualquer previsão estaria sujeita a erros. “Você pode tentar extrapolar linearmente com base no progresso tecnológico dos últimos 20 anos, que foi tremendo. Mas isso ignora a inevitabilidade de grandes momentos de inovação das pessoas que trabalham nesse ecossistema”, disse. Algumas empresas do setor estimam avanços comerciais relevantes em dois a quatro anos.
A apresentação de Huang em Washington também despertou atenção de investidores em busca de pistas sobre o futuro das vendas da Nvidia no mercado chinês. O discurso ocorreu enquanto o presidente Donald Trump realiza uma viagem pela Ásia e deve se reunir com o presidente chinês Xi Jinping na quinta-feira (30), com a transferência de tecnologia avançada entre os dois países no centro das discussões comerciais.
O evento marcou a primeira edição da GTC em Washington, reflexo do interesse da Nvidia em ampliar a colaboração com o governo e empresas contratadas na região. Na última conferência, realizada em março na Califórnia (EUA), a companhia havia detalhado seu roteiro de chips para o próximo ano.

Voltando aos negócios
Os governos de Donald Trump e Joe Biden impuseram restrições à venda dos chips mais avançados da Nvidia à China, mas a atual administração de Trump sinaliza abertura para permitir algumas remessas.
Huang tem defendido que a Nvidia precisa ter acesso a cerca de US$ 50 bilhões (R$ 267,9 bilhões, na conversão direta) em potenciais vendas no mercado chinês para financiar pesquisa e desenvolvimento nos Estados Unidos e manter sua vantagem competitiva.
Reportagens anteriores da Reuters indicam que desenvolvedores chineses continuam interessados nos chips da Nvidia, apesar da pressão de Pequim para privilegiar produtos da Huawei.
No mês passado, a Nvidia anunciou uma parceria com a Intel, movimento que analistas avaliam como estratégico para ampliar sua presença em mercados dominados pelas unidades centrais de processamento (CPUs, na sigla em inglês) da rival, a AMD.
“Esperamos que a aceleração do mercado de processamento de dados — que hoje é majoritariamente feita em CPUs — se torne um tema cada vez mais importante para a Nvidia”, afirmou o analista Tim Arcuri, do UBS, em nota a investidores.
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