O cometa 3I/ATLAS emitiu sinal alienígena? Entenda

Um astrônomo famoso por propostas polêicas levantou a seguinte hipótese: o sinal “Uau!”, detectado em 1977, pode ter vindo do cometa interestelar 3I/ATLAS, descoberto em julho deste ano. A coincidência entre a posição do objeto no espaço e a direção de onde o “Uau!” foi detectado décadas atrás dão alguma plausibilidade à ideia. Mas, até o momento, não há evidência que ligue um ao outro.

No final da década de 1970, um radiotelescópio nos Estados Unidos captou um sinal de rádio tão estranho que até hoje é considerado um dos mais intrigantes da astronomia. Registrado como “6EQUJ5” nos dados e apelidado de sinal “Uau!”, ele durou 72 segundos e nunca mais se repetiu. Teria sido uma mensagem alienígena?

Hipótese reacende debate sobre a origem do intrigante sinal ‘Uau!’

Quase 50 anos após sua detecção, o sinal “Uau!” continua um mistério. Desde então, várias explicações foram propostas – de emissões naturais de nuvens interestelares a transmissões artificiais de civilizações distantes.

A sugestão do astrofísico Avi Loeb, da Universidade de Harvard, que coloca o 3I/ATLAS no centro da discussão, reacende o debate e traz de volta a pergunta que intriga cientistas e curiosos: afinal, de onde veio o famoso sinal?

O que foi o sinal “Uau!”

Jerry Ehman, astrônomo que descobriu a sequência de sinais, ficou tão impressionado que circulou a leitura e escreveu o comentário “Wow!” (Imagem: Observatório de Rádio Big Ear e Observatório Astrofísico Norte-Americano – NAAPO)

Em 15 de agosto de 1977, o radiotelescópio Big Ear, da Universidade Estadual de Ohio, captou um forte sinal de rádio vindo da constelação de Sagitário. Ele durou os 72 segundos exatos que o telescópio conseguia observar um mesmo ponto no céu e nunca mais foi registrado novamente.

O astrônomo Jerry Ehman, ao revisar os dados, ficou tão impressionado que circulou a sequência de números e letras “6EQUJ5” na folha impressa e escreveu ao lado “Wow!” – em português, “Uau!”. Daí o apelido, evidentemente.

Desde então, o evento se tornou o principal candidato a uma possível transmissão extraterrestre, embora nenhuma explicação definitiva tenha sido encontrada.

A hipótese de Avi Loeb

Em um artigo publicado seu blog, Loeb propõe que o enigmático sinal possa ter vindo do 3I/ATLAS. Ele calculou que, na época da detecção do “Uau!”, o cometa estava numa posição próxima da região do céu associada ao sinal.

A diferença era de cerca de quatro graus em ascensão reta e oito em declinação – coincidência rara, com probabilidade de menos de 1% (0,6%, pelos cálculos de Loeb) de ocorrer por acaso.

Avi Loeb geralmente levanta hipóteses provocativas que dividem a comunidade científica (Imagem: Wikimedia Commons)

Segundo Loeb, se o sinal tivesse origem no 3I/ATLAS, o transmissor teria que emitir algo entre 0,5 e 2 gigawatts de potência, comparável à de um reator nuclear terrestre. O sinal também estava levemente deslocado para o azul, em linha com a velocidade de aproximação do objeto.

Mesmo assim, não há observações diretas que confirmem qualquer transmissão do cometa, o que mantém a hipótese no campo da especulação.

Também vale mencionar: Loeb é uma figura polêmica na astronomia. Conhecido por suas ideias ousadas, ele geralmente levanta hipóteses provocativas que dividem a comunidade científica. Loeb já defendeu, por exemplo, que o objeto ʻOumuamua poderia ser um artefato alienígena.

O que buscas recentes indicam

Em 2022, pesquisadores do Instituto SETI fizeram a primeira busca direcionada à região do céu de onde o sinal teria vindo. O alvo principal era uma estrela semelhante ao Sol localizada a 1,8 mil anos-luz de distância, considerada um bom ponto de partida para a investigação.

Usando o Green Bank Telescope (GBT) e o Allen Telescope Array (ATA), eles dedicaram horas de observação para tentar capturar algo semelhante. As observações dos dois telescópios chegaram a se sobrepor por cerca de dez minutos, o que ampliou a chance de detectar qualquer repetição do fenômeno.

O resultado, porém, foi desanimador: nenhum sinal detectado. A pesquisa, liderada por Karen Perez, da Universidade de Columbia, contou também com o trabalho do pesquisador Wael Farah, que sugeriu ampliar as varreduras para outras áreas ricas em estrelas, como o centro da galáxia.

Até agora, todas as tentativas reforçam a ideia de que o “Uau!” foi um evento único – e ainda sem explicação.

O que se sabe sobre o 3I/ATLAS

Descoberto em julho de 2025, o 3I/ATLAS é o terceiro objeto interestelar já identificado, depois do ʻOumuamua e do cometa Borisov.

Ele chama a atenção pelo núcleo de pelo menos cinco quilômetros de diâmetro e por uma massa estimada em dezenas de bilhões de toneladas.

Brilho do cometa 3I/ATLAS aumentou cerca de 40 vezes desde o começo de setembro (Gerald Rhemann e Michael Jäger – Spaceweather.com)

Apesar de serem valores bem acima dos medidos em outros visitantes vindos de fora do Sistema Solar, eles não fazem do 3I/ATLAS o cometa mais pesado de todos os tempos.

Sua trajetória pelo Sistema Solar tem sido acompanhada de perto por telescópios em todo o mundo por oferecer uma rara chance de observar o comportamento de corpos interestelares.

Apesar da curiosidade em torno do 3I/ATLAS, a maior parte da comunidade científica o enxerga como um cometa natural, ainda que incomum. As estimativas de massa, brilho e aceleração não gravitacional reforçam essa interpretação.

As hipóteses mais especulativas – como a levantada por Loeb sobre possível origem artificial – permanecem sem respaldo em evidências diretas.

Leia mais:

Ou seja…

A hipótese de que o 3I/ATLAS seja a origem do famoso sinal “Uau!” é intrigante, mas continua apenas no campo da especulação.

Os cálculos apresentados por Avi Loeb mostram que a coincidência de posições no céu torna a ideia plausível, mas não há observação direta que comprove a ligação. Até hoje, o sinal permanece como um evento único e sem repetição, o que dificulta qualquer verificação definitiva.

Enquanto isso, o 3I/ATLAS segue sua viagem pelo Sistema Solar e continua a ser estudado de perto por missões e telescópios.

Esses dados serão cruciais para entender melhor as características do objeto – e, quem sabe, ajudar a esclarecer se há ou não alguma relação com o enigma registrado em 1977. Por ora, o sinal “Uau!” segue um mistério. E o 3I/ATLAS, fascinante.

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