Um novo estudo analisou dados de 24 anos gerados por satélites da NASA e descobriu que o planeta está escurecendo, com o Hemisfério Norte ficando escuro mais rapidamente que o Sul.
Os pesquisadores estudaram informações coletadas pelo projeto Nuvens e pelo Sistema de Energia Radiante da Terra (CERES), que teve início em 1997. Os dois projetos fornecem observações de ERB (Earth’s Radiation Budget), que mede a energia que a Terra recebe do Sol e irradia para o espaço, e nuvens por satélite.

O ERB entre os Hemisférios Norte e Sul está aumentando
O estudo revela que a radiação entre os hemisférios está aumentando constantemente, possivelmente devido à diminuição do albedo (a capacidade de uma superfície refletir a luz solar) e às mudanças no vapor d’água, que reduzem a formação de nuvens capazes de refletir a radiação solar, detalha o IFLScience.
Embora o aumento seja pequeno, cerca de 0,34 watts por metro quadrado por década, ele é estatisticamente relevante para futuros modelos climáticos. Como resultado, o Hemisfério Norte está escurecendo mais rápido que o Sul, o que pode dificultar o controle das mudanças climáticas.
Leia mais:
- Calor extremo exige a adaptação dos ambientes de trabalho
- Oceano europeu ferveu em 2023: calor bateu recorde histórico
- Crise climática: 5 previsões que os primeiros modelos acertaram
Estudos anteriores sugeriam que a circulação dos oceanos e da atmosfera compensaria esse desequilíbrio, mas o novo levantamento mostra que isso não ocorreu.
Hemisfério Norte absorve mais luz do que reflete

A equipe liderada por Norman Loeb, cientista do Centro de Pesquisa Langley, da NASA, descobriu que o Hemisfério Norte tem uma perda líquida de energia radioativa em relação ao Sul. Isso significa que a região é mais escura, no sentido de que absorve mais luz do que reflete para o espaço.
Como o escurecimento do Hemisfério Norte […] não é compensado por mudanças nas nuvens, isso sugere que pode haver um limite para o papel delas na manutenção da simetria hemisférica no albedo.
Norman Loeb, cientista do Centro de Pesquisa Langley, da NASA, em trecho do estudo.
Pesquisadores alertam que o aumento de CO₂ pode causar desequilíbrios na forma como os hemisférios refletem a luz solar. Embora mudanças nas nuvens possam reduzir essa diferença ao longo do tempo, o desequilíbrio hemisférico ainda pode atingir níveis significativos no futuro.
Além disso, o Hemisfério Norte está se aquecendo mais rápido que o Sul, e os trópicos do Norte estão ficando mais úmidos, indicando alterações na circulação atmosférica e a necessidade de novos estudos para entender o impacto dessas mudanças.

Mudanças climáticas observadas pelos pesquisadores
Pesquisadores alertam que a perda de refletividade da Terra, causada pelo derretimento do gelo, menor albedo das superfícies e redução de nuvens, pode afetar significativamente o clima:
- Maior absorção de energia solar aquece a superfície, acelerando o aquecimento polar.
- Diferenças entre hemisférios podem distorcer previsões climáticas.
- Possível necessidade de técnicas de geoengenharia para equilibrar a radiação refletida.
O estudo, explica matéria no site Popular Mechanics, afirma que medidas como injeção de aerossóis na estratosfera e clareamento de nuvens marinhas podem ajudar a mitigar o problema, mas não substituem a redução da poluição.
O post O planeta está escurecendo e isso pode impactar às mudanças climáticas apareceu primeiro em Olhar Digital.