A chamada “gripe K” entrou no radar no Brasil após o Ministério da Saúde confirmar a identificação do subclado K do vírus influenza A (H3N2) em amostras analisadas no Pará. O nome pode soar alarmante, mas o ponto central é outro: não se trata de um vírus novo e, até agora, não há evidências de maior gravidade em relação às gripes sazonais já conhecidas.
O alerta ganhou força porque o mesmo subclado foi associado, em outros países, a temporadas de gripe mais longas e antecipadas. Instituições como Organização Mundial da Saúde (OMS) e Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) passaram a monitorar o fenômeno com mais atenção, sobretudo pensando em 2026.
Afinal, o que isso muda, na prática, em relação a sintomas, riscos e cuidados do dia a dia? Entenda a seguir.
‘Gripe K’ não é doença nova, mas uma variação já conhecida do influenza
O termo “gripe K” não nasceu na ciência, mas na circulação informal da informação. Tecnicamente, ele se refere a um subclado, ou seja, a uma variação genética dentro de um vírus já conhecido. No caso, o influenza A do tipo H3N2, responsável por surtos sazonais frequentes. Essas mudanças genéticas são esperadas e não significam o surgimento de uma doença.
O subclado K já havia sido identificado em regiões da América do Norte, Europa e Ásia, além da Austrália e da Nova Zelândia. Foi justamente nesses países que os sistemas de vigilância notaram algo diferente: a gripe não acabou no período habitual. Em vez de se concentrar no inverno, a circulação do vírus se estendeu por meses, chegando ao fim da primavera e até ao início do verão.
Esse comportamento chamou a atenção das autoridades de saúde porque esses países costumam antecipar tendências que depois aparecem em outras regiões do mundo. A leitura dos especialistas é que o subclado K parece melhor adaptado à transmissão, o que favorece uma circulação prolongada. Ainda assim, os dados analisados até agora não mostram mais internações em UTI nem aumento de mortes associadas a essa variação.
No Brasil, o Ministério da Saúde reforça que o crescimento recente da influenza A começou antes mesmo da identificação do subclado K. Estados das regiões Norte, Nordeste e Sul registraram aumento ou manutenção das hospitalizações, enquanto o Sudeste mostra tendência de queda. O padrão observado segue o comportamento esperado da gripe sazonal. Isso afasta, por ora, qualquer cenário de exceção.
Sintomas seguem iguais, mas atenção aos sinais de alerta continua essencial
Do ponto de vista de quem adoece, a mensagem é: os sintomas não mudaram. Febre, mal-estar, dor no corpo, dor de cabeça, tosse, dor de garganta e cansaço continuam sendo os sinais mais comuns. Não há um sintoma “diferente” que permita identificar a chamada “gripe K” sem exames. O quadro clínico segue o de uma síndrome gripal típica.
Relatos de sintomas mais intensos também não indicam, por si só, um vírus mais agressivo. A gripe sempre apresenta grande variabilidade individual. Idade, presença de doenças crônicas, estado do sistema imunológico e situação vacinal influenciam diretamente como cada pessoa reage à infecção, independentemente do subtipo do influenza.
A atenção deve ser redobrada nos grupos de risco, que concentram a maior parte das complicações. Entram nessa lista idosos, crianças, gestantes, pessoas com doenças crônicas e indivíduos imunocomprometidos. São esses grupos que historicamente respondem pela maioria das hospitalizações e óbitos por influenza.
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Por fim, os especialistas reforçam dois pontos-chave. O primeiro é o diagnóstico precoce, já que o antiviral oseltamivir reduz o risco de complicações quando iniciado nas primeiras 48 a 72 horas de sintomas. O segundo é a vacinação, que segue sendo a principal ferramenta para evitar casos graves, internações e mortes.
Mesmo quando a proteção não é perfeita contra uma variação específica, a vacina continua fazendo diferença. E segue no centro da estratégia de resposta.
(Essa matéria usou informações do G1.)
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