A pressão atmosférica exerce influência constante sobre o corpo humano, e variações bruscas, como em grandes altitudes ou em mergulhos profundos podem afetar significativamente órgãos e tecidos.
Quando o organismo não consegue equilibrar a pressão interna com a externa, ocorre o barotrauma, uma lesão nos tecidos causada pela expansão ou compressão dos gases em cavidades como pulmões, ouvidos e seios nasais.
A seguir, você vai entender como o barotrauma se manifesta, quais são seus tipos e sintomas, além das formas de prevenção e os momentos em que é necessário buscar ajuda médica.
O que é e o que causa o barotrauma
O corpo humano é naturalmente adaptado à pressão atmosférica ao nível do mar. No entanto, quando há mudanças rápidas de pressão, como durante mergulhos, voos ou procedimentos médicos, os gases presentes em cavidades como pulmões, ouvidos e seios nasais podem se expandir ou se comprimir de forma brusca. Essa variação causa desconforto e, em casos mais graves, dor intensa e danos aos tecidos.
O barotrauma ocorre quando o organismo não consegue equilibrar a pressão interna com a externa, levando ao estiramento ou ruptura de estruturas sensíveis. Ele pode acontecer tanto na descida, quando há aumento da pressão e compressão dos gases, quanto na subida, quando ocorre descompressão e expansão.
Embora o corpo seja composto majoritariamente por líquidos e tecidos, que não sofrem grandes alterações com a variação da pressão, as cavidades cheias de ar são vulneráveis a esse desequilíbrio. Quando a compensação não ocorre de forma adequada, o resultado pode ir desde um simples incômodo até lesões mais sérias, como perfuração do tímpano ou danos pulmonares.
Por isso, entender como o barotrauma se forma e adotar medidas preventivas é essencial em atividades que envolvem mudanças extremas de pressão.
Por que mergulhadores e passageiros de avião são os mais afetados?
Mergulhadores
Durante o mergulho, o risco de barotrauma é maior entre a superfície e os primeiros 10 metros de profundidade, onde as variações de pressão são mais intensas. O tipo mais comum é o barotrauma de ouvido médio, quando o ar não consegue circular pela tuba auditiva, provocando dor, zumbido e, em casos graves, ruptura do tímpano.
Estudos apontam que até 50% dos mergulhadores amadores já apresentaram sintomas de barotrauma auditivo em algum momento. A prevenção inclui subir lentamente, expirar durante a subida e nunca mergulhar com o nariz congestionado.
Passageiros de avião
Durante a descida da aeronave, a pressão atmosférica aumenta e deve ser equalizada com a do ouvido médio. Quando a trompa de Eustáquio está obstruída, seja por infecção, rinite ou alergia, o ar não consegue circular adequadamente. Isso pode causar dor, sensação de ouvido tampado e, em casos mais graves, perfuração do tímpano.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 30% dos passageiros sentem algum desconforto auditivo durante voos, especialmente crianças, que têm maior dificuldade de equalizar a pressão.
Tipos de barotrauma e seus sintomas
Barotrauma de ouvido (barotite média)
É o tipo mais comum. Ocorre quando há diferença de pressão entre o canal auditivo e o ambiente externo. Entre os sintomas, se destacam a dor, sensação de ouvido tampado, zumbido, tontura, diminuição da audição e, em casos graves, sangramento.
Barotrauma dos seios paranasais
A variação de pressão pode causar dor facial, congestão e sangramento nasal. É frequente em pessoas com sinusite ou resfriados.
Barotrauma pulmonar
Mais grave, ocorre quando há expansão excessiva dos alvéolos pulmonares, geralmente ao prender a respiração durante a subida no mergulho. Pode causar dor no peito, falta de ar e até colapso pulmonar (pneumotórax).
Barotrauma gastrointestinal
Atinge o trato digestivo e pode gerar náuseas, dor e distensão abdominal, especialmente em viagens aéreas longas ou mergulhos profundos.
Fatores de risco
Pessoas com rinite, sinusite, resfriado ou obstruções nasais têm maior propensão ao barotrauma, pois a tuba auditiva depende de uma boa ventilação nasal para equalizar as pressões.
Crianças também são mais vulneráveis, já que a anatomia da tuba auditiva infantil favorece o acúmulo de secreções.
Pacientes com doenças pulmonares ou que passaram por ventilação mecânica também devem ter atenção redobrada.
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Como prevenir o barotrauma
Durante o voo
- Evitar viajar com o nariz congestionado.
- Mastigar chiclete, bocejar ou engolir saliva durante a decolagem e o pouso.
- Usar spray nasal descongestionante sob orientação médica.
- Em bebês, oferecer mamadeira ou chupeta durante essas fases do voo.
Durante o mergulho
- Não mergulhar gripado ou com congestão nasal.
- Subir e descer lentamente.
- Treinar técnicas de equalização de pressão, como a manobra de Valsalva: inspirar, fechar a boca, tampar o nariz e soprar levemente, sem forçar.
- Esperar pelo menos 24 horas antes de embarcar em um voo após o mergulho.
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