Titã, a maior lua de Saturno, já foi considerada um possível lar de um oceano profundo. No entanto, um novo estudo indica que a lua não possui águas subterrâneas como Europa ou Encélado, revelando um subsolo mais pastoso do que líquido. A descoberta muda a percepção sobre ambientes que poderiam abrigar vida fora da Terra.
Mesmo sem um oceano profundo, Titã continua fascinando astrônomos. Segundo o IFLScience, a superfície gelada da lua abriga lagos e rios de metano, e sua crosta sofre deformações sob a gravidade de Saturno, sugerindo que o subsolo é parcialmente flexível. Essas características podem influenciar a disponibilidade de energia, nutrientes e a química necessária para possíveis formas de vida.

Uma lua de mistérios gelados
Titã é o único corpo do Sistema Solar, além da Terra, com lagos e chuva, mas compostos de hidrocarbonetos. Observações iniciais na década de 2000 levantaram a hipótese de um oceano profundo sob a superfície, mas análises recentes indicam que o subsolo é mais parecido com lama ou gelo marinho ártico.
Em vez de um oceano aberto como o que temos aqui na Terra, provavelmente estamos diante de algo mais parecido com gelo marinho ártico ou aquíferos, o que tem implicações para o tipo de vida que poderíamos encontrar.
Baptiste Journaux, professor assistente da Universidade de Washington e autor do estudo, em comunicado.

Deformação e gravidade: pistas do subsolo
Titã possui uma órbita elíptica ao redor de Saturno, o que faz sua forma variar conforme a posição orbital. A equipe mediu um atraso de 15 horas entre o pico da força gravitacional e o da deformação da lua. Esse padrão indica uma dissipação de energia maior do que seria esperado caso houvesse um oceano global, reforçando a ideia de um subsolo pastoso.
“O grau de deformação depende da estrutura interna de Titã. Um oceano profundo permitiria que a crosta se flexionasse mais sob a força gravitacional, mas se Titã estivesse completamente congelada, não se deformaria tanto”, detalhou Journaux.
Entre as descobertas principais do estudo estão:
- Subsolo pastoso, semelhante a lama ou gelo marinho ártico, em vez de um oceano profundo;
- Deformações da crosta causadas pela gravidade de Saturno, com atraso de 15 horas;
- Bolsas de água que podem atingir 20 °C, aumentando o potencial de habitabilidade;
- Implicações para a busca por vida em ambientes fora da Terra;
- Base científica sólida usando dados da Cassini e modelagens detalhadas do interior de Titã.

Implicações para vida e futuras missões
Mesmo sem um oceano profundo, bolsas de água em condições pastosas podem atingir 20 °C, aumentando o potencial habitável da lua. Além disso, o estudo amplia o escopo de ambientes que podem ser considerados em busca de vida extraterrestre.
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A NASA planeja enviar a missão Dragonfly em 2034 para explorar a superfície e a atmosfera de Titã, aprofundando nosso conhecimento sobre este mundo intrigante.
O estudo reforça que, mesmo em um cenário sem oceanos profundos, Titã permanece como um dos locais mais interessantes para pesquisas astrobiológicas no Sistema Solar.
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