No mundo da ficção, especialmente em animes, filmes e séries, o termo “canônico” aparece com frequência em discussões entre fãs. A palavra pode soar técnica, mas tem um papel importante: ela define o que faz parte da história oficial de um universo narrativo e o que deve ser considerado material alternativo, não-oficial ou apenas uma interpretação livre.
Compreender o conceito de “cânone” é essencial para acompanhar franquias complexas, como Star Wars, Naruto ou o universo da Marvel. Nessas obras, diferentes mídias como quadrinhos, filmes, séries, jogos e até produtos derivados coexistem, mas nem todas possuem o mesmo status dentro da narrativa principal.
O que é cânone?
De forma simples, cânone é o conjunto de obras, eventos ou personagens considerados oficiais dentro de um universo ficcional. É a “linha do tempo verdadeira”, aquela que os criadores, estúdios ou detentores dos direitos da obra reconhecem como parte da narrativa principal.
Origem do termo
A palavra “cânone” vem do grego kanon, que significa “regra” ou “modelo”. A Igreja Católica usou o termo para designar os textos aceitos como oficiais na Bíblia, diferenciando-os dos escritos considerados apócrifos.
Mais tarde, escritores e críticos literários adotaram o conceito, que depois migrou para a cultura pop. Em todos esses contextos, o termo manteve a mesma lógica: separar o que é oficial do que é alternativo.
O cânone na cultura pop
Em filmes e séries
Em franquias de grande alcance, como Star Wars, a definição do que é canônico pode mudar ao longo do tempo.
Quando a Disney comprou a Lucasfilm, por exemplo, diversos livros e quadrinhos que antes os fãs consideravam parte da história oficial receberam o título de Legends,. Assim, apenas os filmes e séries produzidos após a compra, além dos seis episódios originais, mantiveram o selo de canonicidade.
Em Star Trek, algo semelhante acontece: diferentes séries e filmes coexistem, mas nem todos são aceitos como parte da mesma continuidade.
O mesmo ocorre em outras franquias, como as de terror. No universo de Invocação do Mal, por exemplo, temos os filmes principais da saga e também os spin-offs que exploram eventos paralelos com outros personagens, como a boneca Annabelle. Os acontecimentos desses filmes são canônicos dentro da linha do tempo oficial do universo Invocação do Mal.
Em animes e mangás
No universo dos animes, a discussão sobre cânone também é constante. Muitos títulos possuem tanto o mangá original quanto adaptações animadas, filmes derivados e episódios extras (os famosos fillers). Nem sempre o que aparece no anime é considerado parte da história oficial.
Um exemplo claro é Naruto: enquanto o mangá define o cânone, diversos arcos de fillers no anime não fazem parte da linha criada por Masashi Kishimoto. Já em Dragon Ball, a situação é mais complexa: alguns filmes antigos não são canônicos, enquanto Dragon Ball Super: Broly foi oficialmente integrado à continuidade.
A série Dragon Ball GT também gera debates entre os fãs sobre sua canonicidade. Vários de seus acontecimentos entraram em conflito com o que foi mostrado em Dragon Ball Super e, mais recentemente, em Dragon Ball Daima.
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Canônico vs. não-canônico
O que é não-canônico?
Obras ou eventos não-canônicos são aqueles que não fazem parte da história oficial. Eles podem surgir em diferentes formatos, como:
- Filmes paralelos: muito comuns em animes, são produções feitas para o cinema que não possuem ligação direta com a trama principal. Grande parte dos filmes de Naruto, One Piece e Dragon Ball, por exemplo, não se encaixa na narrativa oficial da série;
- Spin-offs: histórias derivadas que exploram personagens ou situações alternativas. Alguns spin-offs podem até ser considerados canônicos, mas apenas quando respeitam a cronologia dos eventos estabelecidos;
- Fanfics: criações feitas por fãs que utilizam o mesmo universo e personagens, mas sem qualquer reconhecimento oficial por parte dos autores ou editoras;
Por que isso importa?
Definir o que é canônico ajuda a manter a coerência da narrativa. Em franquias longas e complexas, essa separação evita contradições e oferece ao público uma linha de continuidade confiável.
O conceito de cânone também é fundamental para os fãs e suas comunidades. Grande parte do comportamento dos fãs gira em torno de discutir e interpretar o material oficial: criar teorias, montar listas e fichas de personagens, catalogar locais, itens, armas, planetas e demais elementos que compõem o universo narrativo. É a partir dessa base que se constrói o engajamento coletivo em torno da obra.
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