Com mais de 14 milhões de quilômetros quadrados, o Oceano Ártico cobre quase todo o Polo Norte. Durante muitos anos, cientistas debateram se, em algum momento, essa imensa massa de água esteve completamente congelada, conectando a América do Norte à Eurásia.
Porém, se você estava animado com essa possibilidade, um estudo publicado na Science Advances revelou que, mesmo durante as duas últimas eras glaciais, o Oceano Ártico permaneceu coberto apenas por gelo marinho sazonal, mantendo águas abertas mesmo em períodos de frio intenso.
Isso significa que, pelo menos nos últimos 750 mil anos, não houve uma plataforma de gelo permanente na região. Havia luz e água aberta durante todo o período.
Impressões digitais do gelo
Os pesquisadores do projeto Into the Blue—i2B analisaram núcleos de sedimentos coletados no fundo do mar dos mares nórdicos centrais e do planalto de Yermak, ao norte de Svalbard. Esses núcleos contêm minúsculas “impressões digitais” químicas de algas que viveram no oceano há milhares de anos.
“Nossos núcleos de sedimentos mostram que a vida marinha estava ativa mesmo durante os períodos mais frios”, disse Jochen Knies, principal autor do estudo, ao site da Universidade Ártica da Noruega. “Isso nos diz que deve ter havido luz e água aberta na superfície. Você não veria isso se todo o Ártico estivesse coberto por uma camada de gelo com um quilômetro de espessura”, completou.
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Como funcionou a pesquisa sobre o Oceano Ártico?
Os cientistas usaram o Modelo do Sistema Terrestre AWI (um modelo computacional de alta resolução) para simular as condições do Ártico, principalmente durante as duas últimas eras glaciais.
“Os modelos corroboram o que encontramos nos sedimentos”, afirmou Knies. “Mesmo nessas glaciações extremas, a água quente do Atlântico ainda fluía para o Ártico. Isso ajudou a evitar que partes do oceano congelassem completamente.”
Pesquisas anteriores sugeriam que as características do fundo do mar Ártico indicavam a presença de uma enorme plataforma de gelo no passado.
“Pode ter havido plataformas de gelo de curta duração em algumas regiões do Ártico durante fases de frio especialmente intenso”, explicou Knies. “Mas não encontramos evidências de uma única plataforma de gelo maciça que cobrisse toda a região por milhares de anos.”
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