OMS: combate de superbactérias depende de inovação de antibióticos

Um novo estudo divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que o ritmo de pesquisa, produção e comercialização de novos antibióticos pode não dar conta de barrar o avanço das superbactérias. A revisão, que atualiza o panorama desses medicamentos e analisou o período entre 2017 e 2021, confirma que apenas 12 novos antibióticos entraram no mercado durante os cinco anos.

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A atualização monitora periodicamente o número de pesquisas pré-clínicas ou testes com humanos para novos antibióticos. Apresentado no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas, o estudo ainda tem conclusões parciais, mas os resultados já preocupam para o cenário futuro frente às superbactérias (agentes infecciosos resistentes a medicamentos comuns).

Quais as preocupações levantadas pelo estudo?

A falta de inovação na pesquisa e comercialização de antibióticos e a crescente resistência humana são os principais pontos de alerta, segundo a Doutora Valeria Gigante, da Divisão de Resistência Antimicrobiana da OMS.

Atualmente, 27 medicamentos estão em desenvolvimento para combater patógenos considerados críticos pela entidade. Desses, apenas seis são inovadores o suficiente para excederem a resistência a antibióticos, de acordo com os critérios estabelecidos pela OMS. Somente dois são altamente resistentes.

O segundo ponto é a crescente resistência das bactérias aos medicamentos, devido ao seu uso indevido ou excessivo. Estima-se que, anualmente, quase cinco milhões de mortes são associadas à resistência antimicrobiana. Especialistas consideram o panorama atual como “cenário apocalíptico” e “uma era pré-antibiótica”.

O rápido aumento de infecções multirresistentes em todo o mundo é preocupante. O tempo está se esgotando para lançarmos novos antibióticos no mercado e combatermos essa ameaça urgente à saúde pública. Sem ação imediata, corremos o risco de retornar a uma era pré-antibiótica, onde infecções comuns se tornam mortais.

Valeria Gigante

Mais informações sobre a pesquisa

O estudo mostra que o investimento na pesquisa de novos antibióticos é desafiador e mal financiado — por ser um processo extenso, propenso a falhas e não tão lucrativo às empresas farmacêuticas.O tempo médio de desenvolvimento de resistência a novos antibióticos entre 1930 e 1950 era de 11 anos; entre 1970 e 2000, foi de apenas 2-3 anos.Para o Professor Venkatasubramanian Ramasubramanian, presidente da Sociedade de Doenças Infecciosas Clínicas da Índia, falta um modelo econômico sustentável para o investimento na inovação bacteriana. Além disso, nações desenvolvidas provocam um descompasso na produção em relação a outros países com alta carga de resistência.

Com informações de EurekAlert! e OMS

Imagem: Fahroni/Shutterstock

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