Onda de plasma diferentona em Júpiter altera comportamento da aurora no planeta

Pesquisadores do campus Twin Cities da Universidade de Minnesota (UMTC), nos EUA, identificaram um novo tipo de onda de plasma na aurora de Júpiter. A descoberta, publicada na revista Physical Review Letters, abre caminho para compreender melhor como funcionam os campos magnéticos de diferentes planetas.

Além disso, estudar esse fenômeno em Júpiter ajuda também a entender como o campo magnético da Terra atua como escudo contra a radiação solar, essencial para a vida em nosso planeta.

Em resumo:

  • Cientistas descobriram uma nova onda de plasma em Júpiter;
  • O estudo ajuda a entender campos magnéticos de outros planetas;
  • A descoberta veio de dados coletados pela sonda Juno em 2022;
  • As ondas têm frequência baixa, diferentemente do que ocorre na Terra;
  • O fenômeno segue sob investigação.
As imagens foram captadas pela sonda Juno, que investiga Júpiter desde 2016. Crédito: Merlin74 – Shutterstock

Auroras em Júpiter não se manifestam como as da Terra

A equipe analisou dados obtidos pela sonda Juno, da NASA, durante um voo histórico em órbita baixa sobre o polo norte de Júpiter feito em 2022. Aquela foi a primeira vez que cientistas puderam observar diretamente as regiões polares do planeta.

Em um comunicado, um dos autores principais do estudo, Ali Sulaiman, professor assistente na Escola de Física e Astronomia da UMTC, disse que o Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA, já havia fornecido imagens da aurora de Júpiter em infravermelho. Porém, a Juno é a primeira espaçonave a orbitar o planeta em trajetória polar, o que ampliou as possibilidades de investigação.

Júpiter possui um forte campo magnético que aprisiona e retém elétrons em movimento muito rápido. Esses elétrons irradiam ondas de rádio, produzindo as grandes extensões além do disco do planeta, vistas na imagem acima. Os elétrons e o campo magnético fora da atmosfera de Júpiter formam uma região muito semelhante ao cinturão de radiação de Van Allen da Terra. Crédito: NRAO/AUI/NSF

Assim como na Terra, o espaço em torno de Júpiter é preenchido por plasma, um estado da matéria em que os átomos se dividem em elétrons e íons. Com o vento solar, essas partículas aceleram em direção à atmosfera, interagindo com gases e produzindo o brilho da aurora. Na Terra, elas se manifestam em luzes visíveis verdes e azuis, mas em Júpiter o fenômeno só pode ser observado com instrumentos ultravioleta e infravermelho.

Os pesquisadores descobriram que, por causa da baixa densidade do plasma nos polos de Júpiter e da força de seu campo magnético, as ondas de plasma têm frequência muito baixa. Normalmente, elétrons criam ondas de Langmuir, que seguem as linhas do campo magnético, e íons geram ondas de Alfvén, que se movem perpendicularmente.

Em Júpiter, os pesquisadores viram o contrário: ondas de Alfvén com comportamento típico das Langmuir. Isso nunca foi registrado na Terra ou em qualquer outro planeta do Sistema Solar

A complexa mecânica do campo magnético de Júpiter permite que as partículas superaquecidas inundem intermitentemente a zona sobre as calotas polares, como mostrado na Figura 2a. Na Terra, a aurora assume um padrão típico de atividade auroral em forma de rosquinha ao redor da calota polar, mostrado na Figura 2b, enquanto a própria calota polar é geralmente escura. Crédito: R. L. Lysak1, A. H. Sulaiman1, S. S. Elliott et. al.

Segundo o professor Robert Lysak, líder da equipe, o plasma pode se comportar como um fluido, mas sofre influência constante dos campos magnéticos. Essa característica foi essencial para compreender o fenômeno recém-identificado.

O estudo revelou ainda que, em Júpiter, partículas carregadas chegam até a calota polar. Já na Terra, a aurora forma um anel de atividade ao redor dos polos. Novos dados devem surgir à medida que a missão Juno avança.

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Financiada pela NASA e pela Fundação Nacional de Ciências (NSF) dos EUA, a pesquisa também foi liderada pela professora Sadie Elliott e contou com a participação de cientistas da Universidade de Iowa e do Southwest Research Institute (SwRI).

Sonda Voyager 1 gravou som do vento solar ‘batendo’ no gigante gasoso

A sonda Voyager 1, da NASA, foi lançada há mais de 47 anos e segue coletando dados importantes no espaço. Um dos registros impressionantes feitos pela nave é o som do vento solar ‘batendo’ no campo magnético de Júpiter.

O barulho é semelhante ao estrondo feito por uma aeronave supersônica, mas tudo acontece de forma natural. Escute o som e entenda este fenômeno.

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