Se extraterrestres exploraram o espaço como nós, a NASA já sabe como procurá-los. Em um novo estudo, pesquisadores analisaram em quais oportunidades nossa atividade no Sistema Solar seria mais detectável para um observador externo.
A pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade de Penn State em conjunto com o Laboratório de Propulsão a Jato da NASA (JPL na sigla em inglês). A equipe buscou padrões que podem ser uteis na busca por sinais de vida inteligente fora de Terra. Os resultados foram publicados na revista The Astrophysical Journal Letters.
Comunicação entre a Terra e naves espaciais revela onde buscar sinais
A equipe analisou os dados da Rede do Espaço Profundo (DSN) da NASA, um sistema terrestre que permite comunicações de rádio com tecnologias humanas no espaço. Ele funciona como um retransmissor, ao direcionar comandos para equipamentos espaciais, como naves e rovers, e receber informações deles.
O foco do estudo foi em transmissões para o espaço profundo, onde estão espaçonaves interplanetárias e telescópios espaciais. Essa decisão ocorreu porque os sinais enviados para equipamentos em órbita da Terra têm baixa potência, sendo improvável a sua detecção a longas distâncias.
A equipe escolheu apenas o DSN, dentre os diversos sistemas de retransmissão, porque este equipamento participou de mais missões espaciais do que qualquer outro até o momento. Segundo os pesquisadores, ele provê uma comunicação essencial com missões interplanetárias, como a New Horizons e o Telescópio Espacial James Webb.
“Ele envia alguns dos sinais de rádio mais fortes e persistentes da humanidade para o espaço, e os registros públicos de suas transmissões permitiram que nossa equipe estabelecesse os padrões temporais e espaciais dessas transmissões nos últimos 20 anos”, explicou Joseph Lazio, cientista do JPL e membro do estudo, em um comunicado.
Maioria dos sinais humanos está focada em Marte
Após compararem os registros do DSN com a localização das naves, o grupo descobriu que os sinais de rádio enviados para o espaço profundo se concentram em Marte. Parte dessas transmissões “vaza” pelas laterais do planeta, seguindo para a vastidão do cosmos.
A equipe também notou um direcionamento maior das transmissões nos pontos de Lagrange entre o Sol e a Terra: áreas onde a gravidade do Sol e da Terra se equilibram, permitindo que um corpo menor, como sondas e telescópios, permaneça relativamente fixo em relação ao movimento dos corpos maiores. Atualmente, James Webb está em um ponto desses.
Segundo a pesquisa, se uma inteligência extraterrestre estivesse em um local onde pudesse observar o alinhamento da Terra e de Marte, há 77% de chance dela estar no caminho de uma de nossas transmissões. Essa é uma probabilidade maior do que estar em posições aleatórias, conforme as estimativas dos autores.
Caso estivesse em um local onde pudesse visualizar o alinhamento de outro planeta do Sistema Solar, há 12% de chance desse grupo alienígena estar no caminho das transmissões humanas.
Olhar para o trânsito de exoplanetas pode ser a resposta
Essas descobertas dão uma direção para a busca de vida inteligente no espaço. Momentos em que exoplanetas em outros sistemas estelares se alinham com suas estrelas, evento conhecido como trânsito, podem representar oportunidades valiosas de observação.
“No entanto, como começamos a detectar muitos exoplanetas apenas na última década ou duas, não conhecemos muitos sistemas com dois ou mais exoplanetas em trânsito”, disse Pinchen Fan, líder do estudo e pesquisador na Universidade de Penn State.
O cientista acredita que o Telescópio Espacial Nancy Grace Roman da NASA poderá mudar esse cenário. Com esse novo equipamento, astrônomos esperam detectar mais de 100 mil exoplanetas até então desconhecidos, o que ampliará a área potencial de busca.
Astrônomos irão buscar mesmo padrão de sinais em outros sistemas solares
Os pesquisadores notaram que, como os planetas do Sistema Solar estão majoritariamente no mesmo plano, os sinais que passam pelo DNS tendem a ser orientados dentro de 5 graus do plano orbital da Terra. É como se nossos planetas vizinhos estivessem sobre o mesmo disco, com as transmissões seguindo a superfície do CD ao invés de ir para cima ou abaixo dele.
A equipe também descobriu que o sinal médio que passa pelo retransmissor pode ser detectado de até 23 anos-luz da Terra, contato que os extraterrestres tenham tecnologia semelhante à nossa.
Agora, os pesquisadores planejam ir em busca de sistemas planetários que cumpram esses critérios. Para além dos sinais de rádio, o modelo definido pelo estudo também se aplica a transmissões a laser, embora estas últimas tenham menos chance de “vazar”.
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“Os humanos estão bem no início de sua jornada espacial e, à medida que avançamos em nosso Sistema Solar, nossas transmissões para outros planetas só aumentarão”, disse Jason Wright, membro da equipe e diretor do Centro de Inteligência Extraterrestre da Penn State.
“Usando nossas próprias comunicações no espaço profundo como base, quantificamos como futuros pesquisadores de inteligência extraterrestre poderiam ser aprimorados ao focar em sistemas com orientações e alinhamentos planetários específicos”, concluiu Wright.
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