A ascensão bilionária da OpenAI, liderada por Sam Altman, tem sido impulsionada não apenas por inovações tecnológicas, mas, também, por um complexo e criativo sistema de financiamentos.
O próprio Altman defende que revoluções tecnológicas também dependem de inovações financeiras. “Há sempre muito foco na inovação tecnológica. O que realmente impulsiona muito do progresso é quando as pessoas também descobrem como inovar no modelo financeiro”, afirmou, recentemente, durante visita a um centro de dados da OpenAI em construção em Abilene, no Texas (EUA).
OpenAi investe em… IA!
- Nos últimos anos, a empresa tem recorrido a acordos incomuns e circulares para financiar o poder computacional necessário à expansão de suas ambições em inteligência artificial (IA);
- Muitos desses contratos envolvem grandes companhias de tecnologia e acabam redistribuindo os mesmos recursos entre os parceiros;
- De 2019 a 2023, a Microsoft foi a principal investidora da OpenAI, aportando mais de US$ 13 bilhões (R$ 69,8 bilhões, na conversão direta);
- A maior parte desses recursos retornou à própria Microsoft, usada para pagar por serviços de computação em nuvem essenciais ao desenvolvimento das tecnologias de IA da startup;
- No verão passado, quando já não conseguia obter toda a capacidade computacional desejada da Microsoft, a OpenAI começou a firmar contratos com outras companhias, como a Oracle, e startups pouco conhecidas, incluindo a CoreWeave;
- Em três acordos assinados neste ano, a OpenAI se comprometeu a pagar mais de US$ 22 bilhões (R$ 118,2 bilhões) à CoreWeave por poder computacional. Em troca, recebeu US$ 350 milhões (R$ 1,8 bilhão) em ações da empresa, o que poderá futuramente ajudar a custear parte desses serviços.
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Novos ares
Com dificuldades em obter novos aportes da Microsoft, a OpenAI buscou outros investidores. No início de 2025, o conglomerado japonês SoftBank liderou um investimento de US$ 40 bilhões (R$ 215 bilhões) na empresa.
Paralelamente, a OpenAI trabalha com várias companhias para construir seus próprios centros de dados, reduzindo a dependência de provedores externos. O SoftBank está captando US$ 100 bilhões (R$ 537,6 bilhões) para ajudar na construção dessas instalações no Texas e em Ohio.
A Oracle também concordou em investir US$ 300 bilhões (R$ 1,6 trilhões) na construção de novos centros de dados da OpenAI em estados, como Texas, Novo México, Michigan e Wisconsin. A empresa de Altman, por sua vez, pagará à Oracle quantia semelhante para utilizar essas instalações nos próximos anos.
Nos Emirados Árabes, a companhia G42, ligada ao governo local e participante de uma rodada de captação da OpenAI em outubro de 2024, está construindo um complexo de centros de dados de aproximadamente US$ 20 bilhões (R$ 107,5 bilhões) para a empresa.
Em setembro, a Nvidia anunciou intenção de investir US$ 100 bilhões (R$ 537,6 bilhões) na OpenAI ao longo dos próximos anos. O investimento poderia ajudar a custear a expansão dos novos centros de dados. Como parte do acordo, a OpenAI compra ou aluga chips especializados da Nvidia, que, por sua vez, reinveste bilhões na startup.
Duas semanas depois, a OpenAI firmou um acordo com a AMD, garantindo o direito de comprar até 160 milhões de ações da fabricante de chips a um centavo por ação — o equivalente a cerca de 10% de participação na companhia. Esse estoque de ações pode servir como fonte adicional de capital para o avanço dos projetos de infraestrutura.
Apesar de gerar bilhões em receitas anuais com produtos, como o ChatGPT, ferramentas de programação e outras tecnologias, a OpenAI ainda registra prejuízos, segundo fontes próximas às finanças da empresa informaram ao The New York Times.
O futuro financeiro da companhia depende do sucesso de seus novos centros de dados e da capacidade de avançar em IA nos próximos anos. Caso a evolução tecnológica desacelere, tanto a OpenAI quanto suas parceiras poderão sofrer perdas significativas.
Companhias menores, como a CoreWeave, que estão assumindo dívidas enormes para erguer centros de dados, correm risco de falência. Algumas empresas, como Nvidia e AMD, previram salvaguardas que lhes permitem reduzir investimentos caso o mercado de IA não cresça no ritmo esperado. Outras, entretanto, poderão ser deixadas com dívidas vultosas, com potencial de gerar impactos na economia mais ampla.
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