Home Variedade Pensando em comprar um carro elétrico? Esse guia é pra você!

Pensando em comprar um carro elétrico? Esse guia é pra você!

by Fesouza
8 minutes read

Imagine que você está no supermercado escolhendo entre três tipos de café: o tradicional (aquele coado, cheiroso, que sua avó fazia), a cápsula moderninha (prática, rápida, mas cara) e o cold brew da moda (sofisticado, refrescante e um pouco misterioso). Essa é a sensação de quem hoje pensa em trocar de carro. A prateleira automotiva nunca esteve tão variada: carros elétricos, híbridos e motores a combustão cada vez mais eficientes brigam pela sua atenção.

Pessoa carregando um carro elétrico.
Há muitas opções para os consumidores atualmente (Imagem: GettyImages)

Mas afinal, qual faz mais sentido para você — e para o planeta?

Antes de tudo: um guia rápido para não se perder.

Se você já se confundiu com essa sopa de letrinhas (BEV, PHEV, HEV…), aqui vai uma explicação rápida:

  • BEV (Battery Electric Vehicle): 100% elétrico, só funciona com bateria, precisa ser recarregado na tomada. Representa o que a maioria chama de veículos elétricos.
  • PHEV (Plug-in Hybrid Electric Vehicle): híbrido plug-in, roda com bateria recarregável na tomada e também com motor a combustão.
  • HEV (Hybrid Electric Vehicle): híbrido convencional, combina combustão e motor elétrico, mas a bateria se carrega sozinha (não vai na tomada).
  • HEV Flex: versão brasileira do HEV, que pode usar etanol no motor a combustão.
  • MHEV (Mild Hybrid Electric Vehicle): também chamado de micro-híbrido, usa um sistema elétrico auxiliar de 12V ou 48V para reduzir consumo, mas não move o carro sozinho.

Pronto. Agora que já temos o dicionário do mercado em mãos, vamos ao duelo.

O brilho (e a sombra) dos carros elétricos no Brasil.

Por muito tempo, falar em carros elétricos era sinônimo de luxo proibitivo. Mas essa história está mudando rápido. Hoje, a diferença de preço já não é tão gritante. Para ter uma noção: pesquisamos o preço de dois extremos de mercado. Um BYD Dolphin Mini sai por R$ 119.990, enquanto um Fiat Mobi custa R$ 80.060. Essa comparação serve apenas como referência, já que os valores podem variar conforme a época em que você estiver lendo este texto. Ainda assim, a diferença não é mais aquele abismo de antes.

Carro BYD Dolphin Mini
O BYD Dolphin é o elétrico mais vendido no Brasil (Imagem: BYD)

Não à toa, temos um grande volume de pesquisas mensais para termos como ‘carros elétricos preço’, ‘carros elétricos no Brasil preço’ e até mesmo ‘carros elétricos mais baratos’. Esse movimento reflete uma mudança clara no comportamento do consumidor.

E os números confirmam: só em agosto de 2025, 20.222 veículos elétricos e híbridos leves foram vendidos no Brasil, representando 9,4% de todo o mercado. No acumulado de janeiro a agosto, já foram 126.087 unidades. Segundo a ABVE, 2025 pode fechar com mais de 200 mil emplacamentos, crescimento de até 21% sobre 2024.

Ou seja: a onda elétrica deixou de ser promessa futurista e já está batendo na porta das concessionárias.

Mas ainda há desafios. A rede de carregadores para carros elétricos ainda cresce de forma desigual no Brasil. Para quem vive em grandes cidades, é mais fácil, mas em regiões menos urbanizadas a recarga ainda é um obstáculo. Além disso, o custo e a durabilidade da bateria para carros elétricos são fatores que muitos compradores pesquisam antes de decidir. Afinal, trocar baterias para carros elétricos pode ser caro, mesmo com a tecnologia avançando rápido.

E tem mais: o aluguel de carros elétricos começa a surgir como alternativa para quem quer experimentar a tecnologia sem se comprometer na compra.

O híbrido leve: o “jeitinho brasileiro” da transição.

Agora pense naquele amigo que não largou o smartphone, mas ainda carrega um bloquinho de notas no bolso “por segurança”. O híbrido leve é isso: um motor a combustão tradicional ajudado por um motor elétrico pequeno, que não move o carro sozinho, mas reduz consumo e emissões.

No Brasil, o destaque são os híbridos flex, que podem rodar com etanol. Em agosto de 2025, 2.245 unidades desse tipo foram vendidas, um aumento de 118% sobre julho. Foi o melhor desempenho do ano! Essa tecnologia tem tudo a ver com o país: combina inovação, sustentabilidade e a cultura já consolidada do etanol nas bombas.

O ponto positivo é a praticidade: abastece em qualquer posto e não depende de infraestrutura de recarga. O negativo? Em alguns casos, a economia de combustível não compensa o preço extra, principalmente em relação a motores a combustão cada vez mais eficientes.

Motores a combustão: o vovô que não se aposenta.

E se eu te disser que o motor a combustão, esse “vovô barulhento” da indústria, ainda tem muita lenha pra queimar? As montadoras seguem investindo nele. Com turbinas menores, injeção direta e sistemas inteligentes, surgem motores que entregam mais potência gastando menos.

E no Brasil, ele ainda tem um trunfo: o etanol. Renovável, já disponível em todo o território e responsável por emissões menores que a gasolina. Não é coincidência que os híbridos flex estejam crescendo tanto. Eles unem a confiabilidade da combustão à consciência ambiental do etanol.

É como aquele avô que, em vez de ficar só reclamando do celular novo, resolveu aprender a usar TikTok — e até viralizou.

Cidade x Estrada: quem gasta mais?

Outro ponto importante na hora de decidir entre combustão e elétrico é entender como eles se comportam em diferentes cenários.

  • Nos carros a combustão, a lógica é clara: na cidade, o consumo é mais alto, porque você acelera e freia o tempo todo, fica parado em semáforo e usa marchas baixas. Já na estrada, a velocidade é mais constante e o motor trabalha em rotações mais eficientes, gastando menos.
  • Nos veículos elétricos, a lógica se inverte. Na cidade, eles brilham: são muito eficientes em baixa velocidade e contam com o freio regenerativo, que recupera energia toda vez que você desacelera. Por isso, em muitos casos, o carro elétrico roda mais quilômetros com a mesma carga na cidade do que na estrada. Já nas rodovias, a resistência aerodinâmica em velocidades mais altas faz a autonomia cair. É comum um EV rodar 350 km no ciclo urbano, mas apenas 280–300 km em rodovia.
Estacionamento de veículos elétricos para carregamento.
Estacionamentos com estações de carregamentos são cada vez mais comuns (Imagem: GettyImages)

Essa diferença pode ser decisiva para quem roda mais em um ambiente do que em outro.

A fotografia da eletromobilidade no Brasil.

Fonte dos dados: ABVE — A Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) é basicamente o ponto de encontro oficial de quem acredita na mobilidade elétrica no Brasil. É uma entidade sem fins lucrativos que conversa direto com governo e indústria para ajudar a criar regras, incentivos e caminhos que façam os veículos elétricos (VEs) crescerem por aqui.

Os números mais recentes mostram que a transição está em ritmo acelerado:

  • 20.222 eletrificados vendidos em agosto de 2025 (9,4% do mercado).
  • Crescimento de 38% em relação a agosto de 2024.
  • São Paulo lidera, com 6.487 emplacamentos no mês.
  • Entre os eletrificados, os PHEV (híbridos plug-in) dominam, com 8.057 unidades (40% do total).
  • Os 100% elétricos (BEV) bateram recorde: 7.624 em agosto, alta de 49% em um ano.
  • Os híbridos flex vêm em alta, com crescimento de 119% em apenas um mês.

Essa fotografia mostra uma tendência clara: os brasileiros estão cada vez mais abertos a experimentar carros elétricos no Brasil, mesmo com juros altos e impostos maiores para veículos importados.

E agora, José?

A grande questão não é qual tecnologia vai “vencer”, mas como elas vão conviver. Nos próximos anos, a prateleira deve ficar ainda mais confusa: carros elétricos de entrada, híbridos sofisticados e carros a combustão cada vez mais econômicos. Vai ser como escolher série no streaming: drama, comédia ou ficção científica?

No Brasil, provavelmente veremos um caminho mais híbrido — literalmente. Os veículos elétricos ganham espaço, mas ainda restritos a consumidores com acesso a recarga fácil. Os híbridos flex devem se consolidar como protagonistas da classe média. E os motores a combustão, abastecidos pelo etanol, seguirão firmes, ainda longe da aposentadoria.

E na prática, o que escolher?

No fim das contas, a questão não é só se você prefere café coado, cápsula ou cold brew. A pergunta é: o que pensar na hora de escolher o seu próximo carro? Se você roda muito e quer praticidade, talvez o híbrido flex seja o meio-termo ideal. Se busca economia no longo prazo, tem acesso fácil a carregadores para carros elétricos e pensa no futuro, o elétrico pode ser uma aposta interessante. Já se prefere simplicidade e custo inicial mais baixo, os bons e velhos motores a combustão ainda são excelentes companheiros de estrada.

No fim, não existe resposta única — existe a escolha que combina com você, hoje.

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