Conforme noticiado pelo Olhar Digital, a chuva de meteoros Oriônidas está no auge. Esse evento acontece anualmente na mesma época, entre 2 de outubro e 7 de novembro, com o dia da máxima variando entre 21 e 23 de outubro a cada ano. Nos dias próximos ao pico, é possível observar de 10 a 20 meteoros por hora no céu.
Algumas plataformas de observação astronômica, como InTheSky.org, EarthSky.org e Starwalk.space, informam que o pico da chuva de meteoros em 2025 foi nesta madrugada, com o ápice de ocorrências entre 3h e 5h da manhã. Essa informação consta, inclusive, no Calendário de Eventos Astronômicos de outubro divulgado no início do mês pela NASA. “A melhor chance de ver meteoros é em 21 de outubro, antes da meia-noite, até por volta das 2h”, recomenda o comunicado.
No entanto, outra fonte da própria agência – o site sobre chuvas de meteoros – cita que a noite de pico é entre quarta (22) e quinta-feira (23). Já para a Sociedade Americana de Meteoros (AMS) e a Organização Internacional de Meteoros (IMO), a máxima ocorre entre a noite de terça (21) e quarta.

Qual é a data correta, afinal?
Mas, por que tantas informações divergentes? De acordo com Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON) e colunista do Olhar Digital, é tudo uma questão de cálculo de cada estudo.
“Historicamente, a máxima da chuva de meteoros Oriônidas é considerada 21 de outubro. Sempre. Todos os anos. Mas, na prática, ela pode variar um pouco de ano para ano por uma série de fatores”, explica o especialista.
Segundo Zurita, existem algumas chuvas de meteoros que ocorrem quando a Terra atravessa uma trilha de detritos bem estreita, o que facilita determinar a máxima com mais precisão. “Chuvas mais antigas, mais consolidadas, como são as Oriônidas, ocorrem com trilhas mais esparsas, mais espalhadas, e nem sempre são uniformes. Assim, nem sempre a data da máxima ocorre no mesmo dia”.

De acordo com o astrônomo, existem, basicamente, dois fatores que interferem. “A primeira coisa é que a máxima só pode ser medida calculando o número de meteoros observados por hora. Geralmente, isso é feito por detecção de rádio, que independe das condições meteorológicas de cada região. A trilha não sendo uniforme, a maior taxa de meteoros pode ocorrer às vezes num dia, às vezes em outro. Outro fator que colabora também é a história do ano bissexto. Quando a gente tem um dia a mais no ano, no mês de fevereiro, as chuvas que ocorrem nos meses após fevereiro tendem a ocorrer um dia antes. No caso da Oriônidas, é uma chuva que pode ocorrer entre os dias 20 e 23, dependendo de cada estudo”.
Há também outro agente que pode ser responsável pela variação nas datas de pico de chuvas de meteoros ao longo dos anos. “As interações gravitacionais com outros planetas, notadamente os gigantes gasosos, também podem alterar a geometria da trilha de detritos e com isso fazer com que a data da máxima acabe se alterando. Mas não é esse o caso dessa confusão com a Oriônidas este ano. É, provavelmente, apenas uma divergência entre as fontes utilizadas, já que alguns estudos apresentam a máxima ocorrendo em diferentes datas”.

Além disso, devido ao ano na Terra ter 365 dias e um quarto, há essa compensação de cerca de seis horas de um ano pro outro. “Por isso, na astronomia, nem utilizamos datas como referência para as máximas ou qualquer cálculo em relação à chuva de meteoros”, explica Zurita. “A gente considera outro parâmetro, que é chamado de longitude solar, que vai definir basicamente a posição da Terra em sua órbita – independente de que data seja”. A longitude solar histórica da máxima da Oriônidas para 2025, é equivalente às 09h (horário de Brasília) do dia 21 de outubro, ou seja, a maior incidência de meteoros, em teoria, teria ocorrido na madrugada do dia 21. Para 2026, a mesma longitude equivale às 16h do dia 21, o que leva a máxima para a madrugada do dia 22.
O especialista reforça ainda que, como as trilhas da Oriônidas são mais largas e a distribuição ao longo delas é um pouco mais uniforme, isso faz com que o período da máxima acabe se estendendo um pouco – em vez de algumas horas, um dia específico, acaba sendo um pico mais largo.
“Então, alguns dias antes, alguns dias depois, pode não ter muita variação na taxa de meteoros horária. Ou seja, nos dias 20, 21, 22 e 23, vale tanto a pena ver a Oriônidas quanto no dia da máxima, seja lá qual for o dia dela”, esclarece Zurita.
Em resumo, a notícia é ótima: temos aí mais oportunidades para observar a chuva de meteoros Oriônidas, considerando que há máxima prevista para esta e para a próxima noite!
Leia mais:
- O que a cor dos meteoros diz sobre eles?
- Astronauta registra meteoro explodindo sobre a Terra em uma bola de fogo verde brilhante
- Meteoro bola de fogo cruza o céu colorido pela aurora
Confira imagens compartilhadas na internet capturadas na última madrugada:
Lemmon wasn’t naked eye visible for me in dark skies, but easy to find with some glass. The Milky Way and Orionids outshined the comet for me last night. pic.twitter.com/ubckttYHBd
— Mat-MadeOnEarthFoundInSpace (@MadeOnEarthFou1) October 21, 2025
A pair of Orionids from last night. pic.twitter.com/RgtdCy2B7J
— Alex Masse (@CAlexMasse) October 21, 2025
The peak of the Orionid Meteor Shower was early this morning. Managed to capture 3 faint ones from my backyard. #Orionids #dfwwx #txwx pic.twitter.com/4LqJJ0NYPy
— Matt Lantz (@mattlantz) October 21, 2025
Meteor at dawn.
Taken by Mike Lewinski on October 20, 2025 CO, USA pic.twitter.com/ZirY1RPBl6
— Peter the Great Space Science☀️ (@Space_PHD) October 21, 2025
Como observar a chuva de meteoros
A Oriônidas é uma chuva visível tanto no Hemisfério Norte quanto no Hemisfério Sul, ao longo de toda a noite, até o amanhecer.
O melhor momento para observar é no final da madrugada, quando o radiante está mais alto no céu. Na região de São Paulo, ele chegará a cerca de 50° acima do horizonte leste. Nesse horário, a previsão é que seja possível ver até 11 meteoros por hora no pico da chuva.
Em locais com pouca iluminação e céu limpo, o número de meteoros visíveis pode variar entre 15 e 20 por hora. Já em grandes cidades, a poluição luminosa reduz a contagem para cerca de 5 a 10 meteoros por hora, dependendo da claridade do céu. Mesmo assim, o fenômeno costuma ser perceptível e oferece um belo espetáculo para quem observar com paciência.
Para encontrar meteoros, olhe para o leste, direção em que nasce o Sol e onde está a constelação de Orion. Por volta das 3h, o radiante estará a 30° de altura, subindo até 50° perto das 5h. Nesse ponto, os meteoros são fracos e breves – os mais longos e brilhantes surgem entre 45° e 90° de distância dele.
Não são necessários equipamentos especiais, como binóculos ou lunetas. O ideal é apenas acomodar-se em um local escuro, longe das luzes urbanas, e deixar os olhos se adaptarem à escuridão por cerca de 20 minutos. Aplicativos como Stellarium, Star Walk ou SkyView podem ajudar a localizar Orion. E, ao ver uma “estrela cadente”, não se esqueça de fazer o seu pedido, como manda a tradição. Boa sorte!
O post Perdeu a chuva de meteoros? Espetáculo continua nas próximas noites! apareceu primeiro em Olhar Digital.