A maioria das empresas brasileiras (58,7%) já adotou inteligência artificial, com um terço delas (32%) se considerando preparadas para aproveitar a tecnologia nos próximos dois anos. O número é acima da média global. Os dados fazem parte de uma pesquisa recente realizada pela International Data Corporation (IDC) em parceria com a Intel.
O estudo ainda mostra que a tecnologia já deixou de ser uma promessa. Só entre as empresas da América, 97,6% já registra ganhos concretos com IA, incluindo melhora na produtividade.
Empresas já estão ganhando na adoção da IA
A pesquisa entrevistou mais de 460 empresas na América e apontou que 97,6% delas já registram ganhos concretos com a adoção de inteligência artificial. Com isso, a melhoria média foi de 20% nas atividades de cada setor.
O levantamento também revelou uma mudança na prioridade das companhias em relação à tecnologia. Os principais resultados são voltados para eficiência operacional, produtividade dos funcionários, inovação mais rápida, agilidade nos negócios e satisfação do cliente.
Nesse sentido, houve também uma mudança na tendência em relação ao ano passado. Em 2024, a prioridade era a eficiência e produtividade. Já este ano, a IA deve ser mais voltada para a experiência do cliente.
Maioria das empresas brasileiras já adota IA
No Brasil, 32% das empresas se consideram extremamente preparadas para aproveitar a IA nos próximos dois anos. O número fica acima da média global de 27%, mas ainda é menos de um terço.
Para Fabiano Sabatini, Diretor de Alianças e Especialista de IoT para a Intel na América Latina, apesar do avanço significativo, muitas empresas ainda estão em fase de amadurecimento para usar todo o potencial da tecnologia.
O desafio não está apenas na infraestrutura ou na disponibilidade de dados, mas sobretudo em como integrar a IA de forma estratégica às diferentes áreas do negócio. Quando a tecnologia está alinhada à estratégia corporativa e incorporada à cultura organizacional, deixa de ser apenas um projeto isolado de TI para se tornar um motor de transformação em produtividade, inovação e experiência do cliente. Esse é um movimento gradual, mas que define quais empresas conseguirão traduzir o investimento em resultados sustentáveis.
Fabiano Sabatini, Diretor de Alianças e Especialista de IoT para a Intel na América Latina, ao Olhar Digital
Ele também destacou o papel fundamental da colaboração entre setores privado, público e acadêmico, que pode articular uma agenda de desenvolvimento mais clara, incluindo iniciativas de capacitação, fortalecimento de pesquisas e até a incorporação de talentos.
Mesmo assim, o Brasil está na vanguarda quando o assunto é inteligência artificial. Por aqui, a IA tradicional já é maioria, com 58,7% das empresas adotando a tecnologia. No caso da IA generativa, a adoção chega a 55,3%. Já os agentes de IA (programados para realizar tarefas por conta própria) ainda estão mais tímidos, com apenas 15% das empresas adotando a tecnologia.
Em comparação, a adoção de IA tradicional nos Estados Unidos é de 58,9% e de IA generativa, 58,8% – números bem próximos do Brasil. México e Canadá ficam atrás, mas também com a maioria das empresas adotando ambas.
Ao Olhar Digital, Sabatini reforçou a posição privilegiada das Américas na adoção de IA em relação a outras regiões do mundo. Para ele, esse desempenho é relacionado tanto à disposição das empresas em investir quanto ao ambiente regulatório relativamente favorável, de acordo com a própria percepção dos entrevistados.
Políticas públicas e regulação são vistas de forma positiva
- O levantamento ainda mostrou que políticas públicas e marcos regulatórios voltados para a inteligência artificial são vistos de forma positiva por mais de 70% das empresas, especialmente quando considerados o financiamento de pesquisa e regulamentações de privacidade e segurança (citados por 67,1% dos entrevistados);
- As empresas também citaram programas de educação e treinamento (58,9%) e parcerias público-privadas (43,9%) como elementos que favorecem a adoção da IA;
- Eles reconhecem que alguns desafios (como diretrizes éticas e regulamentações de privacidade de dados) persistem, mas há consenso sobre a necessidade de investimentos contínuos no desenvolvimento de habilidades, infraestrutura e treinamento da força de trabalho.
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Como superar os desafios para adoção de IA?
Sabatini reforçou que, apesar da adoção da IA nas Américas, ainda há desafios importantes para destravar todo o potencial da tecnologia no ambiente de trabalho:
O primeiro é garantir o preparo dos dados: mais de um terço das empresas ainda não realizou inventário de ativos, o que limita a escalabilidade de iniciativas. O segundo é o endereçamento estratégico: a IA precisa estar conectada aos objetivos de cada área de negócio, e não restrita à esfera técnica. E, por fim, a colaboração entre governo, setor privado e academia segue essencial para formar talentos, alinhar estratégias e gerar inovações com impacto econômico e social.
Fabiano Sabatini, Diretor de Alianças e Especialista de IoT para a Intel na América Latina, ao Olhar Digital
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